Capítulo 18

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MICHAEL

Se eu encontrasse com o Michael de mais ou menos um ano atrás e contasse a ele tudo que aconteceu na nossa vida desde que descobrimos a doença, ele com certeza não acreditaria.

Porque, como um cara que estava revoltado com tudo e inconformado por ter perdido tudo que deu duro pra conquistar, iria acreditar que o pior momento da sua vida lhe trouxe dois melhores amigos incríveis e que ele não só tinha saído dessa como também se apaixonou depois de dizer a si mesmo que nunca mais faria isso?

Tá, pode parecer um pouco precipitado e meu medo ao me envolver com qualquer pessoa que fosse era exatamente esse: acabar me apaixonando. Mas, cá entre nós, como não se apaixonar pela Anna? Inteligente, gentil, atenciosa e bonita pra cacete. Já repeti isso inúmeras vezes e vou continuar repetindo porque é a verdade. Quanto mais eu convivo e converso com ela, mais encantando e, me arrisco a dizer, apaixonado, eu fico.

O que eu sinto por ela é diferente do que eu já senti por qualquer outra garota na vida. O mais perto que eu cheguei de achar que estava apaixonado foi quando estava com a Brittany, mas então percebi que era algo mais carnal, apenas desejo e só, porque não tínhamos a conexão que eu tenho com a Anna, nem de longe. Com ela, eu me sinto feliz, completo, como se tivesse procurado por algo por muito tempo e agora eu finalmente encontrei.

Eu estou finalmente feliz e satisfeito com a vida que tenho agora, com todos os desafios e percalços, hoje entendo que tudo que passei foi necessário para eu crescer e me tornar quem eu sou hoje.

- Bom dia, Mike!- Tyler diz assim que eu saio de casa. O vejo parado encostado ao seu carro e Isaac ao seu lado.

- Bom dia, por que estão do lado de fora?- questiono, já que sempre que eu saía de casa, os dois estavam dentro do carro só me esperando pra dar a partida.

- Ora, hoje quem vai dirigir é você!- Tyler anuncia e joga as chaves pra mim, que arregalo os olhos.

- O que? Ficou maluco? Eu não tô pronto pra dirigir na rua não! Mal comecei na autoescola...

E era verdade. Eu tinha começado a frequentar as aulas há umas duas semanas, todos os dias. Ainda nem fiz a prova teórica e ele já quer botar um carro na minha mão?

- Meu amigo, a autoescola não vai te preparar pra dirigir na rua! Se preparasse, acha mesmo que esse povo que tem carteira seria multado? O que te prepara pra dirigir na rua é dirigir na rua!- Tyler diz com tanta convicção como se dissesse que hoje vai fazer calor.- Além do mais, o vou estar do seu lado qualquer coisa, você confia em mim né?

Olho pra ele com uma cara de quer mesmo que eu responda?

- Ah, Mike, pelo amor de Deus, para de ser medroso. Quase não tem trânsito a essa hora e é só você ir dirigindo devagar. Não vai acontecer nada demais. – Isaac, como o diabinho que era, dá sua humilde opinião.

- Tá, tá legal!- digo andando até o lado do motorista e abrindo a porta, sentando em frente ao volante. Coloco o cinto de segurança e ajusto o banco. Não era tão difícil, ainda mais porque o carro era automático. Já dirigi o do meu pai, que era de marcha, mas sabia que nesse aqui só tinha o acelerador e o freio, sem embreagem, o que era uma coisa boa.

- Ok, Mike. O carro é adaptado, mas dá pra dirigir tranquilamente sem usar a adaptação. A primeira coisa, obviamente, é ligar o carro e pisar no freio – Tyler diz e giro a chave, pisando no freio– Isso. Agora eu vou tirar o freio de mão e você vai passar a marcha do P pro D e continuar pisando no freio.- fala e puxa a alavanca do freio de mão, comigo segurando o freio e, em seguida, colocando a marcha no D- Tá, agora você vai tirar o pé do freio bem devagar e pisar no acelerador, mas não...- diz e faço o que ele diz, mas acabo pisando com força demais no pedal. O carro arranca de vez. – Aperta menos no acelerador!

Meu coração é seu| Trilogia Curados- livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora