Capítulo 11

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  Três dias antes.

A água fria bate sobre suas costas, relaxando os músculos tenso de seu corpo, acalmando-o da má noite de sono, passou grande parte da madrugada acordado, mantendo a faca que guardou debaixo de seu travesseiro em punho, do lado de fora da porta de seu quarto era capaz de ouvir os murmúrios baixos acompanhados de passos incessantes, que iam e viam dos dois lados dos corredores, eram como falcões cercando o ninho de um pássaro indefeso, esperando o momento certo para agir, mas Yibo também apenas esperou que qualquer um deles tentasse, mantendo-se imovél, reduzindo até mesmo o barulho de sua respiração, tudo para parecer um abate fácil e de mão cheia, assim que a porta se abrisse mataria todos sem que sequer soubessem o que os atingiu, deixando rapidamente aquela pensão para trás, não se antes de fazer o mesmo ao velho síndico sentado na cadeira da recepção, comendo como um porco.

Mas para sua sorte, nada aconteceu, os passos cessaram assim que o amanhecer chegou, restando somente o barulho das ruas vindo do lado de fora, atravessando a pequena janela mal coberta por um papelão velho que encontrou, indo diretamente aos seus ouvidos, não lhe dando permissão para dormir, e sem conseguir fechar seus olhos para descansar adequadamente somente levantou-se, seguindo direto para o banho. 

No agora, Yibo encara sua face no espelho, perguntando-se qual seria o próximo passo a dar, finalmente estava nas terra do Xiao, junto dos seus, vivendo o seu lado da história, mas ainda permanecia longe de seu objetivo principal, o cassino Decanting na parte mais nobre da cidade, o bairro falido onde se encontra é apenas um ponto de partida para chegar lá, o começo para sua longa caminhada infernal, ainda lhe falta esbarrar com as supostas pessoas certas, acercar-se como quem não quer nada até que esteja onde precisa, depois deve ser somente cauteloso, sua missão não envolvia risco desnecessários, o único que tem que fazer, era uma investigação conclusiva, reunir qualquer informação importante e depois cair fora junto de seus companheiros, entretanto sente no fundo de seu peito que nada vai ser fácil assim.

Yibo suspira, sem tempo para pensar ainda mais, deixa seu quarto, novamente as pessoas estão lá esgueirando por suas costas, o encarando de uma maneira nada discreta, ele realmente não sabe até quando vai conseguir ignorar aquilo. Na recepção encontra com o velho síndico, mais uma vez comendo, dessa vez um bolo quase inteiro que foi deixado sobre o balcão, passa por sua figura tentando não chamar atenção, plano que falha miseravelmente e logo tem seu nome chamado.

— Você é o jovenzinho de nome Yibo, não é? — pergunta — Gostando de sua estadia querido? Espero que ninguém tenha o incomodado de alguma maneira.

— Sim, eu sou o Yibo — sorri, sua voz soando mais doce — Estou gostando, o quarto confortável, os hóspedes parecem gentis, nenhum deles até o momento me causou problemas. Obrigado por sua preocupação.

— Não há de que, está saindo? Soube por aí que esteve naquele clube ontem — murmurou, encostando-se sobre o balcão — Um jovem tão bem afeiçoado quanto você, não deveria frequentar aquele tipo de lugar, eu tenho uma ideia melhor de diversão se precisar.

— Se algum dia ficar interessado, o procurarei.

Sem esperar por uma resposta, sai, sua face sendo coberta por certo nojo, o tom por trás daquelas palavras não o agrada nem um pouco, muito menos o olhar lascivo em sua direção, infelizmente tem que engolir, até que essa maldita missão acabe.

 Está naquelas ruas novamente, o sol da manhã bate em seu rosto, quente e intenso, obrigando-o a fechar seus olhos pela súbita claridade que cai diretamente sobre eles, as pessoas estão zanzando por todos os lados, lotando as calçadas, conversando animadamente como se não estivessem na beira do fundo do poço, sem uma direção para seguir, caminha por aí, observando aos arredores, notando como aos poucos sua figura desconhecida começa a fazer parte daquele lugar e de todos os rostos sem face, exatamente como o alta escalão espera que faça, os olhares curiosos estão focados em sua imagem, acompanhados dos murmúrios suaves que não chegam a alcançá-lo por inteiro, é engraçado sentir-se como a "carne nova" do pedaço, as atenções mais estranhas estarão sempre em você, seja por uma semana ou um mês, até que se torne familiar, será como algo que assusta e provoca, mas não se importa, seja lá o que pensam de si, continuará seguindo com o plano.

Aura - ZhanYi. Onde histórias criam vida. Descubra agora