A needed confrontation

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Cruz sentia como se tivesse sido atropelada por um trem. Mesmo vendada, sentia sangue seco em seu nariz.

Quebrado de novo. Que ótimo.

Sua cabeça pesava como uma bigorna. Não lembrava de muita coisa a não ser da surra épica que tinha levado.

Épica e covarde. - Pensou.

Quatro ou cinco brutamontes - realmente ela não se lembrava - contra apenas uma.

Teve a sensação de ter estado num avião, mas já não sabia o que era real, sonho ou alucinação das pancadas que levou na cabeça.

Estava amarrada a uma cadeira, tinha mãos e pés imobilizados e uma fita silvertape a impedia de dizer qualquer coisa.

Começou a ouvir vozes ao longe:

- Ela está aí dentro, chefa. É toda sua. - Falou um homem desconhecido.

E então houve o barulho de uma porta se abrindo, e depois se fechando. Alguns passos foram dados e o barulho de saltos altos ecoavam pelo ambiente.

Cruz podia sentir a presença de quem parou à sua frente, em silêncio.

Teve a fita arrancada de sua boca com rispidez.

- Eu devo ser realmente muito especial para precisar passar pelo seu moedor duas vezes, Joe.

- Oh, você é mesmo muito especial, Zara.- Disse ela ao retirar sua venda.

E então foi como se o mundo parasse. Uma vez mais. Sempre acontecia quando olhava para aquele universo de verde.

- Ou prefere Cruz Manuelos? Que tal Beatrice Guzmán? Você tem tantos nomes...

- Aaliyah... - Cruz estava atônita. Se imaginou tantas vezes frente a frente com aquela mulher, criou tantos discursos em sua cabeça para aquele momento - não naquelas condições, é claro - e agora não sabia o que dizer. - Como...

- Não, não vá por aí. Como não é importante nesse momento. O por quê eu tenho certeza que você sabe. A questão era somente quando.

Cruz finalmente conseguiu visualizar o lugar. Era um quarto simples, a cadeira em que estava amarrada estava no centro, e outra cadeira estava à sua frente. Mais a esquerda, ficava uma cama de solteiro com uma escrivaninha, no chão um tapete retangular branco com manchas de vinho. Ou seriam manchas de... Não, ela não queria nem pensar nisso.

A única janela do cômodo era alta e repleta de grades, mas o vidro deixava passar alguns raios de sol, então já não era noite. A porta de metal pesado dava os toques finais de cativeiro naquele lugar.

- Onde estamos? - Cruz perguntou.

- Não se preocupe com isso, você não sairá daqui com vida para explorar o local.

- Aaliyah, você está me assustando.

- Assustar? Imagina. Você não está nem perto de estar assustada. Deixe-me exemplificar alguém que ficou realmente assustada. Uma mulher que saiu de seu quarto para procurar a sua... - Aaliyah procurou a palavra certa para usar - amiga que havia saído do quarto em busca de água e encontrou um banho de sangue numa cozinha em Mallorca. Você não está assustada.

Cruz não conseguia dizer nada. Via nos olhos de Aaliyah tanta mágoa e, pela primeira vez, ódio. Ela havia feito isso com Aaliyah e isso a machucava profundamente. Cruz enxergou que de todas as pessoas que ela havia matado em suas missões como fuzileira, Aaliyah era a que tinha doído mais. Duvidava que aquela mulher doce, encantada pela vida, voltasse à tona depois do que tinha feito. Suspeitava que aquela versão de Aaliyah Amrohi estivesse morta.

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