Julie
— Levanta, sai do chão, por favor. — Eu olhei para o Cícero ainda com um dos joelhos dobrados no chão e senti resistência quando tentei incentiva-lo para se por de pé.
— Julie, eu... Realmente posso?
— Poder o quê? Levanta, por favor, estou ficando envergonhada. — Minha barriga meio que estava batendo na testa dele.
— Posso ter um filho com a sua mãe? Quer, dizer nem vejo tanto a necessidade...
Eu coloquei as minhas mãos sobre os seus ombros, quase caindo para frente com o peso da minha barriga e esperei ele me olhar para eu poder falar.
— Escuta, você tá com a mamãe a mais de doze anos. Doze anos não é doze dias, ou doze semanas, não está vendo eu? No primeiro dia de encontro e os safados dos meus companheiros me convenceram a ter bebês. Você deveria ter feito isso comigo, me feito ter desejado ter uma penca de irmãos.
— Mas você estava passando por problemas na época, seu pai não te dava atenção, estava indo mal na escola, vivia com raiva e chorava escondida, eu achei que me odiasse. Te dar um irmão poderia ser pior, roubar a atenção da sua mãe.
Ele tinha um ponto muito válido. Não fui exatamente uma criança modelo, e com a chegada da Celeste no começo, passei detestar ainda mais em ter que dividir as minhas coisas com ela, ao menos até parar de ser tão cabeça dura e sentir ciúmes da minha irmã.
Posteriormente querer recuperar o tempo perdido.
O Cícero tinha motivos de sobra para se sentir inseguro, a vinda da Celeste para a nossa casa foi por causa dele que cuidava da menina antes de conhecer a gente, e achei muito sensato da sua parte ter só apresentado após eu já estar acostumada com a sua presença.
Tanto é que só fui saber que a Cel já era a filha registrada do Cícero alguns meses atrás, fiquei chocada.— Desculpa por causar problemas. Eu achei que você não gostasse de mim também. Cobras são tão solitárias e territorialistas, e fiquei presa numa noia que queria ser shifters também, já que todo mundo na minha casa vivia dessa forma e eu não, até mesmo a mamãe, mesmo que não se transformasse já estava com o espírito na borda só esperando ser libertada. — Dei mais umas batidas no ombro dele e continuei. — Obrigada por ser tão paciente comigo, mesmo que as vezes eu parecesse um pinscher com ódio do mundo.
— Sua mãe me disse que você foi uma canina e que a sua serpente até age como um cachorrinho. Isso explica muita coisa. — Riu baixinho.
— Pois é, meu espírito me mostrou certas coisas que deveriam ter ficado no passado. Ele não consegue deixar a antiga vida de lado, estou tentando ajudá-lo para que possamos nos unificar de vez e finalmente vivermos o nosso final feliz, porque a gente está bem agora e a nossa metade cumpriu com a promessa que fez.
— Uma promessa, é?
— É uma história com final triste, você não ia gostar de saber. — E eu estava tentando superar, ao menos já estávamos melhores do que no início.
— Hum, odeio finais tristes. — murmurou.
— Esqueci de te contar, aquelas tartarugas apareceram lá no meu consultório para saber como é que você está, quando eu disse que tu estava à espera de dois bebês, com dois maridos, todo mundo ficou em choque, mas felicitaram a gente pelo encontro de almas predestinadas e esperam que você retorne logo para o trabalho.
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Toxine Love
FanfictionSer um cobra não significa ser traiçoeira. Ao longo de milhares de anos, os shifters de serpentes vem mantendo as suas linhagens puras porque não conseguem cruzar com outras espécies. Ter esperança para que companheiros predestinados pudessem ficar...