Capítulo 4

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O desconhecido, por sua própria natureza, é envolto em mistério

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O desconhecido, por sua própria natureza, é envolto em mistério. Mas para quem? O que é conhecido por uns pode ser desconhecido por outros. Existem tantas coisas que ainda não compreendemos plenamente e que partiremos deste mundo sem desvendá-las completamente.

A fascinação pelo desconhecido é intrigante, instigando-nos a explorar territórios nunca antes visitados, a vislumbrar horizontes jamais vistos. Descobrir aromas exóticos, cuja existência nos era oculta. Pisar em solos onde nossa presença é única. Contemplar criaturas e vegetações tão singulares. E sob novos astros, banhados por luas desconhecidas.

Viver, se nos for permitido, tem o potencial de ser uma experiência sublime. No entanto, somos restritos por inúmeras limitações que nos impedem de alcançar a "plena liberdade". A fome, a injustiça, a desigualdade, o sentimento de insignificância e a falta de autodeterminação minam a já rara beleza da existência.

Zadie vivencia uma realidade cruel onde muitos lutam para sobreviver enquanto poucos desfrutam do verdadeiro significado da vida. Na Terra, a promessa de um mundo belo é palpável, porém inalcançável para ela. Cada vez que Zadie ergue os olhos para o céu, a lembrança de estar aprisionada em uma "jaula" sedutora se intensifica. As cidades-estados reluzem à primeira vista, mas a verdadeira essência humana é obscurecida pela profusão de indivíduos vazios, focados na mera sobrevivência em vez de buscarem a verdadeira realização.

Ao adentrar a capital, Zadie é tomada por uma sensação desconcertante. A cada visita, ela se sente humilhada ao presenciar a opulência e os avanços tecnológicos disponíveis ali, enquanto em seu distrito falta o básico para viver com dignidade.

Um dia, o povo oprimido se cansará. O que teriam a perder? Talvez suas vidas ou seus lares, mas isso já não importará. Viver sem esperança é uma tortura insuportável. Vivemos, lutamos e suamos buscando a esperança de conquistar uma realidade melhor.

Ambos os distritos alimentavam a esperança de se mudarem para a capital, ou pelo menos de verem seus filhos alcançarem a pontuação máxima para terem acesso a mais fichas alimentares. Todos sabiam que na capital não era necessário o uso dessas fichas. Lá, as pessoas desfrutavam de proteínas frescas e frutas cultivadas no distrito alimentar, recebendo comida de forma gratuita, sem restrições e vivendo em abundância ao ponto de muitas vezes desperdiçarem alimentos. Enquanto isso, nos distritos, as pessoas se contentavam em lamber pratos e dedos sujos em busca dos restos de suas rações, compostas por diversos grãos processados. O maior desejo dos trabalhadores era poder saborear um prato de comida fresca, a mesma que produziam.

A falta de esperança tornava os seres humanos apenas cascas vazias, quase robóticas. E havia uma crescente sensação de que eram eles mesmos que estavam se tornando como robôs, devido à rotina exaustiva e à desilusão constante. Houve uma revolta, uma tentativa desesperada de mudar o sistema opressivo em que viviam. No entanto, a revolta foi suprimida brutalmente, marcando um triste episódio na história dos distritos. Todos estavam cansados dos abusos, da desigualdade, da fome, das mentiras e da falsa esperança que lhes era dada.

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