Meu coração é seu| Trilogia Curados- livro 1

Capítulo 7

MICHAEL

Por incrível que pareça, hoje eu acordei animado. Nunca parei pra pensar, de fato, como seria voltar pra escola depois de tudo que aconteceu. Se ainda lembrariam de mim pelo que fui ou se sabiam o porquê de me afastar e praticamente sumir dali por um ano inteiro. Na verdade, eu não acreditava que fosse voltar à GG, vivo e bem outra vez, parecia surreal pensar nisso. Ainda parece.

Mas aqui estou eu, ansioso pelo primeiro dia de aula como uma criança começando a vida escolar. De certa forma, isso é um recomeço. Todos os colegas que eu conhecia já se formaram ano passado, o que significava que as únicas pessoas que eu sabia que estudariam comigo seriam Tyler e Isaac, que conseguiu convencer os pais a colocarem-no na Green Garden, para a nossa felicidade.

Por outro lado, não conhecer quase ninguém nessa nova fase era bom porque, assim, não teriam tantas expectativas em cima de mim e eu poderia recomeçar minha vida e voltar ao time sem o rótulo de "Grande Michael Mower." O único que me conhecia, e que sei que me daria a maior força era o treinador Clark, que se tornou um segundo pai e amigo, pois ia me visitar no hospital sempre que podia. Atos e pessoas assim a gente não esquece facilmente. Além disso, saberia muito bem escolher minhas amizades ,afinal, aprendi muito bem a lição a respeito de lidar com gente interesseira. Não vou cometer o mesmo erro duas vezes.

Me espreguiço e desligo o despertador, que tocou pouco depois que eu acordei. Aproveito pra ler as mensagens e vejo que Isaac e Tyler estavam tão animados e ansiosos quanto eu estava por aquele novo ano. Sorrio ao responder o bom dia deles e me levanto da cama, tratando de tomar banho, escovar os dentes e colocar uma roupa apresentável antes de descer as escadas em direção à sala de jantar, onde meus pais já estavam sentados tomando café e conversando.

- Bom dia, querido!- minha mãe diz assim que a cumprimento com um beijo na bochecha, assim como faço todas as manhãs desde que vim do hospital pra casa- Chegou na hora certa. Acabamos de nos servir.

Havia prometido a mim mesmo que, se sobrevivesse, passaria a aproveitar cada instante de tempo com meus pais que pudesse ter então, todos os dias, na hora do café ou na hora do jantar, tiramos um tempo para conversar sobre nossas vidas. Dessa forma, eu conhecia mais deles e eles, um pouco mais de mim e, de quebra, aproveitamos momentos em família, algo que era raro antes de eu adoecer, pois quando eu não estava na escola, estava em algum treino e eles viviam trabalhando. mas que hoje se tornaram comuns Eu estou mais próximo que nunca dos meus pais e passando mais tempo com eles. E é claro que os dois adoram isso.

- E aí, filhão? Animado pro seu primeiro dia de aula com um coração novo?- meu pai pergunta tocando meu ombro assim que me sento.

- Demais! Nunca imaginei que fosse...estar ansioso pra escola, mas eu tô. Quero saber como vai ser a partir de agora, se ficaram sabendo tudo que me aconteceu e, acima de tudo, quero voltar a jogar!- digo confiante, mas percebo meus pais se olharem- O que foi?

- Filho, queremos que entenda que nós sempre vamos te apoiar em tudo, mas não seria o caso de ir com um pouco mais de calma com relação aos jogos?- minha mãe pergunta.- Você ainda está em recuperação, tomando alguns medicamentos. Não seria perigoso?

- A ideia do transplante não era justamente eu ter uma vida normal? Eu amo jogar, vocês sabem disso. Quero voltar a fazer isso o quanto antes...Prometo que vou tomar cuidado e não me esforçar ou me sobrecarregar demais. Mas se o treinador autorizar, eu volto a jogar hoje mesmo! Tenho que manter as bolsas que ganhei.

- Se você prometer mesmo que vai tomar cuidado, tá tudo bem!- meu pai diz e minha mãe concorda.

Voltamos a conversar sobre o trabalho dos meus pais e sobre meu pai estar procurando emprego. Ele tem uma entrevista hoje e está absolutamente confiante de que vai passar. Termino meu café e saio de casa com a minha mãe, que me deixaria no colégio. Ao entrar no carro, pego o celular e leio as mensagens. Isaac e Tyler já tinham chegado e disseram que iam me esperar no auditório, onde teria o acolhimento dos alunos.