Ainda Amo Você (EM ANDAMENTO)

🩺SEIS🩺

LIAM

— Você veio.

Aquele simples tom já me dizia o quão satisfeito Henrique estava ao me encontrar ali em uma das poltronas do teatro, me escondendo como um fugitivo. Ergui meus olhos até que eles encontrassem a figura alta e loira, com os olhos tão idênticos aos da filha fixados em mim. Eu não queria ser descoberto, ainda mais depois de dizer que não para mim mesmo que não colocaria os pés aqui.

— Você me deu o ingresso — balancei os ombros. — Não queria fazer desfeita.

— Claro — sorriu. — Você nunca quer fazer nada para me causar desfeita. Antes eu acreditaria se o que nos une aqui não fosse a minha filha.

Me afundei naquela poltrona vermelha, o rosto queimando de vergonha.

— Você pensou no que vai fazer? — perguntou, olhando-me com atenção.

— Você me convidou — tentei soar firme.

— Te dei o ingresso, filho, mas só você sabe com quais intenções veio. De qualquer forma, espero que até o fim deste espetáculo você já tenha se decidido.

— Não posso decidir algo que não pode ser desfeito.

Henrique voltou os olhos para mim, dessa vez mais sério, como se me odiasse por desperdiçar o que estava me dando. Nós dois sabíamos que Emma tinha grande significado para mim, ela sempre foi a única coisa que meus olhos nunca se desviavam.

— Estou te dando a oportunidade de segurar a mão da minha filha, Liam — disse, firme. — De olhar nos olhos dela e poder dizer o que esse seu coração precisa. Muitas pessoas não têm essa chance, nunca vão conseguir dizer que amam alguém. Isso é algo que não pode ser desfeito, filho. E o que quer que decida esta noite também não poderá ser desfeito.

— Você parece muito animado, Parker.

Sou arrancado das lembranças que me envolvem, assim que a voz irritante de Rick anuncia que o desgraçado decidiu invadir minha sala outra vez. A parte legal de ser alguém educado, é que você recebe muitos favores, a parte ruim é que também acaba recebendo gente folgada como Rick Clark, o cardiologista que em breve vou degolar. O homem tinha a tendência de ser irritante, e temo que ele acredite que isso é um tipo de charme, quando na verdade, por causa dele é capaz de o índice de assassinatos aumentar.

— Eu estava até você chegar — inquiro, jogando outro pedaço de papel no lixo. — Não tem uma sala para você, não?

Rick soltou uma expressão de pouco caso, seguindo até o meu sofá que a minutos atrás, tirei um cochilo. A verdade é que, eu estava prestes a encerrar o expediente, e estava louco para ver Lorie e, claro, dormir feito uma pedra. Estou cansado e com fome, essas duas combinações não são nada boas. Principalmente, para mim.

— Eu gosto daqui — comentou, deitando-se no sofá, jogando os braços para trás da cabeça. — Tão bonito e espaçoso...

— Não vou te dar a minha sala — disse, grosseiramente.

— Que grosseiro da sua parte, Parker. Achei que você só soubesse ser bonzinho.

Sorrindo feito um cretino, tive quase certeza de que meu cérebro faria questão de enviar uma mensagem para todo o meu corpo se mover e matá-lo. Por azar, ainda não enlouqueci.

— Não me faça foder com a sua vida, Clark — ele riu, como se realmente gostasse da ideia. — Sai da minha sala.

Não, não somos inimigos.