[6] A lei da Entropia

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#Penelopecharmosinho

Quando eu era moleque, odiava qualquer coisa que me fizesse parar por instantes e ver o tempo passar diante dos meus olhos. Odiava sentar a bunda na cadeira do colégio, escutar meu professor dizer algumas merdas como: "Estudar metafísica é um dos melhores pilares para entender os relacionamentos humanos". Naquela época, eu sentia meus nervos duplicarem de tamanho quando era pego desenhando carros no caderno, e às vezes, umas caricaturas do professor. Ele sempre dizia que eu era sinônimo de desordem. Que eu variava de humor constantemente.

E, de fato, eu era um pirralho desgraçado. Daqueles que pareciam fazer cursinho para aprender a arte do tormento.

Mas, entre todos meus dias de pirralho atormentado, existiu um dia específico que o professor Hansol conseguiu prender minha atenção por horas. O dia que decidiu dar sua aula de termodinâmica e introduzir conceitos novos e, naquele dia, meu coração bateu mais rápido do que o normal.

A simulação de um ataque cardíaco teve como alavanca o conceito da Entropia.

Naquele momento, entendi que quanto maior a variação de um sistema, maior seria sua desordem.

Naquele momento, a Entropia era eu, e eu era um conceito que estava sendo apresentado para a sala toda. Sem escrúpulos.

Me lembro de tirar dez na primeira prova bimestral da matéria, me lembro dos olhos fundos do meu pai pronunciarem que eu não era um caso totalmente perdido. Na realidade, nunca fui.

Também me lembro de ter sido expulso. De limpar as mãos sujas de sangue no lavatório do banheiro, de enxugar as lágrimas no fundo do peito e arcar com toda desordem que não era minha. Naquela vez.

Naquela vez, depois de tantas confusões, saí de supercílio cortado, as mãos machucadas, com um olho roxo e de coração consumido pela mágoa. Lembro de pensar que nunca mais me meteria numa desordem igual.

Entretanto, sou entrópico demais para seguir esse conselho. Gosto de variar, de desordenar e viver na adrenalina de existir.

— Perdeu, babaca — Taehyung diz, enfiando uma almofada na minha cara.

E eu o chuto, fazendo meu controle cair no chão.

— Porra, você é um cuzão — o respondo, revirando os olhos.

O maldito recolhe o controle que caiu, enfiando a mão no balde de pipoca que permanece na mesa de centro da sala. O observo encher a boca de pipoca, mastigando enquanto fala:

Ele tem uma boca 'goxtosha de 'beijchar — me imita com a boca cheia, gargalhando maldoso. — Quem é o cuzão agora?

Ah, o que posso dizer a não ser que a maldita entrevista se tornou um dos tópicos mais comentados do mundo todo? Títulos de matérias como: O casal mais fervoroso de toda Coreia, Minggukie se assume, e por último — esse é o pior — Jeon Jungkook assume relacionamento com Park Jimin, demonstrando que os rumores sobre as múltiplas personalidades dele são reais.

A matéria da última revista foi processada. Sei que não faz sentido namorar a pessoa que falei mal, que inclusive detonei em minhas lives, mas os seres humanos são hipócritas.

Posso mudar de ideia às vezes e ser variável.

— Só tô fazendo isso por dinheiro — o respondo, me inclinando para pegar a latinha de refrigerante no centro da mesa.

Taehyung faz uma careta, dizendo internamente que não é verdade. Que talvez tenha uma razão por trás disso, mas não existe. Nessa coisa eu não vario.

Star(boy) | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora