Capítulo 15

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MICHAEL

O beijo começou lento, calmo e terno. Estávamos nos descobrindo, explorando...Dando tempo um ao outro pra repensar aquela atitude antes de seguir em frente. Mas Anna não recuou. Eu não parei.

Puxei sua cintura mais para perto de mim, de encontro ao meu peito com uma mão e com a outra aproximei mais seu rosto do meu, sentindo o gosto dos seus lábios. A essa hora, todo o batom que ela usava já deveria estar espalhado pelas nossas bocas, mas nem nos importamos. Só o que importava era aquele beijo e aquela sensação nova que descobríamos nos braços um do outro.

Nossas línguas se encontraram ao mesmo tempo, numa dança gostosa enquanto todo o meu corpo reage em resposta. Era uma sensação única que, eu sabia, nunca senti antes. Me pergunto como passei tanto tempo sem isso, e por que não fiz antes. Como vivi dezoito anos sem sentir os lábios de Anna Martin nos meus?

Ela coloca sua mão no meu rosto, e penso que ela me puxaria mais pra perto, mas tudo que ela faz é empurrar meu queixo com delicadeza e nos afastar, fazendo-me soltá-la. Quando olha pra mim, a confusão e...um traço de arrependimento perpassam seus olhos. Como eu imaginei, seu batom vermelho tinha borrado e agora só restava uma mancha vermelha onde ele deveria estar. Eu não estava diferente, imagino.

- Anna...- tento me aproximar dela de novo, mas ela recua, levando uma mão à boca.

- Ah, meu Deus o que...o que foi que rolou aqui? Me desculpa, Michael. Eu...eu não sei o que deu em mim...

- Anna, quem te beijou fui eu!- falo pra ela. Se houve erro ali, não foi apenas dela.

- Mas eu não recuei.- ela retruca- E eu...

- Você...?- pergunto tentando fazê-la completar o que diria. – Devia ter recuado? Porque não queria me beijar...

- Foi um erro, Michael. Não deveria ter acontecido.- diz e seus olhos se enchem- Não podíamos ter nos beijado! – exclama e tento me aproximar, mas ela recua. – me deixa sozinha. Eu preciso ficar sozinha.

E me dá as costas, correndo pra longe de mim. Não estávamos exatamente à vista de todos, pois ninguém nem ligava para quem estava ou não se beijando naquela festa. Todos estavam fazendo a mesma coisa. Respiro fundo, tentando controlar meu fôlego e o meu coração, que batia descompassado no peito. Sorrio ao lembrar disso. Meu coração batia. Eu estou vivo. Estou sentindo tudo. Até mesmo o desassossego no qual a ruiva me deixou.

Porque, diferente do que ela disse, aquilo não foi um erro. Não pra mim. Me arrisco a dizer, aliás, que beijá-la foi a coisa mais certa que eu já fiz com alguém. Como poderia não fazê-lo depois do seu toque, das suas palavras, do seu cheiro...Este que por sinal parece estar impregnando em cada parte minha e traz lembranças do que acabou de acontecer sempre que eu respiro.

- Parabéns, Michael. Parabéns. – falo comigo mesmo – Você conseguiu afastar a única garota da qual já quis realmente ficar perto na vida, Parabéns. Agora ela nunca mais vai querer nem olhar na sua cara.

Respiro fundo outra vez e o maldito cheiro adentra minhas narinas.

Lavar o rosto. Eu preciso lavar o rosto. E depois, procurar meus amigos. Não vou conseguir passar por isso sozinho.

Entro na casa de novo e procuro por um banheiro ou lavabo que eu pudesse usar. E a casa do tio de Lawrence era imensa, então não demoro a achar um lavabo por ali. Fecho a porta e ando até a pia, me olhando no espelho. Como eu imaginei ao ver Anna após o nosso beijo, eu não estava tão diferente. Meu rosto um pouco vermelho por causa do batom dela. Abro a torneira e molho minhas mãos, passando-as pelo meu rosto e pescoço, tentando me acalmar.

Meu coração é seu| Trilogia Curados- livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora