[02] D'aimsigh Apollo arís sinn...

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[02] Apolo nos encontrou novamente...

⚠️Essa história contém cenas pesadas, e não é aconselhada para menores de 18 anos ou para aqueles que são sensíveis aos gatilhos citados. ⚠️

“Porque eu estava cheia de veneno
Mas abençoada com beleza e fúria
...
Ele me bateu e isso pareceu como um beijo
...
Eu poderia ter morrido ali mesmo
Porque ele estava bem ao meu lado”
Ultraviolence — Lana Del Rey

🕷☠👻

Se aprofundando na névoa obscura fornecida pelo mundo dos sonhos no qual foi colocado sem sua permissão, Melinoe sente seu corpo flutuar como uma pena, se locomovendo no vazio onde sua pele a cada movimento se torna semelhante as plumas de um pássaro caindo sobre a água. Ele se sentia como um humano vagando por um lugar no qual desconhece, tão frágil e sensível quanto ao caminhar na ignorância sem ter consciência do que aconteceria; e isso o deixa extremamente incomodado.

Melinoe detesta se sentir fraco e sem poder algum perante um lugar que jamais deveria estar.

Caminhando pela escuridão, ele passa a se perguntar do acontecimento que o levou a embarcar neste reinado da serafim dos sonhos, sendo que um vampiro jamais precisou dormir em toda sua imortalidade, desde os primeiros milênios onde sua vida foi gerada no mundo imbuído em pura magia.

Sua mente vagava em busca daquelas lembranças, e tudo o que encontrava a respeito era alguns flashes vindo à tona junto com uma dor que pairou por sua cabeça. Sangue escorrendo por seus pés; os ossos conjurados pela magia que naquele instante faiscava por suas digitais como um sinal de que fora usada a pouco tempo; uma lâmina lhe atravessando como se sua pele fosse apenas um papel delicado onde sob qualquer toque se desmancharia por inteiro.

"O que aconteceu no dia anterior?" — indagou em seus pensamentos que ecoaram por toda extensão da escuridão como se estivesse dito em alto e bom som. — "O que me deixa preso nesse mundo sem que eu consiga sair?"

"Veneno" — Respondeu a própria voz o forçando a se mover à procura do lugar em que ela era conjurada.

"Veneno?" — perguntou ao nada, avistando a bruma se mexer, e correr como um cavalo disparado após um tiro ser lançado aos quatro ventos.

Seu corpo se move levemente a passos tão serenos quanto um fantasma a vagar pela terra, atravessando o véu que se formava com a névoa, espalmando aquela sensação inebriante que infiltra por suas narinas o deixando entorpecido e pronto para cair com a guarda abaixada, permitindo que seu corpo se mantenha tão fraco quanto uma delicada flor.

Melinoe estremece ao ter um frio percorrendo todo o torso desnudo, jogando seus cabelos colados em seu rosto sujo do dia anterior para trás com o deslizar de seus dedos longos e grossos, os desprendendo e permitindo que sua testa se mostrasse.

"Dia anterior...?" — sussurrou a procura do seu outro eu em meio aquela escuridão, ao mesmo tempo que forçava sua mente a se lembrar dos detalhes.

E assim, Melinoe se lembra de sua última diversão que resultou no seu envenenamento, presenciando suas lembranças a princípio se mostrarem embaçadas, como se estivesse entorpecido por cada droga que os humanos ingeriram no dia anterior.

"Eu me diverti... Eu me diverti muito... Até o momento em que... Fui perfurado. Quem era ele... E como ele conseguiu se esquivar de meus sentidos?" — a pergunta continuava a bater em seus pensamentos como uma marreta moldando uma lâmina por cima da bigorna, trazendo a cada colidir uma fincada em seu cérebro que o fazia grunhir de dor.

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