Capítulo 5 - Amazonas amaldiçoadas.

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Aya estava num momento de tensão, entre duas criaturas imensas. Segurando apenas sua lâmina. O clima era úmido e frio. O solo estava molhado pq havia chovido anteriormente. Teria que tomar cuidado pois estava escorregadio. A lama dificultava em muito sua locomoção, e nem um pouco a das criatura que a caçava naquela noite. Eram enormes e, mais velozes do que já havia visto até aquele momento. Seu coração pulsava rápido, dilatando toda a circulação, sua mente processava tudo aquilo como a chama devora uma cabana de carvalho depois de jogar querosene por toda parte. Sua respiração parecia não caber dentro de seus pulmões, eles ardiam o tempo todo, e seu corpo em pura adrenalina correndo pela sua vida. Ela estava os deixando para trás, estava começando a se sentir aliviada, até que sentiu seu corpo arrepiar mais uma vez.

O monstro saltou em sua frente. Ela parou subitamente, segurou firme a espada. Não poderia fugir, não com ele tão perto. Sua única saída seria matá-lo. Ela sussurrou o encantamento da espada e olhou firme em seus olhos brilhantes. Ela não iria errar de novo. Ele ergueu suas garras em sua direção, se lançando sobre ela, soltando um rugido horrível. Aya desvia em um rodopio, golpeando o monstro pela lateral, sua lâmina reluzente ultrapassa seu corpo como uma lâmina ardente atravessa o gelo fino. Alí ele se desfez.

Ela se vira para trás à espera das suas próximas presas. Eles a caçavam como loucos, mas agora ela estava a caçá-los. Ela os olhava com olhos de caçador, com desejo de destruir-los. Ela empunha a espada, bem aprumada. Estava tão empolgada que quase ria. Então se lembrou das palavras de sua mestra, " Não deixe que a vontade de matar a seduza, respire, controle-se!" Ela respirou fundo, tentou esconder de si mesma o entusiasmo, mas falhou, já sabia todos os passos, de todas as vezes que reviveu aquela batalha. Sempre se empolgava com os passos que agora só ela conseguiria fazer em uma batalha contra 3 monstros. Ela sabia exatamente os mínimos detalhes daquela dança e inventava maneiras novas de matá-los. O primeiro viria pela direita, saltaria pela escuridão na altura de sua cabeça. E o segundo pela frente, vamos se dizer assim, pelas 12 horas. E o primeiro pelas 8 horas. Mas tinha algo ali que não era igual, talvez era só uma memória se ligando a outra, ou uma presença real. Uma esfera negra, que chamava pelo seu nome, e dizia ser o seu próprio. " Eu a garota das chamas, eu..." e logo foi engolida por uma paranóia, não conseguia processar, não conseguia entender, não conseguia acordar.

Havia uma menina meio ruiva e meio morena, uma criança abençoada pelo sol e pela lua, observava Aya dançar ferozmente no meio da floresta. Sua lâmina brilhava como o sol refletido na água. A jovem garota estava encantada, mas Aya aquietou-se, curvou-se sobre seu próprio corpo e gritou.

— Não! Não! – Seu corpo incendiou e se apagou no mesmo instante.

...

Aya não sabia mais onde estava, estava perdida no meio de uma floresta densa. Começou a caminhar para frente tentando se situar, sua mente parecia turva, se lembrava nitidamente apenas de deixar o templo sozinha, e mais nada.

Algumas árvores balançam com a força do vento, chacoalhando-se, solitário, era o único som que se ouvia ali, além do próprio vento e de Aya empurrando as enormes folhas e inúmeras plantas pelo caminho. Tentando passar pelo terreno um pouco irregular, se apoiou em uma rocha que tinha uma textura estranha, então analisou, afastou as plantas que cresciam ao redor da rocha e viu afeições, nariz, olhos arregalados, assustados, cabelos cacheados. E três triângulos marcados no braço direito. Uma arqueira. Pelo tamanho, aprendiz. Uma criança.

Aya arregalou os olhos e sentiu o coração acelerar. Não era bom sinal.

Alguns amigos de seus gostavam desses contos cruéis, a algum tempo, muito tempo atrás, havia um povo isolado do reino, eles eram povo neutro entre as guerras, entre o Sol e o Caos. Sempre ajudavam a todos, tinham as melhores técnicas de cura, as mais poderosas, e todo o povo era forte, forte de verdade, eram o menor exército do mundo em números, comparado aos exércitos dos guardiões, mas eram os mais bem preparados, todos sabiam lutar, mulheres, crianças e homens. Mas algum tipo de acidente aconteceu. Disseram que uma menina gananciosa, amaldiçoou com inveja, e então foi o desastre. As meninas foram transformadas em pedras, os homens em árvores, e as mulheres em uma espécie de árvores com vida.

A Relíquia Dos Guardiões - A CaçadaOnde histórias criam vida. Descubra agora