[3] A lei do desacordo

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#Penelopecharmosinho

As bochechas de Haneul se concentram num tom avermelhado, junto de seus dentes frontais, pressionando o lábio inferior. Não me restam dúvidas de que, de fato, essa pirralha é realmente minha irmã.

Até o meu dente de coelho ela copiou.

Ofegando fundo, penso inúmeras vezes. Se eu disser que sim, ela vai ficar feliz, mas eu serei o prejudicado nisso tudo.

Terei que tirar um cacete de uma foto com o Park.

Reprimindo um bufar, bagunço os cabelos negros de minha irmã, desviando o meu foco dela. Tento disfarçar, mas é bem difícil fingir que não me sentiria desconfortável com a ideia.

Park e eu namorando? De onde essas pessoas tiraram uma maluquice dessas? Nós estamos longe de sermos compatíveis.

E imaginar essa ideia me irrita mais, nós nunca daríamos certo. Em especial, sou uma pessoa que costuma não ligar para nada, enquanto ele provavelmente deve arrancar os cabelos por conta dos comentários.

De qualquer forma, me predisponho a resgatar um pouco do meu papel como irmão mais velho. A gente precisa manter as aparências, não é?

Apesar de ser uma brincadeira fodida e sem sentido, me incomoda o fato de Haneul sofrer por minha causa. Nem posso imaginar os aborrecimentos que ela carrega e, mesmo assim, essa criança — metade adulta — endemoniada precisa de atenção.

— Escuta, Oppa... — sua voz diminui, fazendo o timbre soar adorável. — Eu realmente preciso dessa foto. Por favorzinho!

Remexo nos meus bolsos, procurando a melhor alternativa para me safar dessa encurralada.

Ah, que se foda. A gente só vive uma vez.

— Tudo bem, vou tentar tirar uma foto com aquele colorido lá — digo rabugento, revirando os olhos.

Haneul abraça o meu tronco, enfiando o rosto remendado em mim. Meus braços fazem um movimento involuntário, e eu dou alguns tapinhas calorosos no cabelo poroso de minha irmã. Acho que vou levá-la para cortar o cabelo, ele está bem grande e estranho.

Tenho a especialidade de julgar um pouco as pessoas, e bem, a pirralha deve ter herdado esse meu jeito, seus olhos pretos, desconfiados, escondem um inquérito que provavelmente ela deseja descobrir. Arrancar da minha boca uma desculpa.

— Colorido? Vocês realmente estão namorando?

Dou um sobressalto, arrastando-a para longe de mim, ultrajado. Onde já se viu insinuar uma coisa dessas tantas vezes?

— Porra, tá doidona? — questiono, de olhos fumegantes. — Escuta, eu vou te conseguir a foto, mas nada de ficar falando essas bobeiras. Park e eu não estamos namorando.

Haneul concorda.

— É que você sempre dá apelidos quando gosta de alguém — cantarola. — Mesmo que seja só uma atraçãozinha momentânea.

Paro de respirar, soltando uma mera gargalhada presa. Eu nunca gostaria de alguém tão complexo quanto aquele cara, só de pensar nisso, meus pelos se arrepiam e meu estômago revira.

— Eu não sou assim.

Minha irmã concorda, mantendo a careta irônica no rosto.

— Então tá bom, vai lá tirar a foto com o 'Colorido' — enfatiza a palavra, caçoando de mim.

É por isso que não se pode dar voto de confiança para adolescentes. Uma vez que você oferece algo, vão querer cozinhar o seu fígado. Eu também sempre fui uma peste.

Star(boy) | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora