[2] A lei da atração

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#PenelopeCharmosinho

Às vezes atitudes mínimas podem ocasionar problemas. Às vezes, as pessoas que ocasionam esses problemas, não estão a par do que fizeram. Não ligam se a situação aperta, e sempre há um motivo; não são eles que pagam pelo erro. Confesso que já fui uma dessas pessoas erráticas, já semeei caos na vida de outros corredores, mas depois da última noite, eu é que estou na jogada de pagar pelo o que não devo. Cometi um deslize na pista após três anos. Eu nunca tinha perdido, nunca tinha deixado sequer uma alma viva posicionar-se na minha frente.

Chega a ser ultrajante admitir isso. Admitir que meu ego foi amassado.

Pelo menos reconheço.

E é nesse reconhecimento que minha sobrancelha arqueia quando me dou conta de que Taehyung abre uma caixa, evidenciando uma bota branca. Há algo similar no sapato, e eu fico parado, pensando no quê exatamente ela recorda. Cruzo os braços, soltando um pigarro no mesmo instante que ele se senta no meu sofá, sorrindo para mim.

É a mesma bota que Park usou na corrida.

— Tá todo mundo falando que você perdeu feio — ele diz, expondo sua opinião nada singela. — E que essas belezinhas dão sorte — Levanta a caixa na minha direção.

Que porra, não acredito que terei que admitir.

— Elas não dão sorte. Aquele Park é bom.

— Aquele Park... — me imita, ficando horrorizado. — Espera, você admitindo que alguém é melhor do que você? Tá chapado?

Suspiro fundo, esfregando as mãos na minha calça de couro e ajeitando meus anéis para não olhá-lo.

— Não tô, faz um mês que parei.

— Você me enche de orgulho, Jungkook. — Manda um beijo no ar para mim e eu o retribuo pegando no meu pau por cima da calça. — Talvez nem tanto. Seu nojento.

Tomo a caixa dele, vendo um bilhete escrito com uma caligrafia bonita. Quase como um autógrafo.

Meu melhor amigo pediu um autógrafo para o cara que competiu comigo, e que de quebra, me venceu sem esforço nenhum. O cheiro cítrico da bota denuncia que além do autógrafo, o novato borrifou um de seus perfumes caros, recordando-me do outro irritante Park Jimin. Não sei qual é o motivo, mas ambos despertam minha cólera e o súbito desejo de mandar tudo para o caralho.

Mesmo quando lutava na rua, sem estar dentro de um automóvel, eu ganhava. Mesmo quando eu não sentia mais o meu nariz, enquanto as veias se arrebentavam e o sangue jorrava para fora, jamais conseguia pensar em outra coisa a não ser a minha vitória. E eu sempre vencia.

De braço quebrado, punho arrebentado, era eu. Sempre.

Nunca refleti sobre perder. Derrota é uma palavra extinta do meu vocabulário, um estorvo no meu ninho de palavras.

— Ei, você sabe que eu realmente me orgulho de você, né?

A voz de Taehyung ecoa no fundo dos meus tímpanos, tirando todos os meus devaneios, e percebo que eu estou ficando alheio em tudo que me rodeia.

— Eu sei, mas também foi babaquice me deixar sozinho caindo na lábia do Namjoon. Você é meu agente, deveria ter ido — falo fechando a caixa e jogando-a no sofá. — E aquele Park Jimin cheio de implicância para o meu lado...

— Gosto da audácia dele, ele fica mais gostoso. — Dou um chute na canela dele, dizendo indiretamente para tomar seus sentidos de volta. — Ai! Que foi?

— Ele ficaria gostoso se soubesse dirigir que nem o Park — pontuo, tomando minha vitamina disposta no mármore da cozinha.

Escuto um som de risada do vagabundo, provavelmente já captando os meus próximos passos. Ainda estou furioso pela derrota, mas não é como se fosse ignorar o meu aspecto de patife, o qual percorre pelas minhas veias, sem ao menos tirar um pouco de proveito da situação.

Star(boy) | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora