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Observava de longe os detentos no pátio, Barão estava sentado, sorria levemente com as brincadeiras de seus amigos de cela, era a primeira vez que eu o via sorrir em um mês.

- Você deve ser Jimin.

Sai de meu transe com uma voz feminina ao meu lado, olhei para a esquerda vendo uma loira alta e elegante pondo café para si.

- Em que posso lhe ajudar?

- Em nada, querida. - sorriu ríspida - você tomou um dos meus pacientes, na verdade, um dos melhores - mordeu os lábios olhando para Barão.

- Como?

- Saiba que aqui, só existe uma melhor, e sou eu, Lídia Barcelos - disse séria voltando seu olhar para mim.

Assistir a mulher saindo da sala de descanso me deixando incrédula para trás.

15:08

Abri o caderno de anotações de Barão, o homem assistia cada movimento meu com total atenção, parecia me gravar.

- Barão, como era a sua rotina antes de entrar para o crime, antes de começar a carregar o fardo de ser dono de dois morros?

- Era mó perrengue - suspirou olhando para as mãos - tu num faz ideia do que passei pô, depois que minha coroa morreu, minha tia cuidou de mim, era mó parada ver todo dia um macho diferente em casa - disse ficando irritado - demorei pra caralho pra entender que minha tia era puta.

- Você quis dizer prostituta?

- Num dá no mermo?

Mordi os lábios para não prolongar uma conversa desnecessária.

- Você tem raiva, Barão?

- Du que?

- De tudo. - falei ajeitando meu óculos - de tudo o que já passou e o que passa.

- Pra caralho - afirmou olhando para o teto - a firma é ossada morena - disse me deixando corada pelo apelido que, apesar de eu ter falado para ele não se dirigir a mim assim, ele insisti - nós é bandido, mas a vida lá fora é totalmente diferente pô, gosto pra caralho do luxo, de dinheiro, de comida boa, de buceta a rodo! mas só Deus sabe como tá a mente do palhaço.

Fiquei escutando tudo com atenção, a voz de Barão era calma apesar de ser carregada de gírias, e surpreendentemente, descobri amar escutar sua voz e suas histórias.

- Acredito que "a mente do palhaço" seja a sua - disse anotando até escutar uma risadinha, o olhei por cima do óculos sorrindo mínimo - então me conte; como está a sua mente?

- Tá do caralho.

Revirei os olhos enquanto retirava meus óculos, Barão não sabe se expressar, e isso para mim era torturante.

- Explica.

- Já expliquei.

- Barão... - o repreendi fazendo ele bufar emburrado.

- Pô, num durmo direito faz um mês - disse passando as mãos algemadas no rosto - quando durmo, tenho pesadelo.

- Pesadelo das vidas que você tirou?

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