Prometida ao Senhor das Trevas

Capítulo 10

À medida que os dias passavam, eu me encontrava em um dilema interno cada vez maior. Moros estava dando aulas sobre política, e eu, a cada investida dele, recuava. Eu não sabia como lidar com a situação, então, durante as aulas, mantinha o foco apenas no tema em discussão. Não conversava mais com Moros além do necessário para os estudos, evitando qualquer conversa mais pessoal.

Moros estava discutindo as alianças entre os reinos vizinhos e as estratégias diplomáticas necessárias. Eu estava sentada à minha mesa, tentando concentrar-me nas palavras dele e fazer anotações em meu caderno. 

De repente, Moros interrompeu sua palestra e fixou seus olhos em mim. Ele inclinou-se para frente, apoiando as mãos na minha mesa, inclinando seu corpo na minha direção. Seu olhar penetrante capturou o meu, e eu me senti instantaneamente desconfortável.

-Elisya- ele disse, sua voz suave como seda, -Você parece distraída. Algum problema?- Seu sorriso malicioso apareceu, e ele sabia muito bem que eu estava evitando contato visual.

Eu engoli em seco e lutei para manter a calma.

 -N-Não, não há problema.- respondi rapidamente, desviando o olhar para meu caderno.

Moros se aproximou ainda mais, suas mãos agora apoiadas na parte de trás da minha cadeira.

 -É bom ver que você está se esforçando- ele disse suavemente, inclinando-se ainda mais perto de mim. -Mas a política é como um jogo de xadrez, você precisa pensar em movimentos futuros, estratégias, e...- Ele fez uma pausa, e sua voz diminuiu de volume. -Táticas de sobrevivência.

Sua proximidade era avassaladora, e eu sentia meu coração bater mais rápido. Moros estava me provocando deliberadamente, e eu não sabia como reagir. Eu me senti como se estivesse encurralada, sem saber como escapar dessa situação constrangedora.

Moros manteve seu olhar fixo em mim por longos segundos que pareceram uma eternidade. Sua expressão era indecifrável, e eu não conseguia discernir se ele estava apenas me provocando ou se havia algo mais em seu olhar.

Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, Moros recuou, afastando-se da minha mesa. Ele esboçou um sorriso sutil, como se estivesse satisfeito com minha reação.

-De qualquer forma- ele continuou, voltando sua atenção para a palestra, -A diplomacia é uma ferramenta poderosa, e você precisa aprender a usá-la com maestria. Os reinos vizinhos têm seus próprios interesses e agendas, e é crucial que você saiba como negociar com eles para proteger seu reino.

Aos poucos, a atmosfera da sala ter começou a se dissipar. Moros voltou a abordar o tema da aula, explicando os intricados detalhes das alianças e inimizades entre os reinos. Eu respirei aliviada por ele ter retomado o foco na aula.

-Vamos supor que um reino vizinho esteja pressionando seu reino por recursos valiosos-, começou Moros, com um olhar penetrante. -Você, como soberana, precisa decidir se deve ceder a essas pressões ou resistir. Qual seria sua abordagem, considerando os interesses de longo prazo do seu reino?

Eu me senti subitamente desafiada pela pergunta, mas mantive a calma. Afinal, eu estava ali para aprender e mostrar que estava comprometida em me tornar uma governante competente. Refleti por um momento, pesando as implicações de cada opção.

-Acho que, em primeiro lugar, seria importante avaliar a situação com cautela. Eu consideraria os recursos que estamos sendo pressionados a ceder e o impacto que isso teria na economia e no bem-estar do meu reino. Além disso, eu tentaria estabelecer um diálogo diplomático com o reino vizinho para entender suas necessidades e preocupações. Em última análise, minha decisão seria baseada no que for melhor para meu reino a longo prazo, mantendo uma postura de proteção de nossos interesses, mas também buscando soluções que possam beneficiar ambas as partes.- Com uma voz firme e confiante, respondi.