Capítulo 4

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Lando não sabia ao certo por que estava chorando. Imagens de suas primeiras derrotas quando tinha apenas 5 anos surgiam em sua mente, assim como os rostos das outras crianças no topo do pódio, felizes com seus enormes troféus. Ele via imagens de quando conheceu Max, já mais velho e mais alto que ele, ouvia os adultos dizendo que os dois seriam lendas do esporte, que eram prodígios, que seriam campeões um dia. Lando revivia a imagem de Max ganhando seu primeiro campeonato, depois o segundo. Ele via a imagem da primeira vitória de George, de Daniel, de Carlos, e ele sempre como um espectador, assistindo de um degrau abaixo ou pela TV, enquanto aguardava a pesagem pós corrida junto com os outros pilotos. A imagem de seus pais, após assinar com a McLaren, dizendo que ele seria campeão do mundo um dia, com grandes sorrisos, também ecoava em sua mente. E por último, vinha a imagem de Oscar, segurando sua placa de segundo lugar com um sorriso tímido, depois da corrida daquele dia.

Oscar sentiu os ombros de Lando subindo e descendo enquanto ele tentava recuperar o fôlego no meio das lágrimas. Oscar permaneceu ali, com sua mão no ombro de Lando, acariciando-o também nas costas quando percebia que o choro se intensificava. Oscar sabia que não havia muito o que dizer naquele momento. Naquele instante, achava que fazer um discurso agora, com Lando naquele estado, não seria muito benéfico. Lando precisava daquele momento, precisava colocar para fora o que estava sentindo, precisava entrar em contato com todos esses sentimentos que havia escondido por trás de suas risadas e animação.

Nenhum dos dois sabia dizer quanto tempo passaram ali, talvez horas. Lando começou a respirar fundo e se acalmar, endireitou o corpo na cadeira e soltou um suspiro de alívio. Oscar retirou a mão de seu ombro e sorriu para si mesmo ao perceber que seu amigo estava se sentindo melhor agora. Lando se levantou, sentindo-se exausto e precisando descansar para a corrida do dia seguinte. Oscar também se levantou e, ainda um pouco preocupado com Lando, ficou de frente para ele, olhando nos olhos inchados do amigo, questionando internamente se era seguro deixá-lo sozinho até o dia seguinte. Seus olhares se encontraram, e Lando deu um sorriso cansado, de certa forma agradecendo ao companheiro por estar ali com ele naquele momento.

Foi então que Oscar abriu os braços e se aproximou de Lando. Nesse instante, Lando percebeu que precisava de um abraço, talvez precisasse até de um abraço de sua mãe e uma xícara de chá de camomila, mas definitivamente necessitava de um abraço que o acolhesse em meio a todas as emoções que estava sentindo, que validasse seus sentimentos e lhe desse a sensação de que tudo ficaria bem. E Oscar estava ali, de braços abertos.

Os dois se abraçaram por alguns segundos, talvez até mais do que o considerado socialmente aceitável, mas era um abraço sincero e aconchegante, aquecido pela união de seus corpos e molhado pelas lágrimas de Lando. Oscar sussurrou em seu ouvido.

- Não é sua culpa.

- Obrigado - era tudo que Lando conseguiu falar.


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