Ao Seu Dispor, Vossa Alteza | [Michaeng]

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Depois que Rosé fechou a porta eu me aproximei de Mina;

— Você tá bem? Tá doendo muito? — Ela balançou a cabeça negativamente e se levantou

— Tá tudo bem, é só uma ferida que estava fechada e se abriu — Depois de dizer isto, ela sorriu (o sorriso mais forçado que eu já vi na vida) e limpou o sangue com as costas da mão

— Ei, você tem que limpar direito! E se infeccionar? — Perguntei preocupada com ela

— Não vai, e se acontecer... Até que é bom, se isso for uma desculpa pra fugir de Rosé. — Aquilo foi o quê eu mais achei esquisito, por que aquela mulher fez isso com ela?

— Senhorita Myoui, posso lhe perguntar uma coisa? — Ela assentiu — Por que ela fez aquilo com você?

Eu me senti encostando em uma ferida dela.
Assim que eu perguntei ela desviou o olhar de mim e suspirou forte, mas ao mesmo tempo, Mina parecia em dúvida sobre contar ou não.
Respeitando o tempo dela, eu me encostei no criado-mudo e esperei para ver se ela iria me contar ou não.

— Tá bom, eu te contarei então. Mas primeiro vamos ficar em um local mais apropriado. — Ela falou e logo após me colocou na cama de novo.

Me sentei com as pernas cruzadas e a olhei esperando uma resposta, mas ainda nada.
Até que ela começou a falar;

— Você deve saber da morte da minha mãe, certo? — Eu assenti levemente, eu não me lembro muito bem, mas com certeza eu ouvi pessoas falando sobre por aí. — Depois que isso aconteceu, meu pai entrou em algum tipo de depressão ou sei lá, algo parecido, ele estava sempre viajando ou em alguma reunião de diplomatas. Só que um dia, ele chegou em casa com ela, a mulher "perfeita" aos olhos de todo mundo, mas eu sabia que ela era falsa. — Mina parou de falar por um instante, suspirou e continuou.

— Rosé vivia maltratando os funcionários do castelo pelas costas do meu pai, era elitista e racista com todos, mas parecia que ninguém além dos empregados e eu percebia isso.

— Até que um dia, essa maldita descobriu o meu maior segredo, e tudo mudou. — Ela rangia os dentes enquanto falava, era ameaçador até.

— Depois de ter me visto com o segredo, ela nunca mais me deixou em paz, me batia, me xingava e me maltratava, sempre usando meu segredo de refém pra essa situação, e, três meses depois disso tudo, eu perdi a paciência e surtei com ela, estapeei ela — Algumas lágrimas escorriam do rosto dela, como se fossem lembranças dolorosas demais para a Myoui

— No mesmo dia, Rosé me levou para um galpão em algum lugar da cidade, onde a mesma mandou dois homens... — Ela virou a cabeça pro lado, parecia não conseguir continuar.

Eu me aproximei dela e a abracei — Se você não quiser, não precisa continuar, Minari, tá tudo bem. — Não sei daonde eu tirei esse apelido, mas ela se acomodou em mim e eu comecei a acariciar o cabelo dela, sentindo minha blusa molhar com as lágrimas da Myoui.

— Eles me agrediram, me abusaram, fizeram tudo que podiam fazer, e quando eu fiquei inconsciente, meu desejo era morrer assim. — Meu Deus, nunca tive tanta vontade de matar alguém na minha vida.

— Quando eu despertei, estava em um hospital, toda ferrada. Mas o quê me deixou puta de verdade, foi descobrir que a desgraçada falou pro meu pai que o meu segredo tinha feito isso.

— Consegui contar a verdade para ele à tempo, mas infelizmente ele achou que eu estava com raiva da minha "madrasta" e que, apesar de ele acreditar que o segredo não tinha feito isso, ele sabia que a Rosé não faria uma coisa dessas. — Eu a apertei mais nos meus braços, enquanto ela se encaixava perfeitamente em mim.

— E até hoje eu vivo esse inferno porque meu pai não acredita em mim. — Mina falou e se deitou na cama — Vem, eu quero que você durma comigo agora, pode fazer isso?

Assenti positivamente e me deitei ao lado dela, enquanto abri os braços para que ela pudesse se acomodar em mim, o quê aconteceu rapidamente.

— Sabe, Vossa alteza — Falei fazendo carinho nela — Enquanto eu estiver aqui, tenha certeza que ninguém encostará um dedo em você, tá bom?

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