Friend or foe

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Cruz tinha tido um sono tranquilo como a muito não experimentava, mas seu corpo não a deixou esquecer que partiriam antes do amanhecer e ela foi a primeira a acordar.

Se viu num emaranhado de braços.

Aaliyah.

Os acontecimentos da noite voltaram como um flash em sua mente. Cruz podia quase  ouvir novamente cada palavra.

Mas apesar disso - e do fato de terem acordado praticamente fundidas naquele colchão -, a marine não sabia como agir, ou o que pensar.

Não havia sequer um motivo para que Aaliyah a tratasse daquela forma. Ainda deitada, olhando para a mulher adormecida ao seu lado, se perguntava se tudo aquilo havia sido por piedade ou por gratidão.

Reconheceu que aquilo que viu nos olhos de Aaliyah quando estavam a sós naquele cativeiro já não estava mais lá. Mas também não poderia se iludir, criar em sua cabeça uma centena de finais felizes entre as duas.

Não, era demais.

Além disso, o que faria depois de retornar aos Estados Unidos? Para onde Aaliyah iria?

Eram perguntas demais pra antes do sol nascer.

Cruz julgou que já estava a tempo demais pensando em "e se's" e se levantou cuidadosamente, se desvenciliando de uma Aaliyah completamente alheia ao que se passava na cabeça da marine.

...

Aaliyah ouviu uma leve batida na porta e abriu os olhos devagar. Custou a se localizar, mas assim que viu o agente Carter parado na entrada do quarto, entendeu onde estava. E com quem não estava.

- Se não se levantar agora, vamos ter problemas - disse o homem.

- Já estou indo. E a Cruz?

- Deve estar terminando o banho. Vejo que mudaram de ideia sobre quem dormiria onde.

- Ah... Sim. - Aaliyah respondeu, sem graça.

- O café está servido. Quando estiver pronta, estaremos esperando.

- Obrigada. - Ela agradeceu o homem, que saiu pela porta novamente.

Aaliyah se decepcionou em não acordar ao lado de Cruz, ou não ter sido acordada por ela.

Quando passava pelo corredor da casa, esbarrou com Cruz saindo do banheiro, secando o cabelo molhado.

- Desculpe, não te vi aí... Bom dia. - Cruz disse.

- Não foi nada. Bom dia. Você está bem?

- Claro. Por que não estaria? - Cruz foi esguia, achou que Aaliyah tivesse falando sobre o que aconteceu a noite. O que quer que tenha sido.

- Falo dos seus machucados... Ainda doem muito?

- Ah. Um pouco, mas devo tomar um analgésico depois do café. - Sentiu-se constrangida por ter pensado outra coisa.

- Eu vou... - Aaliyah apontou para o banheiro, atrás de Cruz.

- Ah, claro. - A marine deu licença para que Aaliyah passasse.

Quando a porta do banheiro foi fechada, as duas respiraram fundo, quase que ao mesmo tempo, frustradas com o quão estranha havia sido aquela interação.

...

O café da manhã/madrugada foi bem silencioso. Carter percebeu o clima estranho e os olhares furtivos das duas mulheres, mas nada disse.

Na hora de saírem rumo ao local do resgate, uma pista de pouso clandestina que pouquíssimas pessoas conheciam, Carter explicava os detalhes para Cruz e Aaliyah: teriam de ir novamente na traseira de sua caminhonete, não poderiam correr riscos desnecessários uma vez que já estavam tão perto de escapar.

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