02 de maio de 2022
Somente agora percebi onde estávamos, em uma encruzilhada de trilhas na floresta mais ao norte da cidade, o lugar onde escutei palavras que saíram do ponto mais frágil e íntimos de um amigo.
05 de maio de 2000
— Chega mãe! Eu não fiz isso!
— Então quem foi?
— Eu já falei que não sei!- Nós estávamos brigando desde antes do sol se por, e agora se passava das 20:00, motivo? Aparente mente alguém quebrou um vaso de flores caro na sala da direção, só que entrei nela e já o encontrei quebrado, porém todos estão dizendo que fui eu; mesmo não tendo sido.
— Marina, nós somos os seus pais, você pode sempre contar com a gente- Meu pai fala finalmente dizendo algo que não seja "se acalmem" ou algo do gênero- Filha, se você fez algo, pode contar para a gente, somos seus pais, você tem que confiar em nos...
— Até você pai?- Olho para ele, isso realmente me magoou de uma maneira horrível, eu já havia falado tantas vezes que não derrubei ou quebrei propositalmente o vaso, mas ainda assim eles continuam falando que fui eu. Olho para meu pai com lagrimas nos olhos e saio pela porta seguindo, sem nem se quer olhar para onde. Só percebo que estou muito longe quando a luz se torna escassa, a lua sendo minha única iluminação e as altas e grande arvores consomem toda a civilização que até então me rodeava, somente esculto ruídos e barulhos de carros ou eletrodomésticos longínquos, até que um barulho se destaca dentre os outros, um barulho que sei de cór, os sons dos passos dele; Ethan.
Olho para trás, então vejo o próprio seguindo a trilha em minha direção.
— Boa noite, Ethan- falo quando percebo que o mesmo está tão imerso em seus próprios pensamentos que nem percebeu minha presença.
— Marina?- O mesmo finalmente nota minha presença e se aproxima a passo largos- O que você está fazendo aqui sozinha?- Ele tira seu casaco, fazendo com que, só então, vejo que está com uma camisa de mangas longas por baixo, e me entrega logo depois me fazendo a vestir- A noite está fria e muitos escura, só por que você conhece o caminho não quer dizer que possa andar por aí assim a noite, além de ser perigoso você pode acabar ficando doente.
— Você também está na mesma situação que eu.
— Eu sou um homem.
— E eu sou uma mulher.
— Você me entendeu.
Começo a caminhar seguindo em frete pela trilha, o mesmo começa a me acompanhar em silêncio.
— O que aconteceu?- Me questiona
— Briguei com a minha mãe- Respiro fundo, sentindo o ar frio entrando em meus pulmões e esfriando meu sangue, quase que automaticamente me acalmando- E com o meu pai.
— Com seu pai?- Ele questiona- Vocês nunca brigam por nada.
— Por que você faltou hoje?-Mudo de assunto
— Não acordei na hora...- Ele hesita- Passei a maioria da noite conversando com meu primo e minha tia.
— Não sabia que eles tinha vindo para cá.
— Eles não vieram- começa a andar ao meu lado- Só falei com eles por telefone
— Aconteceu alguma coisa?- Olho em direção a seu rosto
— Você está disposta a escutar um pouco sobre minha vida, antes de vir para cá?
— Claro- Digo sem nem pensar muito- Você sempre me escuta quando preciso
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Um Assassinato Esquecido (Concluído)
De TodoDe todas as maneiras possíveis, a verdade sempre vem a tona, mesmo que demore dias, meses ou anos, e quando ela chega, te arrebata como um furacão depois da calmaria, e quando você menos espera, te afoga em um turbilhão de tristezas e arrependimento...