III | Insônia, Sentimentos e Magia

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Meu cabelo agarrava o meu pescoço, enquanto fios negros prendiam-se em minha testa molhada pelo suor

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Meu cabelo agarrava o meu pescoço, enquanto fios negros prendiam-se em minha testa molhada pelo suor. Soltei um gruninho, enfurecida, escutando os gemidos abafados e escandalosos do quarto ao lado.

Eu prendia o travesseiro contra o meu ouvido, evitando que os barulhos indecentes vindo das mulheres adentrassem os meus ouvidos e os fizesse sangrar. Embora todas as minhas tentativas foram em vão, já que as vozes, de algum modo, conseguiam penetrar o travesseiro adiante e alcançar os meus ouvidos. Por quê caralhos elas escolheram fazer sexo hoje? E justamente quando preciso dormir para tranquilizar a minha mente perturbada? Porra!

Ás vezes eu sinto que mereço esses créditos indesejáveis por tantos pecados que já cometi. Mesmo me sentindo destemida, creio que um dia eu possa acordar vivenciando o meu corpo queimar diante das chamas acesas do inferno.

Levantei-me, marchando para a porta e totalmente decidida de que eu bateria na porta do quarto ao lado e as xingasse de quaisquer xingamentos possíveis que pudessem atingí-las, ou melhor, não iria. Nem fariam nem ao menos cocégas.

Os meus passos pesados, portanto descalços, ecoavam pelo trajeto como um verdadeiro desfile de militares que estão se gabando em frente à cabos e coronéis do exército.

A grande diferença é que eu estou prestes a cometer uma das maiores e imperdóaveis barbaridades já existentes: impatar uma foda.

Portanto não, não sinto nenhum remorso em cometê-lo já que eu necessitava esquecer que aquele colar deu errado de alguma maneira. Necessitava de que aquilo escapasse dos meus pensamentos profundamente confusos e atordoados.

Suspirei fundo antes de pigarrear e bater meus punhos fechados na porta áspera com força para começar o meu grande discurso de palavriados.

- Vocês não se cansam não? Puta que pariu! Eu quero dormir, porra! - esbravejei depositando um milésimo de meu ódio nas poucas frases, olhando para a porta preta em minha frente, que parecia mais me julgar do que me separar das duas que estavam por trás dela.

Os gemidos e suspiros de prazer cessaram e finalmente soltei o ar preso por esperanças de que algo positivo viesse daquelas frases proferidas por mim.

Pelo tamanho de minha raiva que agora diminuía vagarosamente, esperei que minha boca desprendesse todo ódio encarcerado em minha garganta, mas tudo o que recebi foi simplesmente alguns poucos palavrões padronizados.

- Eu só quero dormir bem hoje. Não estraguem isso com os seus barulhos obscenos. - encostei minha testa na porta lisa contendo minha visão embriagada causada pela noite mal-dormida.

Pude escutar o som de grilos operando suas irritantes zoadas de "cri cri cri" de dentro do quarto.

- Obrigada. - agradeci pelo enorme esforço das duas.

Adelina | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora