O que a sua boca não fala, o seu beijo me revela

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{Danilo}

Passei a noite em claro pensando na visita inesperada de Maraisa ao meu apartamento para explicar algo desnecessário. Digo desnecessário, porque não tinha necessidade dela vir a minha porta e explicar a relação que ela tinha com aquele Zé ruela. No entanto, sua atitude acabou confirmando que ela também possuía sentimentos por mim, mas tinha medo e receio de se envolver mais do que o seu coração permitia. Maraisa havia sido profundamente machucada no passado, o que justificava sua desconfiança em relação a relacionamentos. Seu comportamento oscilante entre demonstrações de interesse e frieza repentina era uma forma instintiva de se proteger. Meu interesse por ela era genuíno e se eu realmente quisesse ter um relacionamento com aquela baixinha, não poderia me abalar com suas variações de humor. Seria necessário ter paciência e conquistá-la aos poucos, para que ela se sentisse segura o bastante para se entregar.

Levantei da cama, tomei banho, fiz um café e fui treinar na academia. Pratiquei um pouco de luta, tomei uma ducha no local e então segui para a casa de minha mãe para almoçar com ela e buscar Caramelo,  que havia ficado sob os seus cuidados durante a minha curta viagem.  

Após o almoço, voltei para casa e ao chegar no meu apartamento, fui surpreendido com uma mensagem  de Murilo Huff, avisando que ele e Marília haviam terminado. Conversei rapidamente com ele, porém não prolonguei o assunto, pois logo em seguida Marília me mandou mensagem me convidando para ir até a sua casa.

Não sabia detalhes do término, mas imaginei que Marília  quisesse conversar sobre o ocorrido ou apenas ter um ombro amigo para chorar.  Resolvi ir até o mercado comprar algumas guloisemas como chocolates, sorvetes e coockies na intenção de passar o restante do dia com ela. Passei em casa, peguei Caramelo e segui para o apartamento das meninas.

Bati na porta e ninguém atendeu. Toquei a campainha, mas não houve resposta. O elevador se abriu, olhei para trás e Maraisa apareceu. Ela assim que me viu, sorriu e eu sorri de volta. Maraisa estava de óculos de grau, usava uma mochila de ombro e a outra mão estava ocupada segurando uma bolsa e um molho de chaves.

Caramelo foi o primeiro a se aproximar dela abanando seu rabo.

— Caramelo, como você cresceu. — Ela se abaixou para falar com o cachorro, fez carinho nele, se levantou e caminhou em minha direção.

— Oi, Maraisa. — Falei quando ela se aproximou. — Tudo bem? — Me afastei da porta para ela poder abrir.

— Tudo sim e você? — Ela disse um pouco envergonhada e desviou o olhar do meu, se aproximando da porta.

Será que ela ficou com vergonha por ontem? — pensei.

— Tudo também. — Concordei. — Eu vim ver a Marília. Já bati na porta, toquei a campainha, mas ela não atende.

Ela olhou para as sacolas na minha mão e parou ao lado da porta. — Aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou e procurou a chave para abrir a porta. — Marília dormiu na casa do Murilo. Acordei hoje para ir para a clínica e ela ainda não tinha chegado. Acho que ela deve estar na casa dele. — Ela explicou.

— Marília já está em casa. — Afirmei. — Murilo me mandou mensagem falando que ele e Marília tinham terminado e logo depois.. — Parei de falar quando Maraisa parou de procurar a chave e me olhou com cara de espanto.

— Marília e Murilo terminaram? — Ela perguntou como se não estivesse acreditado no que eu havia falado e eu concordei com a cabeça em modo afirmativo.

— Ao que tudo indica, sim. — Balancei a cabeça novamente confirmando o que eu havia falado. — Marília me chamou para vir aqui, mas acabei não respondendo a sua mensagem porque fui ao mercado comprar algumas coisas. — Mostrei as sacolas que estavam na minha mão. — Saí do mercado, vim para cá e agora ela não atende.

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