Capítulo 8

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A infância, uma palavra que evoca doçura e nostalgia

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A infância, uma palavra que evoca doçura e nostalgia. Ser criança é frequentemente considerado um privilégio, mas será que essa afirmação é realmente verdadeira? Quem pode garantir que todas elas vivem essa fase de maneira igualitária? Serão todas elas amadas, queridas e adequadamente cuidadas? É injusto olharmos para a vida delas através da nossa própria perspectiva. Muitas delas nascem em meio à dor e caos, enquanto outras são rodeadas por luxo e superficialidades. Poucas têm a fortuna de nascer em um ambiente repleto de amor. Isso não parece injusto? Não deveriam todas as crianças serem amadas e desejadas? E não deveriam todas elas ter a oportunidade de viver uma vida plena e feliz? Por que, para muitos, a realidade implica em enfrentar a fome e a necessidade de amadurecer prematuramente?

Em vez de nascerem em um mundo uniforme e igualitário, algumas crianças são trazidas à luz em situações que variam desde a extrema prosperidade até a mais profunda privação. Algumas têm o privilégio de crescer em famílias abastadas, onde recursos financeiros e uma educação de qualidade são tão acessíveis quanto o ar que respiram.

Como Zadie poderia sequer pensar em brincar e desfrutar da sua infância? Ela teve que amadurecer precocemente e lidar com responsabilidades muito além da sua idade. Além de enfrentar inúmeras adversidades e perdas, ela também tinha que se preocupar em ser útil para o sistema opressivo. O simples ato de brincar, algo tão comum e essencial para as crianças da capital, era um luxo inimaginável para ela e muitas outras dos distritos.

Seu tempo era consumido por uma carga horária exaustiva e insensata, necessária para garantir a sobrevivência da sua família adotiva. Ter brinquedos era apenas um sonho distante. Ela se contentava com as sombras criadas pelas suas próprias mãos.

Crescendo em meio a tantas adversidades, ela aprendeu a desejar apenas uma coisa: estar bem e encontrar um pouco de paz. Esses pensamentos não são típicos de uma criança e jamais deveriam ser.

Zadie sabia que muitas famílias acabavam vendendo suas próprias crianças para garantir sua própria sobrevivência. Era uma troca trágica e desumana, onde a comida valia mais do que o vínculo familiar.

Parada em meio a toda aquela paisagem exuberante, ela sentia tantas vontades e desejos. Seu coração acelerava e sua respiração se tornava ofegante. Seus olhos vagavam ao redor, mas insistiam em se fixar na cachoeira distante. Um sorriso adorna seus lábios, enquanto ela se vira de frente para Nakkyriano.

— Se vamos ficar mais tempo aqui, o que faremos com isso? — Seu dedo aponta para o animal.

— Eu irei prepará-lo para que possamos comê-lo.

Caelius se agacha próximo ao animal, retirando sua adaga. O som do corte da lâmina na carne se faz presente. Um corte preciso e profundo é feito na pata traseira acima da coxa, e um líquido denso e negro começa a vazar. Ela tem certeza de que é sangue.

Talvez ela estivesse à beira da loucura. A maneira inquieta como sua língua se movia dentro da boca incomodava-a profundamente. Suas mãos, sem parar, brincavam uma com a outra. Seu pé esquerdo batia freneticamente no chão. Ele alternava o peso de seu corpo várias vezes em segundos, enquanto ela o observava fazer o corte no animal.

Planeta Nakkyr - Caelius Onde histórias criam vida. Descubra agora