Capítulo 4

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AIDAN CONNOR 

(Primeiro dia do ensino médio)

— ACORDA — desnorteado viro a cabeça para o lado quando sinto um tapa na perna e ouço um suspiro — Larga de ser preguiçoso e abre os olhos — outro tapa.

— Sai daqui Edgar.

Meu resmungo sai mais abafado do que eu imaginava porque Edgar puxa o cobertor de cima de mim e me empurra até que eu esteja no chão com a testa dolorida. Me levanto abruptamente apontando em sua direção e ele ri antes de sair correndo do meu quarto.

— Não adianta correr seu babaca de merda — grito e então me arrependo quando escuto os protestos da mamãe vindo da cozinha. Pulo os últimos degraus tentando puxar Edgar pelo capuz, mas ele é mais rápido e se joga na direção contrária quase atingindo o papai no caminho.

— Meninos, já chega — ele empurra nossos ombros até que estejamos devidamente sentados um em frente ao outro e eu lanço um aviso a Edgar que sorri me ignorando.

— Ansioso para o primeiro dia do ensino médio maninho?

— Não.

Minha mãe se vira com um olho em mim enquanto assa o bacon e eu finjo estar muito concentrado em colocar o café na xícara para reparar. Eu com certeza não queria ter aquela conversa agora.

Cedo demais. Literalmente.

— Me sinto tão bem hoje — Edgar continua e eu faço uma careta — Posso voltar para a cama e dormir, ou posso apenas ficar de bobeira o restante do dia.

— Porque não tentou ajudar a humanidade e continuou dormindo? Tipo, para sempre.

— Aidan!

— Só perguntando — resmungo e minha mãe suspira. É, eu também estava cansado de ser parente de Edgar, mãe. Passo manteiga na torrada sentindo mais sono do que fome e sorrio um pouco quando o papai resmunga algo sobre os impostos estarem altos.

Ele sempre fazia isso. Evitava brigas e discussões que por algum motivo ficavam acaloradas demais. Ele era o mediador da família Connor, enquanto a mamãe era, na maioria das vezes, aquela que preferia que explodíssemos de uma vez e colocasse tudo na mesa. Eu gostava da abordagem dela, era muito mais simples.

— Não está com vergonha porque serei sua professora, está? — ela pergunta nos servindo antes de sentar perto do papai. Dou de ombros mastigando.

— Não me importo.

— Mas seja boazinha com ele mãe, ele não é tão inteligente como eu.

— Desculpe, quem tirou zero em matemática no penúltimo ano mesmo? — pergunto e papai ri antes de fingir tossir. Edgar o olha como se ele tivesse cometido um ato de traição e foca na mamãe que sorri enquanto balança a cabeça.

— Será que eles se esqueceram que eu passei na faculdade?

— Não me esqueci — papai responde passando a mão nos cabelos curtos quase rente à cabeça enquanto finge ler o jornal. Eu acho que ele odiava ler o jornal, mas recorria a ele quando não queria fazer parte das brigas — Estou muito orgulhoso.

Edgar e eu trocamos um olhar e em seguida começamos a rir fazendo o papai parar de ler e colocar o jornal de lado.

— O que foi agora?

"Estou muito orgulhoso?" — imitamos e ele franze os olhos — Pai isso é uma frase totalmente ensaiada.

— E daí?

Meu irmão mais velho finge colocando a mão no peito e a mamãe ri se inclinando.

— Doeu pai, bem aqui — ele bate no peito três vezes para afirmar e o papai revira os olhos sobre as lentes dos óculos. Me levanto carregando o prato agora limpo e coloco na pia lavando rapidamente antes de subir as escadas.

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