Capítulo 4 - Invasão a terra Migari

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Desperto – Parte 1

Os olhos bem abertos, coração acelerado, os pulmões ardiam, parecia que o ar não cabia dentro do peito, a terra tremia e eu não podia voltar.

A minha cabaça estava focada no rosto da minha mãe preocupada tentando parecer forte, me mandando correr sem olhar para trás, para além do rio. E eu estava correndo, sem parar, as minhas pernas ardiam. Tanto quanto o vento perfurava os meus pulmões. Não pare, não olha para trás, não volta! Ainda podia sentir a mão de Nanaru segurar firme a minha enquanto corríamos juntas, e eu também podia ver o rosto dela em desespero gritando para eu correr, eu ainda vejo a sua pele que rapidamente se tornou um cinza frio, o seu cabelo preto balançado se tornou rígido e sem brilho, e o calor de seus olhos castanhos intensos foram apagados em instantes. Correr, correr, não olhar para trás, não olhar para Nanaru, continuar a correr...

Ainda podia ver os seus olhos castanhos sobre mim através da grama alta. Eu estava sozinha.

Senti meu corpo ser lançado ao chão. Mamãe ainda estava lá e o papai também. Meus pulmões ardiam ainda mais, o meu corpo estava cansado e tremendo, meu rosto estava no chão e eu estava frustrada, as lagrimas rolavam o meu rosto até a terra, eu gritei, senti todo o som cortante que nasceu da minha alma desesperada, sair pela minha garganta e me rasgar por inteira, Eu tinha que voltar, não podia deixá-los para trás, mesmo que eu não soubesse lutar tinha que fazer algo além de correr para longe.

Eu ergui meus olhos, e lá estava, uma mulher de vestido branco, tão esvoaçante quanto os seus cabelos cacheados, ela caminhava sobre a grama e não machucava uma folha se quer, seu rosto parecia gentil.

- Retorne agora! – sua voz era forte e mansa, mas carregava uma autoridade – seu lugar é entre os fortes, não correndo entre os covardes. Retorne e me leve a eles.

Seu cabelo se unificou em uma nuvem negra, e seus olhos relampejavam, em sua mão direita segurava uma arma de cabo longo, que vinha do topo da cabeça até o chão e tinha uma lamina curvada que era tão polida que podíamos ver as nossas almas refletidas nela. Sentado atras dela tinha uma enorme fera.

- Ela não chegará a tempo. – Uma garota de cabelos brancos e pele pálida surgiu das sombras

- Corra criança, corra de volta para o seu povo

Quando ela falou "corra" a segunda vez meus pés já estavam distantes, a minha mente só conseguia pensar em estar com o meu povo.

"A criança abençoada pelo sol e pela lua."

As minhas pernas se moviam como nunca antes, numa velocidade sem igual, não sentia mais nada além do vento me atravessando, senti que fosse voar. Quando notei a fera, corria ao meu lado, eletrizante, era como um aspecto, mais parecia tão real quanto os tremores que ficavam mais fortes a cada segundo. E comecei a temer mais uma vez de que não conseguiria fazer nada ou que já fosse tarde demais. Mas a fera tinha um olhar motivador.

" eu estarei com você nessa batalha, e na maior também."

"desperte criança, desperte!"

A Relíquia Dos Guardiões - A CaçadaOnde histórias criam vida. Descubra agora