prova de admissão

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    A viagem é muito quieta, provavelmente todos estão nervosos demais para conversar. Algumas pessoas no ônibus estão comendo salgadinhos, outras estão amolando suas lâminas. Aquela menina baixa está no banco atrás de Luna. Novamente ela consegue atrair a atenção de todos pelo fato de que ela trouxe mini pizzas para comer antes do exame. O cheiro consumiu o ônibus, todos olham para ela com ódio ou fome no olhar.
  A menina que estava ao lado de Luna está lendo um livro. "Manual De Sobrevivência Na Floresta". Era de fato algo útil, então Luna estava lendo de forma que a garota não percebesse.
  Depois desta viagem esquisita, o ônibus finalmente para. O guarda da Exterminus começa a por todos para fora pela ordem alfabética. Quando todos estão fora do ônibus, os guardas os agrupam de frente para o túnel que levaria a floresta. Um guarda repassa as regras e depois de dez segundos os portões do túnel se abrem lentamente. Em um passo de mágica todos correm para dentro na maior velocidade.
  Ainda dentro do túnel, Luna começa a traçar seu plano para sobreviver o pouco tempo que ficaria lá dentro. Seu plano é: Passar o exame totalmente sozinha e matar o maior numero de vampiros possível. Isso fará com que ela ganhe muitos pontos, não o máximo, mas o suficiente para passar.
  Quando eles saem do túnel e começam a adentrar a floresta, algumas pessoas tropeçam e caem com tudo no chão, alguns começam a chorar e entrar em desespero e algumas das pessoas que tropeçaram começam pisoteadas por aqueles que não pararam de correr. Luna consegue sair dessa confusão intacta.
  Ela corre sem parar por 20 minutos, com sua lança na mão e sua mochila batendo nas costas. Quando ela finalmente para de correr, cai ajoelhada na terra. Uma de suas mãos serve de apoio para seu corpo, a outra segura sua testa suada enquanto ela ofega rapidamente. Antes que ela possa parar para descansar, um vampiro se desprende dos arbustos e salta em sua direção.
  Luna rodopia sua lança ao redor de seu corpo, acertando o vampiro e jogando ele longe. Antes que a fera possa se levantar, ela começa a correr na maior velocidade que pode. Novamente é surpreendida por um ataque do mesmo vampiro, que se joga em suas costas. Ela se debate no chão tentando se libertar dele, Luna consegue empurra-lo e cravar a lança em sua barriga.
  Ainda com a lança cravada no estômago, a fera rosna e faz uns barulhos que incomodam Luna de forma extrema.

  —Meu deus! Por que você na cala a boca?— Diz Luna com uma voz chorosa.
  Uma faca é disparada contra a cabeça do vampiro, assim, ela estoura no ar, fazendo com que caia sangue na blusa dela. O responsável pelo arremesso sai do meio das árvores.

  — Esse aí era um irracional!— Diz a menina de cabelos pretos bagunçados enquanto pegava sua faca cravada na cabeça do monstro.
  — Irracional?— Luna levanta uma sombrancelha.
  A menina ajeita seu cabelo indo em direção de Luna.
  — É! Irracional são os vampiros fracotes! Eles eram seres humanos que foram transformados! —
  Os olhos de Luna brilham diante da explicação, ela sequer sabia que existiam vampiros diferentes dos que mataram Karine, muito menos que humanos podiam ser transformardos em vampiros.
  — Como isso acontece?— Luna baixa a lança.— Como pessoas viram vampiros?—
  — Porra, você não sabe? Isso é a única coisa que lembro do curso que a gente tem que fazer pra entrar aqui!— Ela gesticula com as facas na mão.
  — Curso? Tem um curso da Exterminus?—

  — Óbvio! Todo mundo sabe que temos que fazer um curso antes de se alistar! Pra saber pelo menos o básico e, para não morrer de forma imbecil no meio do exame.—  A menina diz ajeitando seu rabo de cavalo.
  Luna puxa um lenço de sua mochila e começa a esfregar na camisa pra tirar o excesso de sangue. Ela diz:
— Ah! quem liga? Dá pra responder minha pergunta?—
  A menina olha com seriedade pra Luna.
— Humanos se transformam em vampiros quando o sangue de um vampiro entra na sua corrente sanguínea.—
  Depois de um grito de horror Luna arranca sua blusa e a joga longe. Seu busto agora coberto apenas por um top esportivo e seus próprios braços.
  — Que merda!—  Ela grita batendo o pé no chão.
  — Você quer um casaco?— A garota pergunta pegando sua mochila.
  — Não precisa! Eu trouxe outra blusa na mochila.— Luna responde  entre gemidos, esfolando sua barriga violentamente com um lenço.
  Após se limpar, ela desdobra uma regata branca e amassada de dentro de sua mochila e a veste rapidamente.
  — Você devia ter mais cuidado! Fica ligada! Até porque — A baixinha foi interrompida por Luna.
  — Tá! Tá Bom! Eu sei! Não tô afim de ouvir palestrinha!— Ela põe a mochila nas costas, pega sua lança e começa a seguir caminho.
  A garota continua falando coisas que Luna nem se dá o trabalho de escutar enquanto a segue.
  — Aliás, qual seu nome?— A garota pergunta parando na frente de Luna.— O meu é Koitso Bagitsuri! É bem esquisito, né? Pode me chamar só de Koi!—
  — O meu é Luna!— Ela ajeita o cabelo.— Pode sair da frente? A gente não pode perder tempo.
  — Eu acho esse nome muito lindo!— Koitso sai da frente rapidamente.

  Alguns vampiros continuam aparecendo no meio do caminho, mas não são nada que Koitso e Luna não consigam derrotar com um golpe. Nesse ritmo, após algumas horas de caminhada elas acabam com pelo menos uns 10 vampiros e já são 21:00 Horas.
  Elas param em uma pequena clareira e Koitso acende uma fogueira com uma facilidade impressionante. Koitso passou o dia com vestimentas largas e duas camisetas, então não estava sentido tanto frio a noite, já Luna tem de pegar um casaco de Koitso para conseguir suportar a noite.
  Pouco tempo depois de jogarem conversa fora(Koitso passar horas falando sobre como Björk é uma grande artista e é mal compreendida pela indústria) o sono começa a se apossar de Luna.
  — Valeu pelo moletom e por ter me ajudado mais cedo, Koitso! Eu preciso dormir agora, você vai também?— Luna fala se levantando, pegando suas bolsas e começando a escalar a árvore.
  Quando  chega em uma altura considerável, ela olha pra baixo e consegue ver Koitso olhando para cima com um sorriso amarelo e olhos de desespero no rosto.
  — Você não vai vir?— Luna grita do alto.
  — Eu acho que prefiro ficar aqui em baixo haha— Koitso responde com um riso forçado.
  — Mas aqui em cima é mais seguro!—
  — Eu tenho como me defender!— Diz Koitso se abaixando e pegando um livro grosso e velho na mochila, ela abre o livro e dedilha rapidamente sobre suas páginas em branco até encontrar uma única página com escrituras. Ela puxa suas facas do bolso e faz um grande esforço pressionando as facas enquanto lê as escrituras. Assim que termina, uma ajra roxa surge em volta das facas que Koitso agora consegue controlar para lá e Lara cá sem nem tocar.
  — Qual é?! Você tinha magia?! Por que não usou isso mais cedo?! — Luna grita.
  — Eh, eu não sei... Mas eu também só sei esse feitiço, é o único que dá para fazer sem ter um fragmento!—
  — Que? Fragmento?— Luna franze a testa.
  — Quando uma turma de soldados termina esse exame, eles podem escolher um fragmento! É tipo um pedrinha com um índice super alto de magia. Quando nós absorvemos ela, ganhamos o poder do elemento que ela representa! Como terra, vento, metal, fogo, ETC.— Koitso fala tudo isso de forma frenética, sem pausa alguma, tendo que dar um enorme suspiro para não morrer asfixiada por si mesma.
  — Uh... Eu realmente devia ter estudado mais sobre a Exterminus, bem, acho que vou escolher o do vento! E você?—
  — Pra falar a verdade eu acho que vou pegar qualquer um! Eu só quero um fragmento pois só dá para fazer feitiços mais fortes se tiver um!—
  — Hum, ok! Vou dormir agora!—
  — Boa noite, Luna! Você foi uma ótima amiga!—
  Koitso se deita no chão e vira para o lado, Luna consegue ouvir roncos poucos segundos depois. Como pode alguém dormir tão rápido assim?
  Luna se endireita entre os galhos e abraça sua mochila, pensamentos e lembranças de Karine inundam sua mente, mas logo ela perde pro cansaço e dorme.

 

Exteminus In Lunária: 1° Livro de uma sagaOnde histórias criam vida. Descubra agora