After the storm comes destruction

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3 meses. Esse foi o tempo em que Cruz Manuelos ficou escondida do mundo. A operação tinha sido um sucesso, mas não acabou quando ela voltou de Mallorca.

Mesmo com todo o ódio que ela carregava de Joe, ainda teve de ouvir dela que devia ser invisível nos próximos meses se quisesse se manter viva. A oficial não tinha dúvidas que se a família Amrohi fosse retaliar, seria em breve.

Ehsan tinha descoberto que Cruz era uma fuzileira antes de morrer, e agora o resto da família Amrohi tinha tudo sobre ela: nome, idade, endereço, hobbies...
Era difícil imaginar que eles deixariam alguma informação passar tendo acesso à toda aquela tecnologia. "Dinheiro do petróleo".

Cruz apagou cada registro que ainda tinha online, tudo sob supervisão da CIA. Seria um fantasma. Tinha eliminado um alvo grande demais, com implicações demais.

A CIA torcia para que os Amrohi mantivessem as informações que tinham sobre Manuelos para si. Caso contrário, a situação poderia ser catastrófica: com as consequências da morte de Asmar Ali Amrohi recaindo sobre o mercado financeiro, pessoas poderosas - e portanto perigosas - perderam muito dinheiro.

Para o governo dos Estados Unidos, seria impensável estarem ligados ao assassinato que deu prejuízo de milhões a magnatas que tinham negociações envolvendo o petróleo dos Amrohi. Para Cruz, seria com certeza sua sentença de morte, teria bem mais do que apenas um inimigo.

Assim que pousaram em solo americano, Cruz recebeu sua "nova vida". Ou a falta dela, chame como quiser. Passaria a usar outro nome, Beatrice Guzmán, e não estaria livre da CIA. O plano era que ela deveria passar 3 meses isolada, em algum lugar do Nebraska. Era uma casa onde a CIA operava um blacksite, desativado há alguns anos.

Era um bairro pobre, e fez Cruz se lembrar de onde vivia antes de se tornar fuzileira. Foi proibida de usar qualquer comunicação que não fosse o celular descartável que recebeu, que só possuia um contato salvo: Frank's Pizza, que na verdade era Bobby.

Depois do estrago que havia feito no rosto de Joe, não era prudente o contato entre as duas tão cedo, então Bobby assumiu o papel de "responsável" pela comunicação entre Cruz e CIA.

Haviam agentes espalhados pelo bairro, que vigiavam tudo o que acontecia por ali e a acompanhavam, a distância, suas saídas ao mercado ou ao pequeno parque a três quarteirões de onde vivia. Era o máximo em distância que poderia ir.

Parecia que ela era a criminosa, e não um dos mocinhos.

E depois de Mallorca, Cruz duvidava se a CIA realmente fazia parte dos mocinhos.

(...)

Eram seis e vinte da noite quando "Frank's Pizza" piscou na tela do celular de Cruz.

- Alô?

- É seu dia de sorte, marine!

- Sorte? Com o meu karma, eu duvido muito.

- Tenha um pouco de fé em mim. Caso não tenha percebido, hoje é o último dia do prazo de três meses da CIA. E como combinado, se não registrássemos nenhuma atividade suspeita dos Amrohi, você estaria livre, Manuelos.

- Nenhum sinal deles, então?

- Não.

- E Aaliyah?

- Você sabe que eu não posso te falar sobre isso, Cruz. Tudo o que você precisa saber é que terá sua liberdade de novo.

- E a próxima operação?

- Joe deve recrutar uma nova Lioness em breve. Você será parte do time de extração se quiser. Não posso dizer que Joe é sua maior fã, mas não abriria mão de você se você dissesse sim.

- Por que não existem outras ex Lionesses na equipe de extração?

- Você foi a primeira que sobreviveu.

- Deveria me sentir lisonjeada?

- Cruz...

- Eu vou pensar a respeito. Honestamente, voltar a ser apenas fuzileira me parece mais tentador.

- Mas você sabe que não poderia voltar a sua equipe antiga, não sabe?

- Sim, eu sei. Mudar de estado e toda essa merda da CIA, eu já entendi.

- Faça as malas e pense num destino. Amanhã ao meio dia, um carro estará te esperando na porta e você só vai precisar dizer pra onde.

- Certo. Obrigada, Bobby.

Cruz encerrou a chamada com um misto de sentimentos. Feliz por sair daquele fim de mundo patético que chamava de casa nos últimos 3 meses, frustrada por não ter a mínima ideia de onde iria viver dali pra frente. Não tinha amigos, não tinha família e a única pessoa que passava por seus pensamentos, provavelmente desejava a sua morte.

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