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-Vamos à casa da minha mãe? Já faz muito tempo que você não a vê.
Le'k olhou para o amigo, franziu a testa e respondeu secamente:
-Ela me odeia.
Aonung se agachou ao seu lado enquanto afiava uma faca, e Le'k desviou o olhar para o chão ao ver Aonung tão próximo.
-Ela não te odeia, boba.
Mesmo que Aonung não gostasse da ideia de que sua mãe odiasse Le'k, ele achava que talvez fosse algo mais do que ódio, talvez irritação, mas não ódio.
-Sim, claro, como você diz - respondeu sarcasticamente.
Aonung apertou os lábios, um pouco constrangido com a situação de Le'k vivendo naquela casa, feita sob medida para Sahira.
-Será que a Sahira vai?
Le'k realmente se sentia como a segunda opção, mesmo que fosse o contrário. Sahira nem era a segunda opção para se casar com ele.
-Não sei, não se preocupe com ela, tudo bem? - ele tentou confortá-la antes de sair pela porta.
Será que realmente importou para ele?
Essa era uma das muitas perguntas que ela se fazia. Às vezes, sentia tanta inveja daquela garota, ela era realmente bonita, embora quando a viu pela primeira vez não tenha dado muita importância.
Le'k lembrava desse dia perfeitamente, quando as principais propostas estavam na mesa, e Aonung escolheria com quem se casaria. Ele já teria conhecido todas as garotas.
-A quem você escolheria entre todas essas garotas? Claro, além de mim - Le'k perguntou a Aonung, os dois sentados na beira, olhando o pôr do sol como de costume.
-Escolheria a quieta, acho que se chamava Sara, não era excepcionalmente bonita, mas ouvi dizer que cozinhava muito bem. Não é melhor do que você, não se preocupe com isso.
Não é melhor do que você.
Bem, isso era muito discutível agora.
-O que ela fez no jantar?
Le'k estava curiosa na época, mas rapidamente se esqueceu disso quando lembrou para onde iria em alguns meses.
-Nada, absolutamente nada. Pode acreditar? - Aonung disse surpreso. - Todas falaram, cada uma delas, mas ela em particular não disse nada, apenas "obrigado" e "por favor", era tão estranha.
-Você prefere uma silenciosa em vez de uma tagarela, não é?
-Você é tagarela, prefiro você a ela, boba.
Suas palavras eram diferentes agora, mas ele não admitiria que havia momentos em que sentia falta daquela garota de outra tribo, como todas as vezes em que ele a chamava pelo nome, pelo nome de outra garota.
