Conto 2: Lugar Para Mais Uma

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Para dizer bem a verdade, Stanley não gostava muito do lugar. Alguma coisa na forma como era escondido dos transeuntes o fazia se perguntar que tipo de segredos eram guardados ali. Era mesmo um negócio legítimo ou um havia algo suspeito rolando por debaixo dos panos? Stanley não sabia. Quando foi contratado, seu supervisor disse que ele só precisava saber o essencial para exercer o seu trabalho e, no que dizia respeito aos negócios, Stanley não precisava saber de nada. Depois de um ano e meio no trabalho, a única coisa que Stanley sabia com certeza era que seus pagamentos sempre caíam na conta.

Para chegar ao trabalho, ele tinha que percorrer um depósito cheio de pilhas altas de madeira serrada, blocos de concreto e vigas de aço. Escondida em meio a todos os materiais de construção,
havia uma escada que levava ao subsolo. Uma única lâmpada de baixa voltagem iluminava os degraus escuros o suficiente para que conseguisse descer em segurança. Ao final da escada, tinha que passar pela mesma lixeira fedorenta de resíduos biodegradáveis pela qual passava todas as
noites. Tinha sempre exatamente a mesma mistura de odores fétidos — algo químico, algo que mais parecia comida podre e o mais perturbador de tudo, algo que imaginava ser o cheiro de carne em
decomposição. O fedor dava o tom para a noite que Stanley estava prestes a ter.

Assim como a lixeira de resíduos biodegradáveis, o trabalho de Stanley era nojento.

Ele escaneou seu cartão de identificação e a grande porta de metal se abriu em meio a um gemido que sempre parecia expressar como Stanley se sentia em relação ao turno que se iniciava. Às vezes, gemia junto com a porta.

O complexo era escuro e não tinha ventilação adequada. Devido à localização subterrânea, sempre tinha um nível de umidade no ar que fazia Stanley se sentir viscoso. Em tese, a instalação era uma fábrica, mas, mesmo por dentro, não fornecia nenhuma pista sobre que tipo de trabalho era feito ali. O edifício era um amontoado de corredores escuros parcamente iluminados por lâmpadas
verdes enjoativas. Mais acima, uma série de tubos negros passavam por cima uns dos outros. Em meio aos corredores, havia gigantescas portas de metal trancadas. Stanley não fazia a menor ideia do que acontecia atrás delas.

Se o lugar era uma fábrica, fazia sentido que houvesse pessoas nas instalações fabricando alguma coisa. Às vezes, Stanley ouvia as batidas e roncos de algum tipo de maquinaria atrás das grandes portas trancadas. Imaginou que devia ter outros funcionários no local, pessoas operando a
maquinaria, mas, ao longo de todo o tempo que passou no trabalho, ainda não tinha sequer avistado outro ser humano.

Era estranho ser um vigia e não saber o que de fato estava vigiando.

Stanley passou por um dos corredores, ouvindo os chiados e ruídos que vinham de trás de uma das portas de metal e então escaneou seu cartão de identificação para entrar na sala de monitoramento. Ele se sentou em sua mesa, de onde podia ver todas as entradas e saídas do edifício
nos monitores de alta tecnologia do complexo.

                                    🐻

Stanley havia sido contratado para trabalhar naquele complexo há um ano e meio. Durante a entrevista para o emprego, ficara óbvio que o trabalho era diferente de qualquer outra posição de
vigia que já havia ocupado antes. O supervisor que o contratou era um sujeito esquisito, baixo e careca, que usava um terno grande demais para sua estrutura e que parecia ter um tique nervoso, com uma grande dificuldade de olhar nos olhos de Stanley.

— Não é um trabalho difícil — dissera o sujeito.

— Você fica sentado na sala de
monitoramento, vigia as saídas do prédio nos monitores e se certifica de que nada vá sair.

— Que nada vá sair? — perguntou Stanley, na ocasião.

— Em outros trabalhos, eu sempre
vigiei para garantir que ninguém entrasse.

Fazbear Frights (3) 1:35 AM - Traduzido PTOnde histórias criam vida. Descubra agora