E se eu não der certo com ninguém, fique sabendo que você é o culpado.

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{Maraisa}

Fui tomada por um pânico ao acordar e encontrar Danilo na minha cama. Recordava-me claramente da noite anterior, quando pedi para que ele ficasse, embora não estivesse plenamente consciente das minhas ações devido a influência do álcool. Sei que o álcool não altera o pensamento de uma pessoa, mas a torna mais desinibida ao expressá-los e foi exatamente isso que aconteceu. 

Eu queria muito que ele ficasse e por um impulso emocional fiz o que o meu coração pediu, porém, o arrependimento chegou de forma contundente no dia seguinte. Acabei agindo de forma infantil e joguei toda a culpa nele. Deixei claro que por mais que o pedido para ele ficar tivesse partido de mim, ele não deveria ter aceitado, pois, eu estava sob a influência do álcool e naquela ocasião ele não deveria levar a sério o que eu estava falando. Danilo ainda tentou argumentar, mas a insegurança e o medo fizeram com que eu fosse pelo caminho mais fácil: fugir da situação.

Durante o dia, Wendell, o rapaz que eu havia conhecido na noite anterior na casa da Simone, me mandou mensagem me chamando para sair. Acabei aceitando o seu convite pois vi uma oportunidade de fugir ainda mais da situação e mostrar para Danilo que eu queria conhecer outras pessoas.

Danilo chegou a me mandar mensagem, quando eu estava me arrumando para sair, pedindo para a gente conversar e resolver a nossa situação, mas eu não tinha nada para falar sobre o ocorrido. Disse que estava ocupada e que não tínhamos nada para resolver. Achei que ele estivesse entendido o recado, mas logo ele apareceu na minha porta querendo, mais uma vez, conversar. Danilo questionou a respeito dos nossos sentimentos, reforçou o que eu tinha mencionado na noite anterior de querer estar com ele. Fiz questão de deixar claro que minha intenção não era sinal de algo mais profundo entre nós e sim que o afeto que eu nutria por ele era apenas de amizade. Ele não acreditou em minhas palavras e, sinceramente, eu mesma não acreditei, ao ponto de evitar seu olhar. Mas foi quando ele falou algo relacionado a estar apaixonado que uma sensação desconhecida tomou conta de mim, aumentando o pânico que já sentia. Eu, uma adulta, acabei agindo como uma criança e, impulsivamente, disse que não queria mais manter aquela relação de amizade colorida. Eu não consegui encará-lo, a situação estava saindo do meu controle. Pedi para ele respeitar a minha decisão e foi exatamente o que ele fez. Danilo saiu do apartamento e por alguns dias eu não o encontrei. Ele não ia mais para a academia no horário habitual e não levou mais Caramelo para a clínica, sabia que ele estava me evitando. Eu no seu lugar, também faria o mesmo.

E os dias foram se passando e eu sentia falta de Danilo na minha rotina diária, mas a vergonha das minhas atitudes com ele, o medo e a insegurança me fizeram hesitar, levando-me a encontrar com Wendel praticamente todos os dias, na tentativa de suprir a sua lembrança.

Cheguei a me encontrar com Danilo na clínica veterinária quando ele levou Caramelo para uma consulta com Marília. Nesse dia a conversa não foi nada amistosa. Infelizmente, Marília acabou confidenciando para ele que eu estava saindo com o Wendell todos os dias e eu sabia que essa notícia ia estragar ainda mais a minha relação com Danilo. Eu tentei conversar com ele, explicar que por mais que eu estivesse saindo com o Wendell era apenas amizade, nada tinha rolado. Danilo não quis ouvir e deixou claro que estaria ali como um amigo, mas que no momento ele não poderia oferecer a sua amizade. Era nítido que ele estava decepcionado comigo, suas palavras carregavam mágoa e aquilo fez o meu coração se partir. Aquela rápida interação mexeu com minhas emoções. O restante do dia foi só ladeira abaixo: eu não consegui tirar Danilo da minha cabeça. Cada lembrança daquele encontro repentino me trazia uma sensação de sufocamento, um aperto no peito e vontade de chorar. Eu não queria fugir daquela situação, mas eu não sabia como sair daquele limbo que eu mesmo tinha me colocado.

No dia seguinte, Maiara me convidou para ir até a sua casa e lá eu acabei encontrando Danilo. Senti um certo nervosismo com a presença dele, a ansiedade sobre o que aconteceria durante a noite me deixava apreensiva, mas a notícia da gravidez de Maiara trouxe um ar de leveza para o ambiente. Nós estávamos felizes pela nova família que nossos irmãos estavam formando e conversamos bastante sobre isso no caminho de volta para casa quando ele me ofereceu carona. Por um momento, parecia que as coisas entre nós estavam voltando ao normal. Aquele breve momento na sua companhia me fez ver a saudade que eu tinha dele. Sentia falta de tudo em Danilo: do bom dia, do seu sorriso, dos seus carinhos, da sua preocupação comigo, dos seus beijos, daqueles olhos me fitando. Tudo nele eu sentia falta e eu queria dizer isso para ele na volta para casa. Tentei falar, mas algo me impediu e eu perdi a coragem que tinha buscado durante todo o percurso de volta. Como eu falei, foi um instante breve em que pensei que tudo estava bem entre nós, no entanto, os dias se passaram e Danilo sumiu novamente.

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