Capítulo 12: Reflexos no Espelho

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Enquanto a discussão fervilhava em outro cômodo da mansão, Charlotte se encontrava sozinha em seu quarto, diante do imponente espelho de moldura dourada. A luz suave das velas dançava sobre seus traços, criando uma atmosfera etérea.

Seus olhos se encontraram com os próprios no espelho, revelando uma mistura complexa de emoções. Ela era uma jovem de beleza clássica do século XIX, com cabelos castanho-escuros que caíam em cachos suaves sobre seus ombros. Seus olhos, da cor do oceano em uma manhã serena, eram janelas para uma alma repleta de sonhos e desejos. Sua pele era pálida como porcelana, uma tela perfeita para os matizes de suas emoções.

No entanto, naquele momento, o reflexo no espelho parecia capturar mais do que apenas sua aparência física. Era como se os olhos de Charlotte também revelassem a inquietação que a consumia por dentro. Ela sentia o peso das expectativas de sua família, o anseio por um amor que desafiasse as barreiras impostas pela sociedade.

Enquanto ela contemplava sua própria imagem, as vozes abafadas da discussão chegavam até ela, lembrando-a do destino que estava sendo traçado por outros. Sua família discutia sobre a possibilidade de um casamento, de encontrar um marido que pudesse assegurar o futuro dos Whitman.

No entanto, Charlotte sabia que seu coração já pertencia a outro. A lembrança dos momentos preciosos compartilhados com Alexander a aquecia por dentro, e ela não podia ignorar a força do amor que os unia.

Ela suspirou, desviando o olhar do espelho e enfrentando a incerteza que se estendia diante dela. O futuro parecia envolto em nevoeiro, cheio de desafios e escolhas difíceis. Mas Charlotte estava determinada a seguir seu próprio coração, a trilhar um caminho que a levasse até o homem que amava, independentemente das expectativas que pesavam sobre ela.

Com a determinação ardendo em seu peito, Charlotte deixou o quarto e seguiu o som da discussão até o salão principal. As vozes dos Whitman ecoavam pelas paredes, misturando-se em um turbilhão de palavras e emoções.

Ao entrar no salão, os olhares se voltaram para ela. Seu pai, com uma expressão séria, interrompeu a discussão ao vê-la. Sua mãe, uma figura de elegância impecável, exibiu uma mistura de surpresa e preocupação em seu rosto.

— Charlotte, o que faz aqui? — inquiriu o pai, sua voz firme.

Charlotte enfrentou-os com coragem, os olhos refletindo a determinação que pulsava em seu íntimo. 

— Preciso falar com vocês. Agora.

Seus pais trocaram olhares preocupados, cientes de que algo importante estava prestes a ser revelado. Eles a acompanharam até um canto mais afastado do salão, onde poderiam falar em privacidade.

— O que aconteceu, minha querida? — perguntou a mãe, os olhos cheios de apreensão.

Charlotte respirou fundo, reunindo toda a sua coragem. 

— Eu não posso continuar nesse caminho que vocês traçaram para mim. Não posso me casar com alguém que não amo, apenas por dever e convenção.

Seu pai a encarou, as sobrancelhas franzidas em preocupação. 

— Charlotte, entenda que estamos fazendo isso pelo bem da família. É nosso dever assegurar o futuro dos Whitman.

A jovem balançou a cabeça com determinação. 

— Eu entendo a importância da família, mas também acredito que mereço ser feliz. Mereço ter a chance de seguir meu próprio coração.

Sua mãe olhou para ela com uma mistura de compreensão e pesar. 

— Charlotte, meu amor, o mundo em que vivemos é regido por regras e expectativas. Às vezes, devemos fazer sacrifícios pelo bem de todos.

Charlotte olhou nos olhos dos pais, sua voz firme e inabalável. 

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