2º Ingrediente - Abelha rondando a torradeira e pedido SUS

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Genos caminhou até a mais-que-confeitaria com uma expectativa crescente em seu peito.

Ansiava por repetir a experiência que havia lhe marcado no dia anterior, quando provou pela primeira vez um donut de chá verde com recheio de frutas vermelhas e creme belga. Aquele doce havia lhe despertado sensações que ele não sentia há muito tempo e Genos queria ter certeza de que não havia sido uma ilusão; um engano de seu paladar. Queria sentir de novo aquela explosão de sabores que lhe trouxe um momento de paz.

Entrou na confeitaria e se dirigiu ao balcão, onde pediu o mesmo donut que havia comido ontem. Genos recebeu o doce em uma embalagem simples e branca de papel, que ele descobriu com cuidado. Genos olhou para o donut com admiração, observando a sua forma redonda e perfeita, o seu aspecto apetitoso e convidativo. A cor verde-clara contrastava com o recheio vermelho e branco que escapava pelos furos da massa. Ele aproximou o doce de seu nariz, inalando o seu aroma suave e delicado de chá verde.

Genos adorava o cheiro de chá verde, que lhe lembrava de serenidade equilibrada – harmonia.

Pegou o donut com as mãos, sentindo a sua textura macia e fofinha. Ele rasgou um pedaço da massa, com cuidado – não do jeito voraz de como havia feito ontem, que se desmanchou como algodão doce – e levou o pedaço de nuvem à boca, sentindo a massa se desfazer em sua língua. Agora já não tão pasmo com a situação (ao menos não tanto quanto anteriormente), pôde beber direito do sabor refrescante e suave do chá verde, que combinava perfeitamente com o recheio que explodiu em seu paladar: pegajosa e ácida geleia de frutas vermelhas e a pura nata alisada e doce do creme belga.

Genos fechou os olhos e suspirou, saboreando cada nuance daquela combinação perfeita. A quebra do azedo ao doce, do doce ao azedo… E somente deixou-se envolver por aquela sensação sublime e prazerosa. Sentiu uma onda de calor a percorrer o seu corpo, junto de um arrepio na sua espinha e um tremor em seus lábios. O loiro estava extasiado, e não tinha dúvidas do mar de prazeres do dia anterior (a sensação de conforto e bem-estar). 

Ele sorriu, sem perceber.

Era real.

Aquele donut era a melhor coisa que havia lhe acontecido em muito tempo, e era cem por cento real, não algo fantasioso que sua mente criou para lhe pregar peças.

Por fim, Genos lambeu os lábios, sentindo o açúcar gelado que lhe dava um toque suave e delicado, se dissolvendo facilmente na boca, sem deixar grãos ou quaisquer outros resíduos. Era um toque de doçura e leveza, que complementava o sabor do donut.

Ao fim de sua regalia, Genos se viu perdidamente tranquilo. O loiro batucava feliz a mesa de madeira, atordoado demais para qualquer coisa, enquanto observava os padrões do chão ao longe. Ele estava em um estado de êxtase — de felicidade pura e simples. Genos não queria que aquele momento acabasse e que a realidade o chamasse de volta, mas escutou o som ensurdecedor de sua agenda lhe avisando o começo próximo de suas aulas. Ele suspirou, sabendo que tinha que ir. Seu senso de tempo era muito árduo. 

Se levantou e foi até o balcão, onde pediu mais donuts para a viagem. Genos queria levar consigo um pouco daquela magia, e fez sorrindo internamente ao pagar pelos doces e sair da confeitaria, pronto para enfrentar mais um dia que sentia que não seria tão desgastante quanto os outros. Genos tinha um motivo para sorrir, afinal, mesmo que não demonstrasse fisicamente este sorriso.

Com isso, Genos deu início a um ritual sagrado que repetia todos os dias: ele se dirigia à Padaria de Saitama, sempre no mesmo horário aproximado, logo após o treino matinal, e então entrava no estabelecimento com passos firmes e silenciosos, se dirigindo ao balcão onde os doces eram expostos.

Genos observava com atenção cada um deles, admirando suas cores, formas e texturas. Escolhia um diferente a cada dia, sem repetir nenhum até onde fosse possível, ao ponto em que havia experimentado todos os doces do cardápio, desde os bolos fofos e cremosos e as tortas crocantes e recheadas, até os biscoitos crocantes e os macios e os muffins úmidos e aromáticos. Ele levava o doce escolhido à boca com delicadeza, e se deliciava com cada um deles ao sentir seus sabores se espalharem por sua língua e sua garganta. E tudo era bom.

One Chef ManOnde histórias criam vida. Descubra agora