03 | You should be sad

303 29 4
                                    



Kelly não era o tipo de pessoa que tentava ser ao mínimo agradável, ela arrastava sua arrogância por todos os lugares, como uma maldita sombra. Kelly bateu com sua bolsa preta da Hermès que valia 3 anos do meu salário na mesa de madeira puxando toda minha atenção para ela.
— O que você pensa que está fazendo? - Sua voz fina e firme ecoou pelo pequeno espaço. Minha sala era pequena, uma grande janela ocupava a parede a minha direita, uma estande com inúmeras pastas a minha esquerda, a minha frente um quadro e duas cadeiras de couro marrom. Era quase claustrofóbico trabalhar naquele lugar mas eu não podia reclamar muito, o salário não era horrível e eu havia feito duas grandes amigas ali, Tate e Paris, as duas eram incríveis e me mantiam sã no meio dessa loucura.
— Trabalhando? - Respondi sendo um pouco sinica, estava farta de Kelly agindo como se fosse minha chefe.
— Você chega uma hora e meia atrasada e acha que nada vai acontecer com você? Bom, te trago grandes novidades, pequena Sun. - A loira pegou um papel em sua bolsa e o balanço no ar, antes que eu pudesse questionar, a mulher jogou o papel em minha direção e pude ler "CONTRATO INTERROMPIDO". Meu coração gelou naquele momento, o preço de ser uma pessoa boa é caro mas não me arrependo de ser quem sou.
— Então isso significa que não estou mais presa a sua existência insuportável? - Kelly me olhou com um olhar fuminante, eu nunca havia a respondido daquela forma e ver alguém que você sempre pisou se posicionar era muito para o pequeno cérebro da loira.
— Você tem uma hora para tirar tudo daqui ou vou chamar a polícia, ninguém é obrigado a lidar com vira-latas como você. - A mulher saiu batendo o pé e batendo a porta da sala. Sentei-me na cadeira e fechei meus olhos dando um leve suspiro mas fui interrompida pelo toque estrondoso do meu celular. Um número que eu não conhecia brilhava no visor, minha cabeça estava pesada e eu não estava afim para falar com ninguém mas respirei fundo e atendi.

—  Beatrice ? - Uma voz que eu não imaginava ouvir tão cedo ecoou do outro lado da linha.
— Já está com saudades, Toto Wolff?
— Sim e é exatamente por esse motivo que estou te ligando. Meu coração não está aguentando de tanta saudade. - Ri do seu tom de voz sínico e revirei os olhos, gostaria que fosse verdade. Me levantei da cadeira e caminhei em direção a janela da minha agora, antiga, sala. Ouvi a respiração de Toto do outro lado da linha.
— Como sabe meu nome? Melhor, como conseguiu meu numero?
— Eu sou Toto Wolff. Acha mesmo que isso é difícil? - Toto estava com um tom brincalhão em sua voz, transmitido não ser um arrogante igual sua frase. — Bem, na verdade preciso de mais um favor seu.. - Ele pestanejou por um estante, como se precisasse que seu cérebro reafirmasse a informação que ele estava prestes a me passar. Nunca imaginei que Torger seria o tipo de pessoa que pondera antes de falar. Vamos lá! Ele é praticamente o dono de Mônaco inteira, provavelmente de toda a Áustria também.
— Continue.. - O encorajei.
— Preciso de uma testemunha e de todas as pessoas que estavam presentes você é a única que tenho o contato. Eu peguei seu cartão de visita no porta luvas sem que você percebesse. - Mordi meu lábio inferior em ouvir ele dizer "Você". Infelizmente sou o tipo de pessoa que gosta de ser notada, uma mísera menção a minha existência é o suficiente para que meu coração flutue. E bom, não é todo dia que você recebe uma ligação de Toto Wolff.
— Tudo bem! Eu topo! Não tenho mais emprego para me preocupar então....— Você perdeu o emprego? - Toto me interrompeu.
— Sim mas não tem nada a ver com o atraso de hoje. Você sabe, chefe megera, estagiária, o final era inevitável... Mas te encontro daqui uma hora, tudo bem? Vou esvaziar a minha sala e vou para a delegacia.
— Nos vemos mais tarde. - Toto desligou o telefone ao fim de sua frase sem me permitir respondê-lo. Coloquei meu celular na mesa e apoiei minha mão direita na cintura enquanto a esquerda massageava minhas têmporas. Minha vida se tornou um completo caos em pouquíssimo tempo, as vezes parecia que o destino gostava de testar os meus limites e provocar os piores surtos mas dessa vez estava tentando me manter o mais calma possível.

Vinte minutos haviam se passado e eu já estava terminando de juntar minhas coisas, estava com duas caixas com alguns livros, copos, plantas, anotações e tudo aquilo que me fazia sentir a sensação de pertencer aquele lugar. Queria sair do prédio o mais breve possível, depois entraria em contato com o RH para conversar sobre os detalhes mas naquele momento, tudo que eu queria era pisar na rua, nada mais nessa empresa era problema meu, Kelly não era mais um problema meu.
Coloquei um cacto na pilha de pertences dentro da caixa quando o telefone fixo da minha sala tocou, provavelmente era Kelly me apressando para ir embora, respirei fundo e atendi o telefone.

— Senhorita, Beatrice. Boa tarde! 'Tô tentando falar isso o mais sério possível mas Toto Wolff está aqui embaixo querendo falar com a senhora. - O porteiro estava tentando conter a animação mas o seu tom de voz afobado estava o sabotando.
— Pode passar o telefone para ele por gentileza? - Ouvi os sussurros do outro lado da linha e uma movimentação.
— Oi, brasileira. Sou eu, Toto.
— Aconteceu alguma coisa, Wolff?
— Da última vez que nos vemos você pediu para que eu retribuísse sua gentileza para alguém e aqui estou eu. Vou te ajudar com suas coisas. - Sorri ao ouvir sua frase.
— Você não precisa..
— Não é sobre precisar, é sobre querer. - Fui interrompida pelo homem


Notas
Oi, galerisss!! Como vocês estão? Espero que ainda estejam interessados no desenrolar dessa história haha Estou voltando a escrevê-la e irei postar mais frequentemente. Peço que vocês me ajudem curtindo e comentando porque me mantém motivada, divulguem para as amigas de vocês hahaha obrigada pelo carinho que vocês tem dado pra essa história, até o próximo cap💖💖

OFF TO THE RACES  | TOTO WOLFF X READEROnde histórias criam vida. Descubra agora