Cruz e Aaliyah: o depois da Operação Lioness

Capítulo 1

POV Aaliyah

Um mês se passou desde a fatídica noite da morte de meu pai e Ehsan. Um mês que tento entender o que aconteceu, e como pude me enganar tão fácil. Como Zara Adid, aquela linda americana que ocupou um imenso espaço no meu coração e pensamento, me traiu de tal maneira? Seu nome nem mesmo deve ser esse...

Não sei explicar a dor que sinto a cada segundo desse mês. A dor da perda do meu pai. A dor da perda de um amor, Zara. Por Ehsan eu sinto muito, não posso mentir que o amava, era um grosso comigo sempre que podia, mas lamento seu assassinato. Zara, Zara, Zara... por quê você fez isso?

- Com licença senhorita Amrohi, finalmente a polícia liberou os dados do computador pessoal de Ehsan. Foi mais difícil acessarem as informações sigilosas do que esperavam - meu segurança mais leal entra no escritório do meu pai, onde estou examinando alguns contratos.

- Vamos, me diga. O que descobriram?

- O último acesso dele foi minutos antes de ser assassinado. Ele estava hackeando um sistema para identificação de identidades. E olha só, Zara Adid não é Zara Adid. Ehsan descobriu que se trata de Cruz Manuelos, uma fuzileira dos EUA, por isso as câmeras de segurança registraram sua pressa de procurar alguém. E encontrou seu pai e a tal fuzileira na cozinha, onde tudo aconteceu.

- Localize Cruz Manuelos imediatamente, caçe-a até no inferno se for preciso - ordeno sentindo minha cabeça doer, amor e ódio ocupando o mesmo espaço. Encontrarei Zara, ou melhor, Cruz, e não sei o que sou capaz de fazer.

POV Cruz

- Esqueça Joe, eu não faço mais parte dessa porcaria de operação. Procure outra fodida na vida pra fazer seus trabalhos sujos - falo secamente ao ouvir a cretina da Joe ter a coragem de me convocar para a operação lioness de novo.

- Olha, acho que se você escutar uma coisinha vai mudar de ideia.

- Não tem nada que me faça voltar.

- Tem certeza? E se eu disser que sua amada Aaliyah Amrohi está jurada de morte por alguns "amiguinhos" árabes? - me olha cinicamente - não voltaria por ela?

- Você acha mesmo que vou acreditar nesse seu truque? E por mais absurdo que seja vou perguntar: como você acha que eu conseguiria me aproximar dela de novo? Só pode estar louca.

- Não seria você diretamente, óbvio. Não se preocupe com os detalhes. Só pense um pouco como seria triste sua doce Aaliyah ser torturada, estuprada e morta por você não querer ajudar

- Isso é muito baixo, até pra você Joe. Não ouse me pressionar a fazer mais qualquer coisa usando meus sentimentos. Saia agora. - apontei para a porta do "meu" apartamento. Joe não questionou antes de sair com ar de consegui o que eu quero.

Dois meses se passaram desde que tive que fazer a difícil escolha de perder Aaliyah. Porque é claro que ela deve me odiar agora. Eu fui uma filha da puta com ela. O que eu nunca esperei que acontecesse foi me apaixonar por ela, porque eu sabia o que eu precisava fazer. Matar um terrorista, pelo menos me disseram que era um terrorista. Aquele senhor me oferecendo um sorvete caríssimo e delicioso não poderia ser o responsável por tantas mortes, ou poderia, como a CIA me fez acreditar veementemente? Essa maldita dúvida me persegue dia e noite. Eu matei aquele homem me questionando se deveria ou não. Talvez os sentimentos por Aaliyah Amrohi tenham mesmo interferido no meu julgamento, talvez eu realmente não tivesse matado-o nem naquela noite nem no dia seguinte. Mas aquele corno do Ehsan atrapalhou tudo, me deixou sem outra opção. Se eu não tivesse feito o que fiz, Joe e Katlyn estavam a postos para bombardear aquela península inteira. Não seria só eu ou o velho Amrohi que morreria. Aaliyah morreria.

- Eu não mereço isso Aaliyah, mas eu espero que um dia você possa me perdoar - falo sozinha olhando pro teto do apartamento onde me instalaram por livre e espontânea pressão, "manter você sigilo, seja uma boa menina", disseram Joe e Katlyn - quer saber, que se foda a operação lioness, que se foda a CIA, Joe e Katlyn

Me levanto em um pulo, pego uma jaqueta e alguns dólares. Preciso beber alguma coisa, de preferência bem forte. Nada nem ninguém, como o frio de Seattle, pode me impedir. Deixo meu localizador desligado, não preciso de ninguém me seguindo hoje.

[...]

Entro num pub não muito cheio, talvez por ser uma noite de terça-feira fria. Vou direto para o bar, não era necessário ocupar uma mesa estando sozinha.

- Whisky duplo, pouco gelo, por favor - peço ao barman, que sai logo em seguida

O jukebox ali perto parecia sempre tocar músicas das décadas de 80/90, talvez pelo público daquele pub não ser só de adolescentes. Bizarre Love Triangle começa a tocar e o barman retorna com minha bebida.

Every time I think of you

I feel a shot right through, in a bolt of blue

It's no problem of mine, but it's a problem I find

Living a life that I can't leave behind

(Toda vez que penso em você

Eu sinto um tiro passando por mim, num raio de tristeza

Não é um problema meu, mas é um problema, eu acho

Vivendo uma vida que não posso deixar para trás)

O whisky desce queimando minha garganta, me dando uma sensação masoquista de prazer. Eu mereço dor. Causei dor pra mulher que eu amo. Ela nem mesmo sabia quem eu era.

There's no sense in telling me

The wisdom of a fool won't set you free

But that's the way that it goes, and it's what nobody knows

And every day, my confusion grows

Every time I see you falling

I get down on my knees and pray

I'm waiting for that final moment

You'll say the words that I can't say

(Não faz nenhum sentido me dizer

A sabedoria de um tolo não vai te libertar

Mas é assim que as coisas são, e é o que ninguém sabe

E a cada dia, minha confusão aumenta

Toda vez que vejo você caindo

Eu me ajoelho e rezo

Eu estou esperando por aquele momento final

Em que você dirá as palavras que eu não posso dizer)

Na metade do segundo whisky, começo a sentir tudo rodar. Rapidamente ativo meu localizador. Não era possível que toda aquela "tontura" fosse efeito do whisky, me drogaram. Porra, não posso tomar nada em lugar público sem ser drogada? De repente sinto uma presença atrás de mim, seguido de um sussurro em meu ouvido.

- Sentiu minha falta, Zara?

Antes de qualquer resposta, desmaio.