Say my name

Capítulo 6

Matheus não se mexe, então eu vou até ele para tentar explicar o que estava acontecendo ali, se é que isso é possível. Mas ao invés de ele ficar bravo e gritar com todos nós, ele se deita na cama e apaga. Ele literalmente começa a dormir na nossa frente.

"Ele está chapado," Arthur diz pegando sua jaqueta do chão e a vestindo.

"Droga" digo baixo. Coloco a mão no rosto para tentar esconder a vergonha que estou sentindo agora, mas ela não vai embora.

"Foi divertido" Arthur diz se dirigindo até a porta para ir embora.

"O que? Como assim divertido?" Falo irritada, mas baixo para não acordar Matheus. "Você quase arruinou todo o meu namoro e minha reputação."

"Por favor Sah," ele diz como se aquela conversa fosse entediante. "Me poupe desses joguinhos agora, não fiz nada que fosse contra a sua vontade, há dois minutos atrás você estava completamente de acordo com o que estávamos fazendo" ele diz antes de sair pela porta, então eu vou atrás dele para buscar mais satisfações.

"Como assim estava de acordo? Foi você que colocou a mão onde não devia." O puxo pelo ombro e o deixo de frente para mim.

"E foi você que deixou eu colocar a mão onde não devia." Ele diz com um sorriso falso.

Algumas meninas passam pelo corredor sorrindo para mim e olhando para Arthur com os olhos famintos, mas ao passarem olham para mim de novo e me cumprimentam.

"Olá, como vão?" Respondo super simpática. Elas respondem brevemente e passam reto virando em outro corredor, então volto a olhar furiosa para ele.

"Olha só, Arthur" começo. "Não sei se você sabe, mas eu não estou no meu estado mais saudável agora. Eu estou triste e bêbada então esqueça que aquilo aconteceu e não conte para ninguém, senão você está morto" ameaço.

"Por favor, Sah, você realmente acha que eu vou querer que alguém saiba daquilo?"

Não respondo nada, apenas o olho de cara feia.

Nós nos encaramos por alguns segundos, então Giovanna chega com as pernas cambaleantes e coloca o braço ao redor de Arthur e dá um selinho em sua boca, e eu continuo de cara fechada. Não sei se é porque estou furiosa com Arthur, comigo mesma, ou se é porque Giovanna está o abraçando e beijando na minha frente.

"Arthur, você está ainda mais lindo hoje," diz ela se escorando nele praticamente caindo. Ela então olha para mim e um sorriso enorme aparece no seu rosto. "Sah, não acredito que está aqui, estava te procurando fazia horas" ela me abraça.

Eu sorrio e tento fingir que nada estava acontecendo. "Eu estava com Matt no quarto de hóspedes", olho para Arthur ao pronunciar essas palavras, e ele sorri para mim. Não de um jeito malicioso e charmoso, mas de uma forma sarcástica, como se estivesse tirando sarro de mim.

"Ah é? O que aconteceu com ele?"

"Ele exagerou na bebida hoje, mas já deve estar melhor."

"Que bom então," ela deita no peitoral de Arthur e começa a passar o dedo pelo rosto dele. "Estava com saudade de você, você também sumiu hoje."

"Não sumi não, estava atrás de você o tempo todo" ele mente.

Giovanna acredita ingenuamente no que ele diz. Mas não a culpo, no estado em que ela está, se falassem que a casa estava flutuando, ela provavelmente acreditaria.

Começo a voltar para o quarto de hóspedes quando vejo que os beijos começam a ficar mais quentes. Nunca devia ter falado para Giovanna ir falar com ele.

Quando chego no quarto, Matheus está do mesmo jeito que o vi quando saí. Tento o acordar para dizer para me levar para casa, pois não tinha como ir embora sem ele. Mas ele nem se mexe, então me encosto na cama para esperar ele acordar, mas quando vejo também estou dormindo.

Acordo no meio da noite com um barulho de alguém quebrando alguma coisa lá embaixo. Olho no relógio e vejo que dormi por quase duas horas.

Matheus ainda está dormindo desmaiado do meu lado, mas ao invés de esperar ainda mais por ele, eu resolvo descer e dar um jeito de ir embora sozinha. Até porque ele não estaria em condições de me levar para casa de qualquer jeito.

Logo que eu saio do quarto de hóspedes, vejo Arthur saindo de um quarto do outro lado do corredor. É o quarto de Giovanna. O encaro enquanto ele caminha, seus passos são tranquilos e sem pressa, e sua expressão não demonstra nada como sempre.

Antes que ele chegue até mim eu começo a descer as escadas correndo. Não quero nem saber o que ele estava fazendo no quarto dela. Tenho medo que talvez não goste da resposta.

Todos do andar de baixo estão drogados ou chapados, e a música alta quase me impede de ouvir meus próprios pensamentos, de tão alta que está.

Como o efeito do álcool já passou, vou até a cozinha e pego outro drink, já que vi que não vou embora tão cedo desta festa.

Vejo Arthur saindo pela porta desviando de todas as pessoas e meninas bêbadas que caem em cima dele propositalmente.

Começo a dançar e me movimentar de acordo com a música do jeito mais extravagante que eu consigo, tentando esquecer o fato de que acabei de trair meu namorado, a confiança da minha amiga e, mais para frente, quem sabe, a minha reputação.

Normalmente, eu não faria isso, não beberia tudo que estou bebendo hoje. Mas honestamente não me importo com a opinião das pessoas agora, e não me importo o que vai dizer no próximo dia de aula. Mas não acho que vão falar algo, até porque todos aqui estão dez vezes piores do que eu, provavelmente não vão se lembrar nem do que fizeram hoje.

Eu vejo o sol nascer com os outros, e logo os vejo indo embora. E depois só me vejo deitando no sofá e meus olhos se fechando para dormir no nascer do dia.