Capítulo 17: O Convento

5 1 8
                                    

A carruagem parou diante dos imponentes portões de ferro forjado que guardavam o caminho para o convento. O Convento de São Miguel, um edifício de pedra cinza que se erguia majestosamente contra o céu, emanava uma aura de solenidade e resignação.

Charlotte desceu da carruagem com uma mistura de tristeza e determinação. Seus passos ecoaram pelo pátio de pedra enquanto ela se aproximava da entrada. As paredes de pedra cinza pareciam fechar-se em torno dela, como se abraçassem os segredos e as preces daquelas que ali buscavam refúgio espiritual.

Ao adentrar o convento, Charlotte foi recebida pela figura austera da Madre Superiora. Vestida em um hábito negro, seu rosto era um mapa de seriedade e autoridade. Seus olhos, penetrantes como o aço, observaram Charlotte com uma intensidade que parecia desvendar segredos ocultos.

— Bem-vinda, Lady Charlotte Whitman. - A voz da Madre Superiora era firme e melódica, ecoando nos corredores de pedra. - Que a paz do Senhor esteja contigo.

Charlotte fez uma reverência respeitosa, seu coração pesado sob o olhar perscrutador da Madre Superiora.

— Agradeço a vossa hospitalidade, Madre. - Sua voz era suave, mas carregada de tristeza contida.

A Madre Superiora conduziu Charlotte pelos corredores silenciosos do convento, onde o eco de passos solenes se misturava ao suave murmúrio de orações. Cada cela era um pequeno refúgio, marcado pela simplicidade e a austeridade, um lembrete constante da renúncia e da devoção.

Charlotte foi conduzida até um dos quartos onde a Madre Superiora anunciou sua futura companheira de quarto com um gesto solene. A jovem com quem Charlotte dividiria aquele espaço austero era uma noviça chamada Emily.

Emily era uma figura frágil e quieta, com olhos castanhos expressivos que revelavam uma mistura de curiosidade e resignação. Seu hábito era simples e modesto, assim como o de Charlotte, e ela parecia acolher a nova companheira com uma gentileza silenciosa.

— Emily, esta é Lady Charlotte Whitman, que se unirá a nós neste convento. - A Madre Superiora anunciou a chegada de Charlotte.

Emily fez uma leve reverência, seus lábios se curvaram em um sorriso tímido.

— É um prazer conhecê-la, Lady Charlotte. - Sua voz era suave e serena.

Charlotte retribuiu o gesto com um sorriso caloroso, apreciando a recepção amigável de sua nova companheira de quarto.

Os corredores de pedra do Convento de São Miguel se estendiam diante de Charlotte, testemunhas silenciosas de sua jornada de devoção e resignação. Cada passo reverberava no silêncio sagrado, ecoando as promessas que ela havia feito a si mesma e ao Deus que agora buscava encontrar em cada oração.

Ao entrar na pequena capela, Charlotte sentiu uma onda de serenidade a envolver. A luz filtrada pelas vitrais coloridos pintava padrões de cores e sombras no chão de pedra, criando um ambiente de paz e contemplação. Ali, a jovem se ajoelhou diante do altar, suas mãos entrelaçadas segurando o terço com devoção. As palavras das Ave-Marias fluíam de seus lábios em um ritmo tranquilo e cadenciado, como um murmúrio suave de preces que buscavam conforto e guia.

Nos momentos de pausa entre suas orações, Charlotte se perdia nos versículos das Escrituras, buscando nas palavras sagradas uma resposta para as dúvidas que a assombravam. Cada passagem era uma fonte de consolo e reflexão, uma âncora para sua alma em meio à tempestade de emoções que a consumia.

Mesmo imersa na vida de devoção e recolhimento do convento, o coração de Charlotte ainda guardava a chama ardente do amor que nutria por Alexander. Cada Ave-Maria, cada prece, era entoada não apenas em busca de consolo espiritual, mas também como uma súplica silenciosa pela felicidade e bem-estar do homem que continuava a habitar seus pensamentos.

O Baile das MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora