{Danilo}
Seguimos o trajeto para o hotel em silêncio. Eu tinha escutado algumas coisas que me deixaram um tanto intrigado e minha maior vontade era de saber se eu tinha escutado errado a parte de que Maraisa já tinha perdido um filho. Fiquei pensativo durante o caminho, mas eu sabia que eu não podia perguntar isso a ela. Eu tinha que esperar o seu momento para que ela se sentisse confortável em contar sobre o ocorrido.
Entramos abraçados de lado no elevador e vez ou outra eu dava um beijo no topo da sua cabeça. Quando adentramos no quarto, Maraisa olhou para a foto e sorriu.
— Maraisa. — A chamei e ela me olhou. — Eu vou descer um pouco, vou dar privacidade para você ler a carta. — Falei olhando para o papel que estava em sua mão e ela negou com a cabeça, se aproximando.
— Não precisa sair, Danilo.. Eu não vou ler a carta agora. Eu vou ler a carta quando estiver com Nala, vai ser uma maneira de saber que Hope está comigo. — Ela sorriu e eu sorri junto.
— Então o que você quer fazer agora? Vamos sair para comer? — Sugeri e ela se recusou.
Maraisa se aproximou mais e espalmou as mãos no meu peitoral.
— Eu quero conversar com você. — Beijei a testa dela e abracei a sua cintura. — Sei que ouviu algumas coisas que Dora disse e eu queria conversar sobre isso. — Ela olhou em meus olhos.
— Maraisa, tá tudo bem.. você não precisa falar nada. — Eu realmente estava curioso para saber o que tinha acontecido, mas não queria que ela me contasse somente porque Dora tocou no assunto, e sim quando ela se sentisse confortável para falar.
Ela sorriu discretamente, se aproximou mais, me dando um selinho e respirou fundo como se estivesse criando coragem para prosseguir.
— Eu não contei a história toda para você sobre a traição.. Contei em partes e ocultei outras partes. — Ela começou a falar, ignorando o que eu falei e logo a interrompi.
— Maraisa, você não precisa contar nada.. está tudo bem. — Comentei, negando com a cabeça.
— Está tudo bem, Danilo.. eu quero contar. — Sua voz era calma e ela falava olhando em meus olhos.
Balancei a cabeça em modo afirmativo e fiquei em silêncio.
— Eu te falei que eu fui para um congresso com a Marília e que quando retornei, eu descobri que estava sendo traída. — Concordei, assentindo com a cabeça, assim que ela começou a falar.
— Sim, você comentou isso. Disse que ele só te contou isso porque a mulher engravidou. — Fiz um breve comentário.
— Sim, isso de fato aconteceu, mas algumas coisas ocorreram no caminho... — Fiquei atento ao que ela falava. — Assim que eu retornei do congresso, eu comecei a me sentir muito mal. Eu fiquei alguns dias com dores abdominais e na parte inferior das costas, mas achei que pudesse ser a correria do dia-a-dia, sem tempo de descansar direito. Tanto que não procurei ajuda médica e fiquei me automedicando. — Ela fez uma breve pausa enquanto saia dos meus braços e logo continuou a falar. — Eu melhorava quando tomava medicamentos e achei que essa indisposição ia passar, mas infelizmente não passou. — Negou com a cabeça e respirou fundo. — Uns dias depois desse ocorrido, eu comecei a ter febre, e eu me lembro que enquanto tomava banho para a febre diminuir, eu fui surpreendida por uma intensa dor na região abdominal e, quando eu olhei para baixo, eu vi uma grande quantidade de sangue, o que me causou desespero. Eu comecei a me sentir fraca, tentei ligar para meu ex, mas ele não tinha atendido nenhuma ligação minha o dia inteiro. — Ela deu um sorriso triste. — Então recorri a César, ele me socorreu e quando eu cheguei no hospital eu senti a vista escurecer e desmaiei. — Maraisa fez uma pausa e mordeu a bochecha. — Quando eu acordei, eu estava na cama de um hospital e César estava ao meu lado. — Ela parou de falar e abaixou um pouco a cabeça, encarando o chão. — Naquele momento, ele me contou o que tinha acontecido, eu estava grávida e tinha sofrido um aborto. — Maraisa voltou a me olhar e seus olhos estavam brilhando devido ao acúmulo de água em seus olhos.. — Disse que eu precisei passar por uma intervenção cirúrgica de urgência devido à minha condição de infecção, pois tive um aborto retido, que ocorre quando há morte do embrião e o feto não é expelido, permanecendo por algumas semanas no meu ventre. Foi um choque para mim aquela notícia. Segundo os médicos, eu já deveria estar entrando no quarto mês de gestação. Eu não tinha desconfiado de que estava grávida.. eu não tive nenhum sintoma, nem sinal de gravidez. Não senti enjoou e minha barriga nem se quer cresceu, eu jamais imaginei que estivesse carregando um bebê. — Ela negou com a cabeça enquanto falava coma voz embargada.
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Quer meu para sempre?
FanfictionApós uma experiência traumática em um relacionamento, Carla Maraisa acabou alimentando um medo quase irracional de se apaixonar novamente, ficando presa a esse passado. Tão machucada, ela não quer mais investir em um romance que (em sua cabeça) já...