𝐒𝐚𝐧𝐝𝐦𝐚𝐧 ||• 𝔇𝔯𝔢𝔞𝔪𝔩𝔢𝔰𝔰 •||

༺CAPÍTULO III༻

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Um silêncio agitado, um terremoto na escuridão, um grito mudo.
Alora poderia encontrar várias formas de descrever como era suas noites de sono.. ou melhor suas horas de sono.

Não agora, claro, agora ela tentava administrar os quatro livros em seus braços, mais a sua bolsa, as chaves do dormitório que estavam pendurada no dedinho e seu celular dividia o pequeno espaço de sua mão com um Iced coffee com fragrância de baunilha. E preso em seus dentes estava o cartão de crédito.

Além de tudo isso, estava atrasada.
Não muito atrasada, mas o suficiente para a professora de Cálculo II pudesse puni-la com uma lista de atividades, das quais ela com certeza não teria tempo de resolver.

Alora nunca saberia explicar como mesmo não sendo capaz de dormir uma noite inteira ela ainda não chegava no horário... deveria ser a mais pontual de todos os alunos, mas ela simplesmente se ocupava com qualquer atividade e as horas deixavam de ser importantes.

Então no meio da pressa para chegar à sala de aula, mais a atenção focada em não derrubar nada que tinha nos braços, Alora tornou-se alheia as pessoas ao seu redor.
E foi quando aconteceu..

Alora sentiu o impacto tarde demais, sem conseguir impedir o caos de livros caindo. Os olhos foram para o homem a sua frente, um bocado alarmada ela agradeceu em silêncio por seu copo de café não ter caído também.

— Me desculpe! — apressou-se para dizer. — Eu não o vi e..

Mas o homem parecia mais ocupado em abaixar-se e recolher os livros para ela. Um arrepio estranho correu pela nuca feminina.
Alora o olhou com mais atenção, não que pudesse ver muito, já que ele estava abaixado, mas do que ela podia ver tratava-se de cabelos negros, volumosos e ondulados, a pele era mais bronzeada.

E quando ele se pôs de pé, estendendo os livros para ela com um sorriso ladino, Alora percebeu que seus olhos eram também escuros, mas além disso, sentiu um estranho rebuliço em seu estômago. Uma familiaridade.

— Não é preciso se desculpar. — disse ele. — Eu também sou responsável.. — seu sorriso alargou-se — não prestava atenção também.

O que era aquilo? Hispânico? Alora não sabia que a universidade recebia estrangeiros.

— Ah bem.. — ela sorriu pegando os livros — Nos dois devemos prestar mais atenção então.

— Nada de andar mexendo no celular. — brincou — Ou com mais coisas que os braços podem carregar.

Alora sentiu-se corar levemente e numa espécie de reflexo olhou para os próprios braços.

— Estou atrasada. — explicou, notando então que ele a fitava.

Um formigamento correu a pele, mas num lugar extremamente específico. Em sua marca de nascença, no pescoço.

— Nesse caso — ele murmurou — Seria bom se apressar. — os lábios masculinos cortaram um sorriso que em tese deveria ser gentil. — Nos veremos de novo.

Alora não teve tempo de reagir aquela fala, pois o homem, quem quer que fosse já havia batido em retirada deixando-a ali com uma cara confusa.