Capítulo 11

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03 de maio de 2022

Os sons ficavam cada vez mais altos, as sirenes dos carros da polícia invadiam meus pensamentos me deixando completamente perdida e atordoada, eu estava inerte, não podia mexer nem se quer um dedo, meu corpo não estava mais sobre meu controle, os olhares de pena me destroçavam de dentro para fora, me tirando a paz e a alegria, e então, a cena mudou. Eu andava pelos corredores da escola, vários rostos conhecidos, dos quais tenho memórias de sorrisos e gargalhadas, agora, me olham com desprezo, nojo, pena e até medo.

Sinto o vento frio me consumir quando corro, corro e corro, sem saber a direção, até chegar naquele lugar, as árvores novamente cobrem completamente a luz escassa da lua, me deixando em uma completa e vazia escuridão. O medo toma conta de meu corpo quando sinto o toque de uma mão fria em minhas costas, um tremor percorre meu corpo, impedindo-me de me mover.

— Marina...- Uma voz me chama, eu a conheço, e quero segui-la, mas o medo me agarra, me impedindo de sequer respirar

Tento me mover, mas é como se meus músculos estivessem tão pesados que não consigo erguê-los

— Marina... abra os olho!- Sinto um toque novamente, dessa vez mais calmo, quente e reconfortante- Por favor...

Finalmente consigo me mover, quase como se as correntes que me mantinham presa ao chão tivessem se quebrado e me libertado. Corro, simplesmente continuo a correr como se minha vida dependesse disso.

— Acorda Marina- Sinto as mesmas mãos de antes agora me entornando por completo, um abraço quente e reconfortante, me fazendo fechar meus olho- Pode abrir os olhos... está tudo bem...

Os sussurros em meu ouvido fazem minha pele se arrepiar, me fazendo abrir instintivamente os olhos e encarar a escuridão de meu quarto, sendo anulada somente pelo meu abajur e a luz da lua passando pela minha janela, que muito provavelmente esqueci de fechar antes de dormir.

— Tudo bem?- Escuto a mesma voz de antes, me encontrando um rosto conhecido

— Antone?- O encaro sentindo suas mãos ainda me segurando, só então vejo que os travesseiros e lenções estão completamente jogados e revirados pelo carpete do chão.

Oi...-Ele acaricia meu cabelo, sinto seus dedos dividindo as mechas e as passando por entre eles- Está tudo bem?

— Acho que sim- Digo confirmando com a cabeça- Eu fiz muito barulho?

— Não, na verdade, eu nem teria escoltado caso não tivesse passando em frente a seu quarto para ir lá em baixo.

— Pelo menos dessa vez eu continuo em minha cama.

— Com quanta frequência isso ocorre?

— Os pesadelos?- Ele confirma com a cabeça- Quando eu era mais nova aconteciam quase todas as noites, mas com o tempo parou, na verdade, era quase um evento acontecer isso nos últimos anos, mas há cerca de um mês voltou a ser ridiculamente frequente.

— Sinto muito

— Não sinta, não é culpa sua- Respiro fundo, puxando todo o ar que posso para preencher meus pulmões- Na verdade, isso nem é uma coisa tão séria assim

— Como assim, não é séria?- Ele diz ficando muito mais sombrio- Você estava se contorcendo enquanto chorava e implorava por ajuda, como isso pode não ser nada de mais?

— Eu me acostumei com isso a muitos anos Antone, não precisa se preocupar, assim que eu for embora dessa cidade as coisas vão se acalmar e tudo vai ficar bem.

— Nós dois precisamos falar sobre isso uma hora ou outra Marina- Sei que ele está falando muito seriamente, afinal, o mesmo raramente me chama de marina.

Um Assassinato Esquecido  (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora