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Capítulo 8

TESSA EVANS

A EDITORA CHEFE estava me encarando fazia dez minutos pela tela do notebook e tudo bem que eu não estava relativamente vestida para uma reunião, mas não era mal educado ficar encarando quem já estava na merda?

— Seu último livro ainda continua ficando entre os dez mais vendidos — ela comenta afastando uma mecha do seu cabelo quase branco para trás da orelha — E o lançamento foi a um ano e meio. Isso se chama sucesso Evans.

Fico em silêncio. Porque, sinceramente, não sei o que dizer.

— E então? Vai me deixar no suspense?

— Liliane...

— Você pediu mais três meses Evans, três meses para entregar o livro — ela se apoia em sua mesa fazendo com que seu rosto coberto por uma maquiagem profissional fique totalmente visível na tela — O prazo está acabando e você não me enviou nada, nem uma mísera página.

Olho para o teclado querendo voltar no tempo e não aceitar sua ligação de última hora. Sério, quem ligava na tarde de um domingo? Ela não descansava não?

— Estou passando por um bloqueio, preciso de mais tempo.

— Ótimo, uma resposta sincera, mas porque não me contou antes?

— Porque eu esperava resolver isso antes do prazo acabar. Juro, o livro está indo bem só preciso de algum tempo para ajustes.

— Me mande o que você tem.

— Nem pensar — resmungo e ela volta atrás com a expressão surpresa — Desculpe, mas você sabe que eu não gosto de mandar pela metade, fica parecendo um livro vago e sem sentido.

Liliane suspira massageando as têmporas e eu queria ser como ela. Resolver os problemas apenas massageando a cabeça e fazendo as unhas. Talvez comprando roupas de grife como a que ela está usando agora, com botões dourados.

Só para frisar, estamos em uma reunião online... Qual era a necessidade de se vestir assim?

— Vou conseguir mais duas semanas para você.

— Eu...

— Nada mais do que isso — ela fala me interrompendo e eu cerro os lábios assentindo — Vou conversar com os outros editores — mais um aceno — Quero algo dentro de alguns dias Evans. Qualquer coisa.

— Tudo bem.

Olho para a tela quando ela não volta a falar e estou quase desligando a ligação desconfortável quando ela suaviza a voz.

— Está acontecendo algo? Se não conseguir podemos arrumar algo, sei que prometemos aos leitores, mas...

— Eu vou conseguir finalizar. Eu só preciso de tempo.

— Tem certeza?

— Sim.

— Okay — ela pigarreia e pego o brilho do seu anel de ouro antes dela sorrir um pouco. É apenas uma levantada de lábios, mas serve — Acho que deveria tirar umas férias depois disso. Sempre resolve.

É, não é a primeira vez que eu escuto isso e pelo jeito com certeza não vai ser a última.

Aceno em despedida fechando a tela do notebook e sabendo que tenho três horas antes de ser convocada para jantar eu me encolho e vou em direção ao sofá da sala me enrolando em um cobertor grosso. Olho para a tela escura da televisão tentando não entrar em pânico e respiro.

Eu apenas respiro.

Porque é a única coisa que eu posso fazer no momento.

Pulo do sofá quando escuto algo caindo do outro lado da porta e bato com a mão no peito tentando fazer ele voltar ao normal. Jesus, o que diabos foi isso?