ONZE

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A mente de Emily a levou para um momento vivenciado de manhã, enquanto varria um dos quartos do casarão. Ela poderia desconfiar do olhar mais profundo do noivo sobre si. Nunca o viu tão quieto e reflexivo do que quando estiveram mais próximos.

Não.

Tudo era loucura de sua mente

Ian amava Madeline e entre eles só havia brigas. Então, seus pensamentos foram interrompidos.

— Srta. Brown, comparecer à sala privada da Sra. Wood. Ela a aguarda! — Uma outra criada comunicou a Emily, que ajudava Corina na limpeza.

— O que ela deseja? — Emily perguntou curiosa, e reparou como Corina também tinha o mesmo questionamento.

— Ela somente ordenou. Já está à sua espera! — a criada declarou e deu a volta, saindo do quarto.

— Vá logo! Quando a patroa chama é nosso dever atender com prontidão! — Corina declarou, tirando a vassoura da mão de Emily.

A jovem assentiu e estava perto de sair, contudo ouviu:

—Ah, não esqueça de contar depois! — Corina deu uma piscadela e um sorriso divertido.

Emily retribuiu o sorriso e, no meio do caminho, pensou sobre qual seria a conversa de Madeline. Na verdade, imaginava o teor do assunto: Ian Turner. Ela ponderou que agora mais do que nunca deveria ser vigilante com as palavras, ou se enfiaria em mais uma enrascada e era provável Ian matá-la.

Não que tivesse medo daquele selvagem, mas precisa ser cuidadosa. Afinal, aquela era a casa que a acolheu, ainda que não tivesse pedido. Mas ao menos tinha um teto para dormir e alimento todos os dias. Era o que serviria até ir embora outra vez.

— Senhora Wood, mandou me chamar? — Emily indagou, abrindo a porta da sala de Madeline.

— Certamente! — Madeline estava sentada na pequena mesa de carvalho e com muitos papéis à sua frente.

— O que deseja? — Ela colocou sua mão para trás, como uma verdadeira criada.

Madeline ainda não tinha a olhado, porém indagou:

— O sr. Turner parece ter melhorado. O médico receitou novos medicamentos. Agora tem dormido bem. A noite passada não foi fácil — ela comunicava como se fosse a governanta e não a patroa. — Sua ajuda foi propícia também.

— Fico feliz pela melhora dele — Emily disse sem emoção.

Madeline assentiu e, de modo abrupto, começou a derramar lágrimas copiosas sobre os papéis. Ao ver a cena, Emily se espantou. Ora! Não imaginava que a patroa estivesse com as emoções tão descontroladas.

— O que aconteceu, sra. Madeline? Algo dói? — Emily se aproximou depressa.

— Sim, o meu coração — disse com a voz embargada. — Ah, Emily! Sinto que estou a beira de um precipício e não sei como escapar dele.

Os olhos da criada crisparam, ela gostaria de mais clareza.

— Isso tem a ver com o sr. Turner?

— Sem dúvida! — Madeline disse e fitou. — A angústia dele é tão profunda que nega as próprias afeições. Minha mãe costumava dizer que pessoas feridas preferem fugir ao encarar os fatos.

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