CAPÍTULO 16

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Julie

— Levanta, sai do chão, por favor. — Eu olhei para o Cícero ainda com um dos joelhos dobrados no chão e senti resistência quando tentei incentiva-lo para se por de pé.

— Julie, eu... Realmente posso?

— Poder o quê? Levanta, por favor, estou ficando envergonhada. — Minha barriga meio que estava batendo na testa dele.

— Posso ter um filho com a sua mãe? Quer, dizer nem vejo tanto a necessidade...

Eu coloquei as minhas mãos sobre os seus ombros, quase caindo para frente com o peso da minha barriga e esperei ele me olhar para eu poder falar.

— Escuta, você tá com a mamãe a mais de doze anos. Doze anos não é doze dias, ou doze semanas, não está vendo eu? No primeiro dia de  encontro e os safados dos meus companheiros me convenceram a ter bebês. Você deveria ter feito isso comigo, me feito ter desejado ter uma penca de irmãos.

— Mas você estava passando por problemas na época, seu pai não te dava atenção, estava indo mal na escola, vivia com raiva e chorava escondida, eu achei que me odiasse. Te dar um irmão poderia ser pior, roubar a atenção da sua mãe.

Ele tinha um ponto muito válido. Não fui exatamente uma criança modelo, e com a chegada da Celeste no começo, passei detestar ainda mais em ter que dividir as minhas coisas com ela, ao menos até parar de ser tão cabeça dura e sentir ciúmes da minha irmã.

Posteriormente querer recuperar o tempo perdido.

O Cícero tinha motivos de sobra para se sentir inseguro, a vinda da Celeste para a nossa casa foi por causa dele que cuidava da menina antes de conhecer a gente, e achei muito sensato da sua parte ter só apresentado após eu já estar acostumada com a sua presença.
Tanto é que só fui saber que a Cel já era a filha registrada do Cícero alguns meses atrás, fiquei chocada.

— Desculpa por causar problemas. Eu achei que você não gostasse de mim também. Cobras são tão solitárias e territorialistas, e fiquei presa numa noia que queria ser shifters também, já que todo mundo na minha casa vivia dessa forma e eu não, até mesmo a mamãe, mesmo que não se transformasse já estava com o espírito na borda só esperando ser libertada. — Dei mais umas batidas no ombro dele e continuei. — Obrigada por ser tão paciente comigo, mesmo que as vezes eu parecesse um pinscher com ódio do mundo.

— Sua mãe me disse que você foi uma canina e que a sua serpente até age como um cachorrinho. Isso explica muita coisa. — Riu baixinho.

— Pois é, meu espírito me mostrou certas coisas que deveriam ter ficado no passado. Ele não consegue deixar a antiga vida de lado, estou tentando ajudá-lo para que possamos nos unificar de vez e finalmente vivermos o nosso final feliz, porque a gente está bem agora e a nossa metade cumpriu com a promessa que fez.

— Uma promessa, é?

— É uma história com final triste, você não ia gostar de saber. — E eu estava tentando superar, ao menos já estávamos melhores do que no início.

— Hum, odeio finais tristes. — murmurou.
— Esqueci de te contar, aquelas tartarugas apareceram lá no meu consultório para saber como é que você está, quando eu disse que tu estava à espera de dois bebês, com dois maridos, todo mundo ficou em choque, mas felicitaram a gente pelo encontro de almas predestinadas e esperam que você retorne logo para o trabalho.

Toxine LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora