Capítulo 16

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 A porta se fecha, seu sorriso doce é a última coisa que olhos escuros podem ver - pelos menos garante que seja - antes de serem afastados pela madeira simples que forma a porta, agora Yibo está sozinho de novo, de volta a sua face habitual, sem resquícios de inocência ou aquela gentileza fingida acompanhada das ações doces, que faz sempre que está lá, fora do espelho, em meio a todas aquelas pessoas que o matariam se soubessem quem realmente é.

Seus olhos analisam com calma seu mais novo lar, enquanto caminha sobre o carpete de cor cinza, vasculhando cada pequeno canto, em busca de qualquer coisa que faça parecer que está sendo moniturado, cameras ou escutadas, escondidas nos cantos mais discretos, não encontrada o que certamente não o deixa tranquilo, sentiria-se mais confortavél encontrando alguma coisa por ali, não tê-los dava a entender que o maldito Xiao daria um outro jeito de manter os olhos neles, aparelhos são mais faceis de iliminar que pessoas.

O quarto é comum, porém mais limpo e organizado do que o daquela pensão, a uma cama de casal no centro, uma mesa de cabeceira pequena, um closet, um banheiro de tamanho médio, uma mesa de trabalho, paredes de tons azuis e cortinas finas pendurada na janela, um paraíso para os tolos, um abismo para ele.

É confortável sair daquele beco, ainda que não soe totalmente bom estar dentro desse prédio.

A partir dali, Yibo teria que começar a pisar em ovos, pensando bem a respeito de cada passa que daria, não pode mais se arriscar tendo ideias idiotas como a que levou até ali, sua cabeça facilmente seria cortada se o fizesse.

Em uma semana trabalhando no cassino, Yibo pode notar alguns fatos interessantes a respeito do lugar, assim como do próprio Xiao. Zhan pode parecer um homem minucioso com suas decisões, entretanto comete falhas pequenas muitos perceptíveis várias vezes, por exemplo, foi mais fácil do que imaginou verificar os pontos cegos, as saídas mais escondidas que não podem ser notadas nas plantas do local, a troca de turnos de seguranças, o funcionamento e rodízio de funcionários, mesmo que sempre tivesse alguém cobrindo uma área, havia vazamentos em grande parte das outras, a gerência na maioria do tempo esquecia-se dos problemas menores criando segundas opções para qualquer um que tentasse invadir o cassino sem ser notado, em três dias lá dentro, tinha criado um mapa em sua mente, anotando nele cada uma daquelas falhas invisíveis para os outros, mas inteiramente ao dispor de seus olhos atento.

As regras que ouviu da boca de Yizhou, eram simples, porém com pena duras, torturas, castigos e até mesmo a morte, nada que já não tenha visto por aí ou tenha presenciado e sentido na pele, elas poderiam assustar as pessoas daquele lugar, mas em si, não causavam efeito nenhum, até o momento a única coisa que tinha atraído sua curiosidade e talvez chamando certa atenção, era o próprio Xiao, com toda sua arrogância e confiança, aproximando-se com alguém que não deseja nada, mas pretende levar tudo, era difícil ler suas intenções sempre que conversavam e até mesmo prever seus próximos passos parecia complicado, com ele sentia-se constantemente andando em um quarto escuro, sendo observado pelo homem que salvar ou destruir sua vida.

Assustador ou não, gostava disso, dessa sensação de nunca estar totalmente seguro, era isso que o movia no final de tudo.

E ainda que essa fosse uma missão furada, estar próximo do grande Xiao Zhan lhe dava certa excitação.

Seus pensamentos incessantes foram quebrados ao som de batidas na porta, o puxando de volta para realidade, mais uma vez aquele sorriso falso subiu ao seus lábios junto de sua face fingida, antes de atender seja lá quem o chamava, deparando-se com Haoxuan segurando uma bolsa com seus pertences, aquele olhar julgativo mal disfarçado em sua expressão "amistosa".

— Yibo, meu caro amigo — Haoxuan o cumprimentou — Suas coisas chegaram, vim lhe trazer pessoalmente, apenas garanti que tudo chegasse da maneira adequada. Aqui estão — lhe entregou a mala.

Aura - ZhanYi. Onde histórias criam vida. Descubra agora