A sorte definitivamente não anda comigo

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Quando Gunwook entra em meu quarto, já estou acordado. Ele me olha como se buscasse permissão para falar. Sua juventude contrasta com a imensa responsabilidade que carrega, como o Zhang Hao original teve coragem de maltratar essa criança. Respiro fundo, consciente de que essa situação não pode persistir. Quebro o silêncio.

"Gunwook, quero pedir desculpas por ontem. Não tinha a intenção de assustá-lo ou prejudicá-lo. Por favor, sinta-se à vontade para conversar comigo." Gunwook parece perplexo enquanto me ouve, sua boca se abre várias vezes, como se as palavras o evitassem.

"Senhor, agradeço por sua benevolência. Serei o melhor servo que já teve e garantirei que nada lhe falte", ele finalmente fala, inclinando ligeiramente a cabeça para baixo.

"Vamos começar do zero, tudo bem? Não é preciso tanta formalidade para falar comigo", digo com meu melhor sorriso.

"Jamais poderei cometer tal desrespeito", murmura Gunwook, e ao escutar isso, percebo que essa mudança será mais desafiadora do que eu imaginava.

"Certo, mas não precisa me chamar de senhor. Isso me faz sentir como um velho. Pode me chamar apenas de Zhang Hao", proponho, mas antes que ele possa responder, interrompo: "Na verdade, considero isso uma ordem, Gunwook."

"Entendido, Zhang Hao. Obedecerei ao seu desejo", ele concorda. "Vim para ajudá-lo a se preparar para o café da manhã."

Embora o começo não tenha sido exatamente como eu esperava, sei que preciso avançar gradualmente para conquistar sua confiança e ajudá-lo.

Desço para o café da manhã e percebo que meu pai não está lá. Kuanjui, um dos homens mais proximos do meu pai que conheci recentemente, me informa que ele saiu para resolver um problema em nosso território. Ele sugere que eu aproveite a refeição e cuide de mim mesmo. O café da manhã é delicioso, mas noto que os servos parecem nervosos perto de mim. Faço um esforço para quebrar o gelo e tornar o ambiente mais descontraído enquanto me alimento.

Após me alimentar bem, decidi explorar o castelo por conta própria. Encontrei uma empregada lutando para carregar sacolas de alimentos e me apresso em ajudá-la.

"Senhor Zhang Hao, eu consigo. Por favor, não precisa fazer isso", ela protesta.

"Não posso deixar você carregar tudo sozinha. Vamos levar isso para a cozinha, certo?" Pego as sacolas dela. Felizmente, meu novo corpo é mais forte do que o anterior, senão teria dificuldades em carregar tudo isso.

Na cozinha, minha ação surpreende a todos. Eles correm em minha direção, pedindo desculpas enquanto tentam tirar as sacolas das minhas mãos. Garanto a eles que não precisam se desculpar, e que ajudá-los foi um prazer. Os servos parecem confusos, como se eu não estivesse agindo conforme o esperado, mas lembro a mim mesmo que sou diferente do Zhang Hao original.

Antes de partir, deparo com um homem vestido como o chef da cozinha. Agradeço pela deliciosa refeição e noto sua surpresa. Peço licença e deixo a cozinha.

Minha exploração do palácio continua e encontro um quadro com uma imagem de um jovem Zhang Hao, seu pai e uma mulher que se assemelha a mim, possivelmente sua mãe. Uma família aparentemente harmoniosa. Perguntas surgem em minha mente: o que deu errado? Como o Zhang Hao se tornou uma pessoa tão cruel? O que aconteceu com sua mãe? Por que fui parar nessa realidade? A ansiedade cresce e deixo o quadro, continuando a explorar.

Descubro uma sala espaçosa, provavelmente destinada a receber visitantes, e encontro um piano. Me sento e começo a tocar a primeira melodia que me vem à mente. Finalmente, me sinto em casa. A música preenche o vazio e me traz um momento de paz.

Me perco nos acordes, mantendo os olhos fechados. Quando finalmente os abro, me deparo com uma pequena plateia de servos, todos me olhando com admiração. Meu pai, com lágrimas nos olhos, me observa com um orgulho visível. Me sinto desconfortável com tanta atenção, mas o silêncio logo é interrompido pelo som de palmas vindas dele.

Me tornei o vilão do meu webtoon favoritoOnde histórias criam vida. Descubra agora