Dois dias se passaram, faziam dois dias que, mais uma vez, Aurora estava deitada encarando o teto. Mais uma vez, seu sono havia sido roubado por um tal duque de Kent, louco o suficiente para lhe fazer uma proposta como aquela. A porta foi aberta e as criadas de sempre invadiram o quarto, abrindo as cortinas e fazendo a falação animada de toda manhã. Isso fez a filha do barão suspirar ao perceber que mais uma manhã havia chegado sem que ela dormisse um segundo sequer. Após estar devidamente vestida, Aurora saiu do quarto rumando até a sala de chá, onde encontrou sua mãe bordando enquanto o jogo de chá quente e bolo estavam presentes sobre a mesa.
— Bom dia, mamãe! — disse sem muita animação enquanto se sentava no sofá.
— Você está com uma cara péssima! — foi a primeira coisa que Leila disse para a filha, fazendo com que a moça suspirasse no sofá oposto.
— Eu sei... — Aurora murmurou enquanto pegava a xícara com a bebida quente.
A governanta adentrou a sala e anunciou que tinham visitas. Mesmo com o estranhamento presente por ainda ser tão cedo, Leila disse que a mulher que deixasse a tal visita entrar e ela apenas assentiu com a cabeça antes de abandonar a sala. Poucos minutos se passaram antes do homem invadir a sala e fazer Aurora quase se engasgar com o chá. A hora havia chegado, ela teria que dar a resposta a ele e não teria escapatória.
— Vossa graça, a que devo sua ilustre presença tão cedo? — Leila sorria exageradamente para o duque.
— Lady Crawford, é sempre um prazer vê-la! — sorriu para ela e Aurora rolou os olhos com a cena. — Vim visitar a senhorita Aurora.
Ok, mais uma vez ela por pouco não se engasgou com o chá. Sem mais escapatória, ela se levantou e se obrigou a sorrir para ele, quando estava próxima o suficiente para isso.
— Vossa graça, é bom vê-lo novamente. — manteve o sorriso para ele.
— Digo o mesmo para a senhorita. Gostaria de pedir que me acompanhasse em uma caminhada pelo parque.
Aurora, sem saber o que responder, encarou a mãe, que havia voltado para o sofá e agora fingia continuar seu bordado enquanto, na verdade, observava os dois com um sorriso um tanto assustador e cheio de expectativas. Obviamente, Leila fez um sinal para que a filha aceitasse, o que não a deixou chocada. Então, mais uma vez, Aurora suspirou e voltou a encarar o duque.
— É claro, vossa graça, eu adoraria. — disse por fim, se dando por vencida.
Os dois caminhavam pelo parque com os braços dados, enquanto a dama de companhia se mantinha cinco passos atrás, em silêncio. Não que os dois estivessem muito diferentes, já que nenhuma palavra foi dita desde que saíram da casa Crawford, e Aurora não tinha nada do que reclamar daquilo.
— Então... — ele começou, quebrando o silêncio que, para ela, estava ótimo. — Creio que dois dias foram suficientes para a senhorita pensar, certo?
— Sim... eu pensei bastante, acredite. — suspirou, lembrando das duas noites que passou em claro pensando nesse assunto.
— E então...?
— Eu aceito a proposta de vossa graça.
Ela respondeu em um fio de coragem. Aparentemente, o duque não era o único louco ali. Não, definitivamente não. Ela era tão louca quanto ele.
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Sem Medo de Amar
RomanceOs bailes da alta sociedade Inglesa sempre foram o sonho da maioria das debutantes, mas Aurora definitivamente não era uma delas. após dez anos de debut e nenhum pretendente ou um convite para dançar, exceto pelos rapazes que sua mãe praticamente a...