Capítulo 3

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POV Cruz

Por mais que Aaliyah não quisesse estar ali comigo, a situação não permitia que não estivesse. Após alguns minutos em completo silêncio decido fazer uma pergunta importante.

- Que outras línguas você tem fluência? Pro caso desses babacas estarem nos ouvindo.

- Francês, português, espanhol e russo.

- Ты забрал мой локатор? Или инвалид? (Você retirou meu localizador? Ou desativou?) - pergunto em russo, torcendo para ser quase impossível esses caras entenderem.

- Я даже не знал, что он у меня есть. (Nem sabia que estava com um.)

- Eu sou a mulher mais procurada no Oriente Médio, é o mínimo. 

- Je ne l'ai pas pris, tu penses qu'ils peuvent nous suivre? (Eu não peguei, você acha que eles podem nos seguir?) - Aaliyah responde em um francês fluente

- Je l'espère, Joe me doit celui-là. (Espero que sim, Joe me deve essa.)

- Ainda bem que sou iniciante em sequestros. - por um momento consigo ver a Aaliyah por quem me apaixonei

- Poderia me soltar? Tem um canivete em um bolso falso da minha jaqueta. Estando assim não consigo lutar contra ninguém.

- Por que quis ser fuzileira?

- Não quis, mas foi a maneira que encontrei de não morrer. A história da frigideira é real. E por sorte quando aquele filho da puta quase me pegou, eu caí justamente nos pés de um fuzileiro. Base naval. Me ofereceram uma nova vida, e aqui estou eu. - ela terminar de me soltar e sinto meus músculos pedirem um bom relaxante, mas ainda não era hora pra isso.

- A custa de matar pessoas inocentes? Eu te falei que meu pai não era terrorista, e mesmo assim você o matou. - seu tom era carregado de mágoa, o que eu compreendia

- Eu tentei sair da missão antes disso. Juro que tentei, mas a Joe...- não consigo terminar a frase, escuto passos perto da porta. - Me escuta, me dá seu revólver e se abaixa atrás desse sofá. No momento em que entrarem aqui preciso que você esteja escondida, até eu matar todos.

- Você está louca? São muitos homens Cruz - seu olhar era de terror

- Agora Aaliyah, por favor. - agradeço aos céus por ela me obedecer sem mais questionamentos e me posiciono ao lado da porta.

Dois capangas do tal Mohammed entram no ambiente, e antes que o segundo feche a porta, disparo na cabeça do primeiro. O segundo, ao me perceber solta, avança sobre mim, o que não é problema, pois consigo derrubá-lo com um golpe que qualquer homem cairia, finalizando com um tiro.

- Vamos Aaliyah, agora. Aonde estamos? Preciso saber.

- Um hotel simples, porém que eu fechei apenas para aqueles que eu confiava como meus homens, todos os funcionários foram dispensados. Tem cerca de 50 seguranças, se Mohammed não tiver contratado mais. São 5 andares. Sem elevador.

- Um hotel nível Cruz, nem elevador tem. - conseguimos descer um andar daquela espelunca, mas ao abrir a porta da saída de emergência um segurança atira contra nós e grita pedindo reforços, consigo atirar em suas duas pernas e ele cai.

Um estrondo ecoa do andar térreo daquele hotel, e só consigo pensar "fodeu, vem aí 300 brutamontes". Mais 5 homens vêm em nossa direção, consigo eliminar 2, mas as balas do revólver acabam e tenho que resolver do modo difícil. Mata-leão e canivete na jugular. O quarto homem agarra Aaliyah, mas com um chute nas partes baixas ela consegue se soltar e tenta chegar até mim. Porém o 5° homem seria o problema: antes que Aaliyah conseguisse, vejo ele mirar a arma em sua direção, e sem pensar pulo em sua frente. A partir daí os segundos e minutos parecem infinitos. Sinto a bala adentrar queimando em minha pele. Sangue escorre pelo meu abdômen. Escuro Aaliyah gritar como se estivesse a quilômetros de distância, e também escuto as vozes de Joe e Bobby? Mais um disparo e vejo tudo ficar preto.

[...]

POV Aaliyah

Choro, gritos, desespero. Essas eram minhas únicas reações vendo Cruz desmaiada em meus braços. Levou um tiro por minha causa. Não, ela não pode morrer. Enquanto eu chorava sobre seu corpo mole, um disparo mata o infeliz que atirou nela. Minha Cruz. Embora ainda sinta ódio por ela ter feito o que fez, ela é o meu amor. Eu odeio amá-la. Mas amo, amo muito. Sinto mãos tocarem os meus ombros.

- Amrohi, temos que ir, ela precisa de um hospital. Me chamo Joe, não se preocupe, cuidaremos de vocês.

- El...ela não pode morrer, salve ela. 

- Essa garota é muito mais forte do que você pensa. Vamos.

[...] HOSPITAL SEATTLE GRACE

Três horas se passaram desde que Cruz entrou no centro cirúrgico. Ainda nenhuma notícia, aumentando minha angústia. Três horas nunca passaram tão lentas na minha vida. Pedia a Alá que tivesse misericórdia de Cruz e a deixasse bem. Ela não pode morrer...

- Vai furar o chão de tantas voltas que dá, princesa das arábias - disse uma mulher que se apresentou como Bobby - vocês realmente estão apaixonadas? Por isso meu gaydar apitou com a Cruz.

- Como assim? - não entendi nada

- Você sabe, uma gay reconhece outra. E quando eu observei ela se aproximando de você, como se fosse apenas parte da missão, senti o cheiro de couro. Ela realmente gosta de você, saiba disso.

- Amrohi, posso falar com você? - Joe interrompe a conversa, ao lado de uma mulher pálida e loira - essa é Katlyn, da CIA. Precisamos saber o que aconteceu naquele hotel. Eu avisei para Cruz que uns árabes estavam tramando contra você, mas ela achou que fosse mentira.

- O irmão de Ehsan quer vingança, quer eu e Cruz mortas. Mas acho que aqui não é lugar nem o momento de falar disso. Estou preocupada com Cruz, só isso importa agora.

- Amigos e familiares de Cruz Manuelos? Sou Meredith Grey, a médica responsável pela cirurgia da senhorita Manuelos - uma médica loira vem até nós.

- Como ela está doutora? Ela vai ficar bem? Foi grave? - pergunto afobada

- Calma, a paciente está estável, dormindo ainda devido ao efeito anestésico. Por sorte a bala não atingiu nenhum órgão vital, atingindo superficialmente o fígado. Trouxeram ela a tempo, pois a bala poderia causar a necessidade de um transplante de fígado. Ela ficará aqui por mais alguns dias, em observação. Quando ela acordar está livre para visitas, mas peço que sem muita agitação. Com licença - sai para atender outros pacientes

Me permito respirar um pouco, ela ficará bem, eu sei que vai. Ela me salvou, era pra eu estar na cama de hospital em seu lugar, mas ela me salvou. Sinto uma lágrima de emoção descer por meu rosto. Quero escutar toda a verdade de Cruz, assim que ela estiver bem para isso.

Cruz e Aaliyah: o depois da Operação LionessOnde histórias criam vida. Descubra agora