Capítulo 6 - Rachando.

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— Então... Onde estamos? – Aya questiona confusa.

"É um pouco difícil de explicar" Dara levou a mão direita a altura do queixo e repousou o dedo indicador sobre ele, ela caminhava vagarosamente enquanto procurava uma forma de explicar onde estavam. "Então... Estamos em um plano que fica entre o material e o espiritual"

— Como assim?

"Pense nos planos como camadas. A de baixo é o plano material e em cima é a camada espiritual. Nós estamos numa camada fina que fica entre elas. É meio que a que separa as duas camadas para que não se misturem e causa o desequilíbrio mágico que engoliria tudo"

— Entendi. – Aya parecia confusa. — Mas... Quem descobriu esse lugar? Quem mais sabe disso aqui?

"Meio que ninguém sabe, por isso moramos aqui. É bem tranquilo. E quem descobriu foi eu" ela sorriu para mostrando bem os dentes certinhos e em consequências seus olhos se transformaram em apenas duas linhas meio curvadas.

— Não, eu não acredito não! – Aya deu um empurrãozinho nela com o cotovelo – e principalmente depois desse seu sorriso.

As duas riram, enquanto desciam alguns degraus da trilha de pedras brancas.

"Se você não acredita, tudo bem!"

— Não acredito mesmo, você parece muito novinha pra ter esse poder todo.

Dara riu novamente, Aya parecia à vontade com Dara, e determinada a aprender a magia que todos podiam manipular e ela não.

Mas o silêncio se instalou entre as duas e Dara ousou quebrar o gelo.

"Aqui até que não é ruim pra se viver" ela levanta seus olhos para o céu púrpura e sem estrelas.

— Se ninguém pode vir até aqui, porque não ficam aqui? Porque voltam ao mundo material?

" Seria até bom, mas todas nós estamos ancoradas ao plano material"

— Pelo o que?

Dara abaixou os olhos em direção aos pés descalços, e memórias doloridas vieram à tona.

" Pelas pessoas que amamos, e não conseguimos salvar" Dara encara as mãos" Eu sei que ainda estão vivas" leva as mãos ao peito e fecha os olhos "Eu sinto, cada uma delas, cada alma vívida e calorosa, todas as auras coloridas, que estão esperando o dia de enxergarem o sol".

"...Não podemos deixá-los para trás" abriu os olhos e encarou o céu púrpura.

Dara ainda podia sentir o gosto amargo de ver Nanaru gritando seu nome enquanto a luz deixava seu corpo. Ainda podia se ver perdida naquela floresta, correndo, se sentindo incapaz de salvar seu povo.

— Eu... sinto muito.

"Todos nós já sentimos, mas depois de tantas décadas não sentimos mais. Encontramos uma esperança" ela sorriu, segurou a mão de Aya com os olhos esperançosos. "Aya, você é a esperança, o caminho que vai salvar o meu povo, você pode não acreditar em você mesma, mas eu acredito em você"

—... Dara... – Aya não estava muito certa do que ela disse, na verdade nem um pouco e Dara notou que, talvez, tenha falado demais.

Caminharam silenciosamente até Aya resolver quebrar o silêncio, com uma pergunta sem o mínino de sentido.

— Décadas?– Aya parou de caminhar e segurou o pulso de Dara que apenas se virou-se para ela e riu de novo, não demorou muito, começou a caminhar depressa. — Como assim!? Quantos anos você tem, garota?

Dara virou de frente para Aya e colocou o dedo indicador sobre o sorriso.

— Shii – ela sorri brincalhona, andando de costas. E logo virou-se para frente e começou a se distanciar caminhando depressa.

Ela se sentia um pouco aliviada, por Aya não se recusar a ajudar, mas um pouco apreensiva por não ter dito nada.

—Dara! Volta!– Aya começou a caminhar depressa também — Ou melhor, me espera!

A Relíquia Dos Guardiões - A CaçadaOnde histórias criam vida. Descubra agora