Uma nova realidade

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No dia seguinte, Satoru não prestou atenção em nenhuma aula da faculdade, pois os seus pensamentos estavam distantes. Em sua mente se repetia o momento em que Suguru o beijou embaixo d'água, com os seus lábios conectados, as mãos dele segurando em seu rosto, ambos imersos naquele novo sentimento.

Portanto, quando teve a oportunidade, Satoru retornou para a praia e andou na água até encontrar as rochas em que costumava ficar. Sentado no topo daquele lugar, ele tinha uma ideia pertinente em seus pensamentos, por isso, trouxe a mochila contendo algumas roupas. Mas e se Suguru nunca mais voltasse para vê-lo? E se aquele foi o seu último contato com ele? Satoru queria se agarrar a esperança de que tudo isso iria se revolver da melhor forma possível.

De repente, sentiu uma quantidade de água o molhando. Ao olhar para trás, se deparou com o rosto de Suguru. O moreno sorriu para ele, havia jogado água com o auxílio de sua cauda, assim, o pegando de surpresa.

— Estava sonhando acordado? — Suguru perguntou, nadando até ele.

Satoru finalmente voltou a sorrir e o seu coração se acalmou no peito.

— Estava pensando em você, Suguru — respondeu, com sinceridade. — Por que você fugiu de mim?

Nesse instante, existia um leve rubor nas bochechas de Suguru. De fato, ele havia se recordado do motivo principal e estava envergonhado por isso.

— Eu não fugi, eu só... fiquei confuso — disse, constrangido. — Eu não sei por que fiz aquilo. Se você estiver bravo comigo, eu vou entender.

Porém, Satoru sorriu um pouco mais.

— Não seja bobo, eu gostei daquele beijo. Inclusive, gostaria de te beijar de novo — ele comentou, fazendo com que o outro o olhasse surpreso. — Eu gosto de você, Suguru, e quero ser mais do que um amigo.

Suguru não soube o que responder de imediato, mas ele se sentia muito feliz, era a primeira vez que ouvia isso de alguém e se sentiu com muita sorte por ter os seus sentimentos correspondidos, no entanto, algo ainda o assombrava.

— Mas nós não podemos ficar juntos, pois eu não pertenço ao seu mundo.

— Não importa. Você consegue ficar algum tempo fora da água, não é? Isso é o bastante — respondeu, entusiasmado. — E eu vou continuar a te encontrar todos os dias na praia.

Ao ouvi-lo, Suguru virou de costas, ocultando a face.

— Ficando comigo você terá muitas limitações. Se você se apaixonar por um humano, poderá ser muito mais feliz.

Em seguida, Satoru fez um sinal negativo com a cabeça e olhou com seriedade para o outro.

— É você que eu quero, Suguru. Não importa se pertencemos a realidades diferentes.

Suguru pensou que poderia chorar naquele momento, porém, tudo o que fez foi curvar os lábios para cima, formando um sorriso sincero e repleto de amor. Ele voltou a encarar Satoru, se aproximando novamente das rochas em que ele estava sentado.

— Tudo bem, eu também quero você, Satoru.

— Tem certeza de que não tem nenhum peixinho que chamou a sua atenção? — o albino o provocou, rindo.

Como consequência, Suguru voltou a jogar água no rosto dele, o molhando.

— Oh, sim, eu tenho vários pretendentes.

Ambos se divertiram com aqueles comentários, até que Satoru voltasse a apanhar a mochila.

— Suguru, quero que você me acompanhe hoje. Entendo o seu medo por humanos, mas eu quero te mostrar as coisas boas que existem no meu mundo.

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