Capítulo 6

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Jeon Jungkook

Não consegui parar de pensar se devo ou não deixar o Jimin ficar em casa, não que só eu que tenho que tomar essa decisão, se eu não quiser dividir meu quarto com ninguém, os meninos vão entender, se eu aceitar eles também tem que aceitar ele, apesar que eu sei com toda a certeza que eles deixariam sem pensar duas vezes. Ao mesmo tempo que eu não quero que ele fique, porque se ficar não vou ter mais meu lugar de privacidade, eu também quero que ele fique. Sei que é difícil o que ele esta passando, tenho a oportunidade de dar um lar para ele com um amigo que ele não vê a anos, a única pessoa que ele conhece, em uma casa onde ele pode tentar ser feliz com novos amigos. Eles, não eu.

Sempre gostei de ter minhas coisas e meu lugar, apesar de não ter tido isso na minha infância.

Eu não sei muito sobre meus pais, só que são dois filhos da puta. Enquanto morei com eles tive que aprender a fazer de tudo, aprendi a fazer comida vendo minha vizinha cozinhando quando comi algumas vezes na casa dela depois de brincar com seu filho, depois que entrei na escola aprendi melhor lendo receitas em livros, minhas roupas estavam sempre limpas porque eu aprendi a lavar sozinho.

Morávamos na favela Paraisópolis, agora eu moro bem na saída dela. Quando eu tinha 7 anos sempre via as crianças indo para a escola, tive que implorar para que a mulher que se diz minha mãe, me colocar em alguma escola, no começo ela falou que era besteira, mas aceitou rapinho quando falei que ela podia ganhar dinheiro com isso.

Entrei no primeiro ano com um ano de atraso, sempre fui bem espertinho para minha idade então acabei aprendendo as coisas muito rápido, frequentemente ganhava elogios dos meus professores. Acabei passando do primeiro direto pro terceiro, me adaptei muito bem, peguei as coisas rápidos e fui o melhor da sala. Quase no final do ano, faltando um mês para meu aniversário, tive um problema com meu pais, eles chegaram em casa e eu estava fazendo minha comida, eles ficaram furiosos pela bagunça que havia feito, apesar de que eu limparia depois, como sempre fiz.

Minha mãe ficou furiosa por ter gastado "atoa" as coisas dela para fazer a comida. Acabei apanhando muito pelo simples fato de que estava fazendo algo que eles não fazem por mim. Mais tarde, depois de passar algumas horas no meu quarto chorando, desci para comer, as panelas estavam vazias e os pratos sujos, eles comeram e não deixaram nada para mim.

No dia seguinte na escola os professores estavam me olhando meio esquisito, um ou outro tentou conversar comigo, mas sempre fui calado e na minha. No final da aula a diretora veio falar comigo, acontece que esqueci de esconder meus hematomas no pescoço.

Depois da conversa com ela fui embora e não contei nada para meus pais, até porque eles não conversam comigo, um dos motivos por eu ser mais calado.

No dia seguinte, acordei e fui fazer meu café da manhã, sempre gostei de ver as pessoas cozinhando de avental para não se sujar, eu também queria um igual porque sempre terminava sujo de alguma coisa, não tinha dinheiro para comprar e não podia pedir aos meus pais e então eu fiz um para mim logo no começo quando aprendi e passava raiva tentando tirar as manchas das minhas roupas.

Coloquei o avental e fui fazer meu café da manhã, já estava sozinho em casa, eles costumam sair cedo para trabalhar. Como eles não me acordam para a escola nem nada, pedi para minha vizinha um despertador de aniversário e ela me deu.

Quando eu estava preste a terminar alguém bateu na porta e corri para abrir. Uma mulher morena estava parada na frente de casa com um sorriso no rosto. Ela perguntou se meus pais estavam em casa e eu respondi que não. A deixei entrar quando perguntou se podia, seus olhos percorreu por todo o local vendo o estado da casa, a casa não é tão ruim, ela começou a me fazer algumas perguntas e respondi todas com sinceridade.

Garoto ProblemaOnde histórias criam vida. Descubra agora