O breu, um lugar onde as piores e mais cruéis criaturas habitam, e entre eles, havia um pequeno ser deprimido e deixado para apodrecer. A criatura estava lá a muitas eras, tanto que já perdera a noção do próprio tempo e espaço ao seu redor, seu corpo já se adequara ao chão e as paredes gélidas da montanha, suas narinas há muito já havia perdido a função de distinguir odores.
Ele se perdeu em meio a toda angústia e a solidão, a pequena criatura desaprenderá a falar sua língua materna, e até mesmo a língua do mundo na qual agora vivia. Por se recusar a se mover, seus músculos estavam se atrofiando, ele estava terminando por perder quaisquer sentido que ainda lhe restava. Um nó se enrosca em sua garganta, e então, a pobre criatura se permite fazer aquilo que ainda seu corpo era capaz de fazer.
Lágrimas corriam em seu rosto, estava ainda mais difícil de respirar agora que suas narinas se fecharam, e junto a isso, ele se pois a soluçar escondendo com vergonha o rosto com as palmas das mãos. Será que o mesmo finalmente se entregaria a insanidade? Sua mente era um carrossel de emoções.
— Oh Mãe, tenha piedade desta alma fútil que não tem nada a lhe oferecer em troca de perdão, mas por favor...— Suas súplicas eram arrastadas e quase indecifráveis, a pobre criatura recolheu suas esperanças e respirou fundo antes de prosseguir – Por favor, me ajude Mãe...
Diante a tanto desespero, uma grande dor percorreu todo o seu corpo, algo muito forte, ele retirou a mão de seu rosto e foi quando viu um pequeno feixe de luz em sua cela, não havia como isso acontecer, não naquele lugar. O brilho era fascinante, era quente e aconchegante, se aproximar, sim ele deveria se aproximar, era o que aquela faísca clamava para ele:
— Venha, toque-me — A voz era como um sussurro vindo do além.
Um medo se alastrou pela sua alma, mas junto dela, veio a esperança, que fora forte o suficiente para que ele se movesse com seu corpo fraco, o que lhe causou uma dor terrível. Porém, ele não desistiu, arrastou seu corpo até aquele freixo de esperança finalmente conseguindo chegar até lá, o ser ergueu sua mão até a pequena luz dourada, ele chegou a duvidar de sua escolha, assim recuando um pouco a pequena mão suja com uma poeira grossa, mas ele não havia nada a perder, então ele a tocou.
A criatura se viu novamente em escuridão, mas havia algo, não, havia alguma coisa fora do normal, o chão agora parecia um pouco macio e molhado, foi quando se deu conta que seus olhos estavam fechados, era tudo um sonho afinal? Ele então abriu suas pálpebras, e olhou ao redor.
— Onde estou? – Saiu sua voz falha e tortuosa que a muito não era usada.
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Corte de Chamas e Fumaça
FanfictieDuas almas entrelaçadas pelo mesmo destino cruel agora se reencontram para mudar o percurso na qual foram obrigados a trilhar. A filha do fogo, criada e moldada para matar. O filho da escuridão, roubado e sepultado para morrer. O que o...