vive sua vida

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— Sim... Ele não se levantou, não sei há quanto tempo está no ninho. Não sei exatamente quando ele fez isso.

Cooper abriu um pouco a porta para olhar para a cama, para o corpo enrolado como uma bola sob as cobertas.

– Ele está dormindo agora, ficou chorando muito até adormecer.

As horas se passaram, já era quase meio da tarde, Tong não havia retornado e não havia atendido nenhuma das dez ligações , nem lido as mensagens.

Ele ouviu o médico suspirar.

– Você ainda não marcou, Patpasit?

Não", ele disse, bem baixinho.

– O que você está esperando?

Cooper não queria fala , ele não queria fazer isso.

Não quero marcá-lo sem que ele queira –  disse a primeira desculpa que lhe passou pela cabeça.

– Se você está falando de amor, Patpasit, isso pode esperar, mas a vida é algo mais importante, rapaz, falou o médico.  Terão tempo para se apaixonar, mas o Gulf tem que sobreviver, é preciso fazer o vínculo.

Cooper negou, embora o médico não tenha visto.

Sem querer dizer nada, o jovem alfa desligou, virou-se para a porta e olhou para ele por um momento antes de entrar no quarto.

Aproximou-se da cama, observando o fluxo calmo da respiração do ômega.

Cooper colocou a mão no ombro do menino.

Gulf... Acorde, tenho uma coisa importante para te contar...-Cooper mexeu um pouco o corpo, mas o menino não reagiu Gulf... Gulf?

Ele mexeu nos lençóis que o cobriam, vendo como o rosto do ômega ficava calmo quando ele dormia, e como seus lábios se moviam um pouco com sua respiração lenta.

Cooper apoiou as costas da mão na bochecha do ômega, estava muito frio.

Gulf não apresentava mais rubor no rosto, pelo contrário, sua pele estava pálida, com olheiras escuras e roxas sob os olhos, além de seus lábios possuírem um tom azulado.

O coração de Cooper disparou de preocupação, o menino parecia muito pior do que antes.

Ele subiu na cama, esquecendo de quebrar o ninho, e como se Gulf tivesse percebido que ele começou a negar com a cabeça, e sua expressão calma mudou para desesperado, embora ele não tivesse forças para abrir os olhos, seus cílios tremulavam, ele cerrou os olhos e mal abriu uma fresta para ver, embora não conseguisse ver bem o moreno.

– Calma, Gulf  —  Cooper o agarrou pelos lados, apertando- o contra ele em um abraço firme, embora o omega se debatesse para tentar se libertar.

N-Não..." ele murmurou.

O olhar de Cooper foi para o pescoço do ômega, olhando para sua pele, imaginando uma marca em seu lugar correto.

Sem seu total consentimento, suas mãos foram até o pescoço de Gulf, o ômega se assustou, como se soubesse o que Patpasit estava pensando.

"Não, não, não..." implorou, quase sem voz, sentiu as lágrimas caírem. Você não será meu alfa, meu vínculo não é com você, não...

Cooper se afastou para olhar para ele.

Eu também não quero, Gulf — Ele murmurou.

Então por que diabos você está fazendo isso? Ele deixou escapar, com os olhos mal abertos.

Cooper parou, e por um segundo admirou aquele omega com todo o seu ser, mesmo estando tão fraco e doente, Gulf manteve sua postura, e estava disposto a lutar mesmo sem conseguir se mover.

Sabes que está morrendo, Gulf? Disse em um sussurrou.

Gulf congelou por um momento, seus lábios  inferior tremeram, negou suavemente.

– Não vou morrer – murmurou  – Meu alfa não vai deixar.

¿ Teu alfa?

Gulf assentiu, as lágrimas caindo, mas ele sorriu.

Cooper relembrou da  conversas com Tong.

– Seu  alfa... ¿Mew Supasit?

Gulf assentiu novamente.

– Você estava com ele quando pensamos que você estava perdido, certo?

Gulf assentiu novamente.

Ele cuidou de mim — Ele murmurou. E ele me prometeu que ficaríamos juntos.

Cooper suspirou.

Gulf, você... vê Mew Suppasit, por aqui?

— Ele virá...

Você está morrendo, Gulf, e eu posso salvá-lo.

Você não está me salvando —  Gulf falou com confiança, apesar de parecer fraco. Você está me condenando a viver.

Cooper não conseguiu dizer nada.

Você também está se condenando a viver —  acrescentou o Ômega. "Você não pode viver para si mesmo? —  Pelo menos  uma vez na vida? Por que você não tenta viver sua vida, Patpasit...

O moreno não tinha palavras.

Os olhos de Gulf se fecharam, ele parou de lutar e Cooper apoiou seu corpo levemente em cima dele.

A respiração do ômega estava difícil, quase como se ele tivesse corrido vários quilômetros, tivesse se esgotado naquela discussão.

Deixe-me dormir — murmurou o ômega em seu peito  –E não faça nada.

Cooper demorou um segundo para prestar atenção em Gulf, ele o deixou na cama, cobrindo-o com os lençóis e reorganizando desajeitadamente o ninho, saiu do quarto se sentindo um pouco mal.

Ele caminhou pelo corredor, tentando apagar a ideia de que Gulf Kanawut morreria por sua causa.

Ele ouviu a porta da frente abrir e franziu a testa.

Ele ouviu passos apressados e quando chegou à escada viu três pessoas em sua sala.

– Poy ? – ele  murmurou, sentindo seu coração palpitar ao ver o garoto de cabelos negros.

Os três olharam para ele, mas um grito os fez olhar mais longe.

Um grunhido como o de um animal vindo de trás da última porta do corredor.

– Gulf?

Um cheiro intenso de café o fez se virar novamente, vendo o único dos três que ele não conhecia, um menino moreno, subindo as escadas rapidamente.

Seu cheiro forte e o rosnado baixo do garoto o fizeram sair do caminho, encostando as costas na parede.

Ao passar ao seu lado ,  sentindiu o cheiro de pinho, pareceu atingi-lo com sua intensidade.

Ele viu aquele alfa moreno entrar no quarto de Gulf, fechando a porta rapidamente…

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