[7] O principio de Heisenberg

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#Penelopecharmosinho

Ficamos abraçados por um tempo indeterminado.

Indeterminado porque não tive coragem de contar os segundos. Na realidade, se passaram minutos desde que meu colarinho foi pego com tanta brutalidade que pensei que poderia levar um soco no nariz. Eu preferia apanhar e quebrar o nariz, seria melhor do que dividir o meu espaço pessoal com Park, que é meio maníaco quando enfia o nariz no meu pescoço.
Busco me desvencilhar do toque, mas as mãos delicadas e franzinas — as quais eu jamais imaginaria que tinham essa força —, me pressionam ao ponto do aroma francês me incomodar.

Meu nariz coça, e tenho a sutil ideia de espirrar, entretanto, Park me solta no mesmo instante.

Ouço passos anunciando a chegada de alguém, e quase me ajoelho no chão para pedir que seja o motorista dele.

Mas o motorista de Park não pegaria em meu ombro, me faria olhá-lo de soslaio e abriria um sorriso.

Um sorriso tão lindo que me faz desviar os olhos, encontrando outra face aprazível em minha frente. Dessa vez, os dentes desajeitados de Jimin — adoráveis para uma porra —, me chamam atenção.

Mas notá-los não sana a ansiedade do meu peito.

— Não pensei que ia te encontrar aqui — a voz melodiosa exprime, e aparenta estar preocupada — Quanto tempo, Jungkook.

É MinHan.

Jimin desvanece o sorriso, respirando devagar, aguardando uma resposta minha, e eu não dou nenhuma resposta. Não preciso disso.

Ao compreender minha indiferença, não sinto mais o peso de MinHan nos meus ombros. Não sinto nada além da vontade incessante de fugir sem rumo. Eu poderia viajar para Tokyo agora mesmo. Quase tateio o bolso na intenção de ligar para Taehyung sair do estacionamento e me buscar.

Embora me canse rápido de certas situações, também tenho o hábito de fugir quando tudo piora. Como uma válvula de escape.

— Vocês se conhecem? — dessa vez, é Park que exprime.

Viro-me de lado, apenas para divisar o olhar entre os dois. Acabo ficando entre eles, semelhante a um obstáculo. Um empecilho. Talvez até um estorvo.

— Nos conhecemos no ensino médio — MinHan profere.

Ele tenta expressar orgulho, entretanto, o ressentimento sobressai.

Dessa forma, para evitar mais aborrecimentos, decido dar início ao ponto final dessa conversa.

— Nunca nos conhecemos — redargo ávido, ajeitando a postura para enfatizar: — Você nunca me conheceu.

Quero fugir.

Quero passar por todas as estações do ano. Desejo voltar somente daqui sete anos; dizem que não há mal nenhum que ultrapasse sete anos, e espero que seja verdade. Esse mal é prejudicial à minha saúde, tão prejudicial que o amargor retorna em meus lábios.

Acho que vou vomitar.

Quando abaixo meus ombros e decido sair do encalço dos dois homens parados, com seus rostos atônitos e, provavelmente nutrindo as mesmas perspectivas que meus professores tinham sobre o meu jeito bárbaro de lidar com as coisas, minha nuca é dedilhada por Park.
Ele me segura por ela, como se estivesse me guiando, mas desliza os dedos finos por minha vértebra.

E, exalando a gentileza filha da puta enraizada no rabo dele, Jimin desliza seus dígitos mais para baixo, chegando à minha cintura. Sinto seu leve empurro, me direcionando até o meio fio.

Não gosto de ser guiado. Tenho a sensação de que minhas escolhas são jogadas para a merda, mas, nesse caso, sou grato por essa merdice. Eu não teria me movido se Park não tivesse me empurrado. Sou um tanto medíocre por isso.

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⏰ Última atualização: Oct 11 ⏰

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